Capítulo 1 – Lothrien
Treinamento e Evolução
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O tempo passou, e o pequeno Akira crescia a olhos vistos. Agora, com seis anos, sua energia parecia não ter fim. Ele passava horas treinando com a katana de madeira, repetindo incansavelmente os golpes que seu pai lhe ensinava. Cada dia era uma nova oportunidade para melhorar, e mesmo quando caía ou errava um movimento, ele se levantava sem reclamar, determinado a continuar.
Shigure, por outro lado, observava tudo com um olhar atento e experiente. Via no filho algo raro para alguém tão jovem: uma vontade inabalável de superar seus próprios limites.
Certa manhã, enquanto o sol ainda nascia no horizonte, Akira já estava no quintal, golpeando o ar com sua katana de madeira. Seus pés descalços afundavam levemente na terra úmida, e sua respiração estava ofegante.
— Você ainda está errando a postura — disse a voz grave de Shigure, surgindo atrás dele.
Akira parou imediatamente e virou-se para o pai, que cruzava os braços com uma expressão séria.
— Eu já treinei muito hoje! Você nem viu? — retrucou Akira, enxugando o suor da testa.
Shigure caminhou até ele, pegou sua própria katana de madeira e ficou de frente para o filho.
— Se estivesse treinando certo, não estaria tão cansado — disse ele, assumindo uma posição firme. — Um espadachim não desperdiça energia. Cada movimento deve ser preciso, sem excessos.
Akira apertou os lábios, insatisfeito com a crítica, mas sabia que o pai estava certo.
— Vamos, me ataque — ordenou Shigure.
O garoto não hesitou. Ele avançou com velocidade, sua lâmina de madeira cortando o ar em direção ao pai. Mas, como sempre, Shigure bloqueou com facilidade.
Akira atacou de novo. E de novo. Seus golpes eram velozes, mas previsíveis.
Shigure desviava cada um deles com um mínimo de esforço, sem sequer mover os pés. Após um tempo, suspirou e, num único movimento, desarmou Akira, derrubando sua katana no chão.
— Você está usando força demais e estratégia de menos. Se continuar assim, qualquer inimigo mais experiente o derrubará em segundos.
Akira franziu a testa, irritado.
— Então me ensina direito!
Shigure ergueu uma sobrancelha, surpreso com a ousadia do filho. Mas, no fundo, ele gostava daquela determinação.
Ele se abaixou, pegou a katana de madeira de Akira e a devolveu ao menino.
— Muito bem. Vou ensiná-lo algo importante hoje — disse Shigure, afastando-se alguns passos. — O primeiro princípio de um verdadeiro espadachim: antecipação.
Akira olhou confuso.
— O que é isso?
Shigure girou sua katana de madeira nos dedos e então sorriu.
— Vou atacar. Se você conseguir desviar apenas uma vez, a lição estará aprendida.
Antes que Akira pudesse reagir, o pai avançou.
O golpe veio de cima, rápido como um relâmpago. Akira arregalou os olhos e, num reflexo, ergueu sua espada para bloquear. Mas o impacto foi forte demais, e ele foi jogado para trás, caindo sentado no chão.
Shigure parou e cruzou os braços.
— Se você só reagir depois que o ataque já começou, sempre estará um passo atrás.
Akira, ainda no chão, fechou os punhos. Ele odiava perder.
Mas também odiava decepcionar o pai.
Ele se levantou, pegou sua katana e respirou fundo. Dessa vez, ele iria desviar.
Shigure observou a mudança no olhar do filho e sorriu discretamente.
— Vamos de novo.
O vento soprou suavemente pelo quintal, carregando consigo o cheiro das folhas úmidas e da terra recém-revolvida pelos passos de Akira e Shigure. O garoto apertou os dedos ao redor do cabo da katana de madeira, sentindo o suor escorrer pela palma da mão. Seu olhar estava fixo no pai, atento a cada mínimo movimento.
Shigure manteve a postura firme, analisando a determinação do filho.
— Dessa vez, tente sentir o ataque antes que ele aconteça — disse ele, girando levemente a katana nos dedos. — Um espadachim não vê apenas com os olhos, mas com todo o corpo.
Akira assentiu, engolindo em seco. Ele flexionou os joelhos, ajustando sua posição.
Então, Shigure avançou.
O ataque foi rápido, vindo em um ângulo diagonal. Akira sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas ao invés de apenas reagir, ele se concentrou no movimento do pai. Seus pés deslizaram instintivamente para trás, e sua katana de madeira se ergueu num reflexo.
Clang!
O impacto fez seus braços tremerem, mas pela primeira vez, ele não foi derrubado. Ele bloqueou.
O silêncio tomou conta do quintal por um breve instante.
Akira piscou, mal acreditando no que havia acabado de acontecer.
Shigure sorriu de canto, satisfeito.
— Agora sim — disse ele, recuando um passo. — Isso foi um bloqueio de verdade.
O garoto abriu um enorme sorriso, sentindo um calor diferente no peito. Ele conseguiu.
Mas antes que pudesse comemorar, Shigure girou a katana e avançou novamente.
Dessa vez, o golpe veio de baixo.
Akira tentou repetir o movimento anterior, mas foi tarde demais.
A madeira atingiu sua perna e, num piscar de olhos, ele foi ao chão.
— A lição ainda não acabou — disse Shigure, estendendo a mão para ajudá-lo a levantar. — Bloquear uma vez não significa que você já dominou a técnica.
Akira pegou a mão do pai e se levantou, sentindo o coração ainda acelerado.
Ele não gostava de perder.
Mas agora, mais do que nunca, ele queria vencer.
— De novo! — disse ele, assumindo a postura.
Shigure soltou uma risada baixa.
— Isso é o que eu queria ouvir.
E assim, o treino continuou.
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Atualizado até capítulo 29
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