Tempestade: Parte 3

Capítulo 1 – Lothrien

Tempestade: Parte 3

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      A chuva continuava caindo, criando pequenos rios de água ao longo da estrada de terra. As nuvens escuras ainda pairavam no céu, mas entre elas, pequenos feixes de luz dourada tentavam atravessar, iluminando a varanda da casa dos Tsubaki.

Kazuki estava ali, observando a dança das gotas ao cair, como se tentasse entender seus movimentos. Inspirando fundo, ele levantou a mão, estendendo-a para frente.

— Vamos lá... — ele murmurou para si mesmo.

Seu olhar se tornou sério. Com a concentração necessária, ele tentou sentir as gotas individuais, cada uma delas, como pequenos fragmentos de um quebra-cabeça invisível. Então, lentamente, algumas gotas pararam no ar.

Akira, que estava saindo da casa naquele momento, parou ao ver a cena. Ele observou Kazuki manter as gotas suspensas, e, com um esforço visível, começá-las a mover. Pequenos respingos se uniram, formando uma esfera de água, translúcida e trêmula.

A precisão era impressionante para alguém tão jovem. Kazuki respirava fundo, seus olhos brilhavam com determinação. A esfera crescia, mas junto com isso, seu controle era testado ao limite. Seu corpo começou a tremer levemente, e então...

— Impressionante. — Akira disse, tocando levemente o ombro do amigo.

O susto foi o suficiente para quebrar a concentração de Kazuki. Sua respiração falhou por um segundo, e a esfera desmoronou, transformando-se em um pequeno banho de gotas d'água sobre ambos.

Houve um momento de silêncio, onde apenas o som da chuva ecoava. Kazuki olhou para suas mãos, sem saber exatamente como reagir.

Então Akira começou a rir.

— Pfft... Ahahaha!

Kazuki ficou vermelho, tentando esconder a frustração.

— Akira!! Isso não teve graça!

Mas Akira não conseguia parar. A cena de Kazuki, antes tão concentrado, se molhando no final, foi hilária para ele.

Kazuki tentou manter sua expressão séria, mas então, um sorriso traiçoeiro apareceu em seus lábios e, sem resistir, ele também começou a rir.

Foi quando Tsukasa apareceu na varanda, franzindo a testa.

— O que tá acontecendo aqui?

Ele viu Akira e Kazuki dobrados de tanto rir, sem nem conseguirem falar. Tsukasa olhou de um para o outro, confuso.

— Ei, do que vocês tão rindo?!

Sem saber exatamente por quê, ele começou a rir também, contagiado pela alegria dos amigos.

Akira, com lágrimas nos olhos de tanto rir, olhou para Tsukasa e perguntou:

— Tsukasa... Você nem sabe o motivo, por que tá rindo?!

Tsukasa cruzou os braços, tentando segurar o riso.

— Sei lá, vocês tão rindo tão alto que deu vontade!

Isso foi o suficiente para os três caírem na gargalhada novamente.

A noite caiu, e a chuva, antes intensa, agora se reduzia a um fino sereno, deixando no ar o cheiro fresco da terra molhada. O vento frio da noite se instalou, fazendo os três amigos se aconchegarem um pouco mais em seus lugares. Eles estavam sentados no pequeno muro da varanda, observando o céu encoberto por nuvens que, de tempos em tempos, revelavam pequenas frestas de estrelas distantes.

A conversa fluía naturalmente, passando de assuntos triviais para reflexões mais profundas.

— Vocês já pensaram no que querem fazer no futuro? — Kazuki perguntou, olhando para frente, perdido nos próprios pensamentos.

Akira sorriu de canto.

— Quero ser forte o suficiente para proteger tudo o que é importante pra mim.

Tsukasa soltou uma risada curta.

— Tão dramático, Akira.

— Não é drama. — Akira respondeu, olhando para ele com seriedade. — Não quero me sentir fraco quando alguém precisar de mim.

Kazuki ficou em silêncio por um momento, assimilando as palavras.

— Eu acho que só quero encontrar um propósito... — ele murmurou, abraçando os próprios joelhos. — Meu clã espera que eu me torne um grande guerreiro, mas... às vezes, me pergunto se é isso que realmente quero.

Tsukasa olhou para ele, depois virou o rosto para o céu.

— Eu só quero ser o mais forte de todos. — Ele cruzou os braços, com um olhar determinado. — Se eu for o mais forte, nunca vou perder pra ninguém!

Akira e Kazuki se entreolharam e, sem conseguirem evitar, soltaram um riso baixo.

— Você fala como se a força fosse resolver tudo. — Akira comentou.

— Mas não é? — Tsukasa ergueu uma sobrancelha. — No fim, quem é mais forte sobrevive.

Akira ficou pensativo por um momento, mas ao invés de responder, ele apenas voltou a olhar para a chuva fina caindo.

O silêncio confortável se instalou entre os três, enquanto o vento frio soprava suavemente. Mesmo que suas ambições fossem diferentes, eles respeitavam uns aos outros.

Kazuki abriu um pequeno sorriso.

— Sabem... talvez a gente ainda não tenha todas as respostas. Mas uma coisa eu sei... Quero que a gente continue assim, juntos.

Akira e Tsukasa não responderam de imediato, mas o sorriso discreto de ambos foi resposta suficiente.

O vento soprou mais uma vez, e a noite seguiu tranquila, com os três amigos apenas aproveitando aquele momento simples, mas especial.

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