A Morte de Mickey

Capítulo 1 – Lothrien

A Morte de Mickey

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A figura sombria caiu de joelhos, seu corpo tremendo enquanto a vida se esvaía rapidamente. Com um último olhar de desafio, seus olhos brancos fixaram-se em Shigure. Um sorriso fraco e quase debochado formou-se em seus lábios ensanguentados.

— Vocês… perderam…

E então, seu corpo começou a se dissolver. Primeiramente, pequenas fissuras negras se espalharam por sua pele, como vidro rachado prestes a estilhaçar. Então, em um instante, ele explodiu em sombras e cinzas, dissipando-se no ar. O silêncio que se seguiu foi pesado.

Shigure permaneceu imóvel por alguns segundos, sua lâmina ainda empunhada, esperando… Mas algo estava errado. Ele não sentia a satisfação de uma vitória, não sentia a energia vital do inimigo esvaindo-se no ar como era de se esperar. Foi então que seu olhar se voltou para Mickey.

O brutamontes ainda estava de joelhos, ofegante, segurando o próprio estômago onde o golpe do inimigo havia perfurado. Sangue escorria livremente por entre seus dedos. Sua respiração estava fraca.

— Ei… Mickey… — Shigure deu um passo hesitante.

Mickey ergueu a cabeça, sorrindo levemente. Seus dentes estavam tingidos de vermelho.

— Ele… foi um desgraçado forte, hein? — Sua voz saiu rouca, mas ainda carregava seu tom brincalhão.

Shigure sentiu um peso esmagador no peito. Ele já havia visto essa cena inúmeras vezes no campo de batalha. A postura de alguém que não sobreviveria muito mais tempo.

— Mickey… Você vai ficar bem. Vamos achar um curandeiro.

Mickey riu, cuspindo mais sangue no chão.

— Shigure… — Seus olhos escuros se fixaram no amigo, e pela primeira vez, havia algo diferente neles. Serenidade. Aceitação. — Não perca tempo comigo…

— Cale a boca. — Shigure avançou, segurando o ombro dele. O sangue quente de Mickey manchou suas mãos. — Você vai aguentar.

Mickey soltou um suspiro profundo, sua força esvaindo-se rapidamente.

— Não… Eu já sei. Não vai dar…

Seu corpo estremeceu. Seus músculos, antes firmes e inquebrantáveis, estavam agora fracos. Sua pele começava a perder a cor. Mas, mesmo assim, ele ainda sorria.

— Mas… eu segurei ele o máximo que pude… Certo…?

Shigure sentiu os próprios punhos apertarem com raiva. Ele queria dizer algo. Queria negar. Queria prometer que salvaria Mickey. Mas a verdade era cruel. O sangue já formava uma poça ao redor dele.

— Eu sempre quis… uma luta dessas… — Mickey sussurrou, seu olhar ficando vidrado. — Uma que valesse a pena…

Shigure trincou os dentes.

— Essa luta não valeu a pena…

Mas Mickey não respondeu. Seu corpo finalmente relaxou, seu peso desabando nos braços de Shigure. Seus olhos se fixaram no nada. Seu peito parou de subir e descer.

Mickey estava morto.

O silêncio da praça tornou-se ensurdecedor.

Shigure fechou os olhos por um momento, sentindo a raiva crescer dentro de si. Seu amigo… seu companheiro de batalha… havia morrido.

E então, o choque veio.

Se fosse realmente o inimigo verdadeiro, Mickey não teria morrido em vão. Mas…

Shigure abriu os olhos, e a fúria tomou conta de seu rosto.

— Um clone… — Ele murmurou.

Se o inimigo que eles enfrentaram era apenas um clone, onde estava o verdadeiro?

Foi então que ele percebeu. O sorriso no rosto da figura sombria antes de desaparecer. Não era um sorriso de derrota. Era um sorriso de vitória.

Shigure olhou ao redor, sentindo seu coração acelerar. Seu instinto gritava uma verdade que ele não queria aceitar.

O verdadeiro inimigo nunca esteve ali.

E então, como se para confirmar seus piores temores, uma onda de energia negra percorreu o horizonte, vinda do norte.

Shigure sentiu o impacto dessa energia, como uma adaga perfurando sua mente. Seus olhos se arregalaram.

— Não…

A vila dos Tsubaki.

Aquele desgraçado estava indo para lá.

A vila não era apenas a casa do clã Tsubaki, mas também de outros clãs importantes, como os Honō e os Ryuumi. Centenas de pessoas inocentes estavam lá.

E se ele estava indo para lá…

Shigure já sabia qual era o objetivo.

O inimigo pretendia exterminar a vila inteira.

Um calafrio percorreu sua espinha.

Lentamente, ele se levantou, cerrando os punhos. Seu olhar estava afiado como a lâmina de sua espada.

— Mickey… — Sua voz era baixa, mas carregada de um peso destrutivo. — Eu juro que não deixarei sua morte ser em vão.

Sem mais um segundo de hesitação, Shigure se virou e disparou na direção da vila.

E enquanto ele corria, uma lembrança antiga surgiu em sua mente.

Uma memória distante, de um jovem de cabelos verdes e olhos brilhantes.

Uma profecia sussurrada em meio à chuva dos tempos antigos.

— Não, não não não.... Eu não posso cometer o mesmo erro que o Líder.

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