Capítulo 1 – Lothrien
Fogo e Água
Página 11
A chuva finalmente cessou, e o campo molhado refletia a luz dourada do sol, que agora cobria toda Lothrien. O cheiro de terra úmida pairava no ar, trazendo uma sensação de renovação. Dentro da casa, os três amigos dormiam amontoados um sobre o outro, com Akira, para sua infelicidade, sendo o que estava na base da pilha.
Ainda meio sonolento, ele abriu os olhos e percebeu o peso esmagador de seus amigos sobre ele. Tentou chamá-los com um sussurro:
— Tsukasa... Kazuki... Saíam de cima de mim...
Nenhuma resposta.
Irritado, Akira decidiu se levantar de uma vez, jogando Tsukasa e Kazuki para o chão com um baque surdo.
— Mas que diabos...Akira! — Tsukasa resmungou, esfregando a cabeça.
Kazuki piscou algumas vezes antes de perceber o que aconteceu.
— O quê...? Por que estamos no chão...?
Akira apenas sorriu e lhes deu bom dia como se nada tivesse acontecido.
Na sala, Shigure estava se preparando para sair, enquanto, na cozinha, Estella terminava o café da manhã. Seu sorriso estava mais largo do que o normal, algo que Akira percebeu de imediato.
— Por que você está tão alegre, mãe?
Ela se virou para ele com um brilho nos olhos.
— Pergunte ao seu pai.
Aquilo só o deixou mais confuso. Ele caminhou até o pai, que ajustava seu casaco antes de sair.
— Mãe disse que você pode me explicar por que ela está tão feliz hoje.
Shigure sorriu de forma misteriosa e pousou uma mão firme no ombro do filho.
— Isso é coisa de adulto, Akira. Quando você tiver idade suficiente, eu explico melhor. Mas, digamos que, vc tem que alimentar sua esposa antes de se levantar da cama.
Akira estreitou os olhos.
— Você sempre diz isso...
Shigure apenas riu, sem dar mais explicações.
Logo, Tsukasa e Kazuki acordaram, e, depois de bocejarem e se espreguiçarem, cumprimentaram Shigure e Estella.
— Obrigado por nos deixar dormir aqui mais uma vez. — Kazuki disse, um pouco tímido.
— Vocês sempre agradecem. — Estella sorriu, bagunçando o cabelo dele.
Os garotos se preparavam para sair quando Estella os impediu.
— Vocês não vão embora sem antes tomar café da manhã.
— Mas não queremos incomodar... — Tsukasa tentou argumentar.
— Eu insisto.
Shigure, já pegando sua espada, também concordou:
— Um guerreiro nunca deve treinar de estômago vazio. Fiquem.
Sem opções, os dois aceitaram. Akira sorriu de canto.
— Pra que tanta pressa, hein?
Shigure terminou de se preparar e anunciou sua saída.
— Estudem bastante.
Ele saiu, deixando Estella com os garotos para o café da manhã.
Após o café, Estella levou os meninos até a academia em uma carruagem. No caminho, Akira olhava pela janela, admirando a cidade de Lothrien sob a luz do sol.
Ao chegarem, Estella se despediu dos garotos com um beijo na testa de Akira. Eles entraram na academia e seguiram direto para a sala de aula, onde o professor Ásghard já iniciava sua explicação.
A primeira aula era teórica, mas diferente de muitos professores, Ásghard conseguia prender a atenção dos alunos. Ele falava sobre os tipos de energia existentes no mundo:
— A maioria dos clãs que possuem poderes elementares utilizam a Mana como principal fonte de energia. Já aqueles que não possuem afinidade elementar, como o Clã Tsubaki, podem teoricamente utilizar qualquer tipo de energia, mas dominá-las por completo é um feito raro.
Akira ouviu atentamente. Seu clã sempre foi conhecido por sua destreza com espadas, mas a ausência de uma energia elementar tornava a prática muito mais desafiadora.
A segunda aula era prática, a parte favorita dos alunos.
Tsukasa e Kazuki decidiram focar no controle da mana.
Ásghard deu um conselho a Tsukasa:
— Antes de tentar converter sua mana em um elemento, você precisa conhecê-la. Sinta o fluxo dentro do seu corpo. Observe como ela se move e aprenda a moldá-la.
Tsukasa assentiu e fechou os olhos, concentrando-se.
Kazuki, por sua vez, se lembrou da noite anterior, quando tentou manipular a chuva. Agora, com um recipiente de água fornecido pelo professor, ele respirou fundo e repetiu o processo.
— Não se concentre na água. — Ásghard disse calmamente. — Concentre-se na mana. É ela que guia seu controle.
Kazuki ajustou sua respiração e fechou os olhos. Aos poucos, a água começou a se erguer, formando uma esfera perfeita.
Ele abriu os olhos, surpreso com seu próprio progresso. Mas não queria parar ali.
Ásghard sorriu e incentivou:
— A melhor maneira de moldar sua mana é imaginar uma forma em sua mente. Sua mana fará o resto.
Kazuki visualizou uma lança. A água começou a se alongar, formando algo semelhante a uma lâmina líquida.
— Eu quero lançá-la! — Kazuki exclamou, empolgado.
— Isso exigiria uma grande quantidade de mana. — Ásghard alertou.
Relutante, Kazuki desfez a arma improvisada, mas estava satisfeito com seu avanço.
Enquanto isso, Tsukasa continuava em meditação profunda. Até que, finalmente, ele compreendeu como canalizar sua energia.
Ele abriu os olhos, estendeu a mão e canalizou sua mana na palma de sua mão. Uma pequena chama dançou sobre sua palma.
— Consegui! — Ele sorriu, fascinado.
Diferente de Kazuki, que manipulava um elemento já existente a sua disposição, Tsukasa precisava alimentar sua chama constantemente com mana, o que tornava o processo mais desgastante. Mas isso não o incomodava — ele estava animado por finalmente dar um passo à frente.
Akira, por outro lado, focava em sua esgrima. Ele empunhava sua espada e praticava golpes no ar, tentando replicar os movimentos de Shigure, mas adicionando sua própria abordagem. Cada ataque se tornava mais preciso, cada movimento mais eficiente. Ele podia não ter uma afinidade elemental, mas compensava com esforço e disciplina.
A aula prática chegou ao fim, e os alunos estavam exaustos, mas satisfeitos.
Ao saírem da academia, os meninos avistaram Estella esperando na carruagem.
— Prontos para voltar? — Ela perguntou, com o sorriso de sempre.
Akira assentiu, e os três entraram no veículo.
No caminho, conversavam sobre seus avanços no treino.
— Hoje foi incrível! — Kazuki comentou. — Acho que estou começando a entender como funciona o controle da água!
— E eu finalmente criei minha chama. — Tsukasa disse com orgulho. — Agora só preciso aumentar o tempo que consigo mantê-la acesa.
Akira sorriu, mas permaneceu em silêncio. Ele estava satisfeito com seus próprios progressos, mas sabia que ainda tinha um longo caminho pela frente.
Quando chegaram à vila, Tsukasa e Kazuki desceram primeiro.
— Até amanhã, Akira!
— Até! — Ele respondeu, acenando.
A carruagem seguiu até a casa dos Tsubaki, onde Akira finalmente desceu. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados.
Ele respirou fundo, sentindo o ar fresco da noite se aproximando.
Amanhã traria novos desafios, e ele estava pronto para enfrentá-los.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
ser intankavel 🕊
"Só quem usa poderzinho é quem não se garante na porrada."
2025-03-20
1
ser intankavel 🕊
😳
2025-03-20
1