Capítulo 14

Antes de a Senhora Kaede ir acordá-la, Saya já estava no pátio fazendo alguns movimentos que costumava fazer em sua vida passada, mas com aquele corpo era difícil, levaria um tempo até conseguir a mesma força e musculatura de antes; Lili chegou com um café da manhã leve e deixou na mesa de mármore que havia no jardim, mas antes de comer, ela começou a fazer uns agachamentos. Lili ficou surpresa ao ver que sua senhora estava tão determinada em se tornar forte, antes não se atrevia nem a levantar a mão para ninguém, mas nesses dias a surpreendeu enfrentando até mesmo as concubinas do príncipe.

Logo após o café da manhã, dirigiu-se ao pátio de treinamento, onde os recrutas já estavam cumprindo suas rotinas diárias; o vice-capitão do exército era quem estava responsável por isso. Ela se aproximou dele para fazer uma reverência e o cumprimento adequado, todos ali estavam surpresos ao ver uma jovem disposta a treinar, suas roupas eram muito mais apropriadas para o exercício, trocando o quimono longo por um mais curto e para ocultar o resto, usava uma calça como os jovens novatos; seu cabelo foi amarrado em um rabo de cavalo para não dificultar.

- Ouçam\, esta jovem é a terceira princesa\, Hayashi Saya\, ela está aqui por ordem de sua majestade a imperatriz. Ela treinará como todos vocês\, mas não se esqueçam de que devem respeitá-la.

- Todos responderam "sim\, vice-capitã"\, embora alguns parecessem incomodados com a situação.

- Saibam que por ser mulher\, não estou aqui para brincar\, minha meta é ser tão forte quanto os melhores das tropas do general\, mas não tolerarei zombaria alguma\, então espero que\, assim como eu irei respeitá-los\, vocês façam o mesmo.

- Juntou seus braços para a frente\, à altura do peito\, e se curvou em sinal de respeito aos novos companheiros.

Logo o treinamento começou, era um pouco pesado, mas ela não estava disposta a desistir. Tinha que ser a mais forte possível para poder alcançar seu objetivo, porque, embora a imperatriz a prezasse, ela não poderia contar com isso o tempo todo. Além disso, acumular méritos poderia lhe dar maior liberdade.

Na mansão do príncipe, ele estava sentado em seu local de trabalho, mas não conseguiu fazer nada. Pouco tempo atrás, ele recebeu uma mensagem da imperatriz, na qual lhe é indicado que, se ele continuar com seus maus tratos à princesa, ela mesma virá com seus melhores guardiões para investigar tudo o que acontece naquela mansão e, se descobrir algo ruim, informará ao imperador. Aya ouviu tudo e, furiosa, jogou coisas em seu quarto. Ela não pode suportar que uma inútil como Saya tenha melhor consideração perante a imperatriz do que ela. Supõe-se que ela é a amada do príncipe, a quem a imperatriz deveria apreciar mais e não a uma princesa que nunca soube como manter a ordem em sua própria casa e que agora se tornou uma rebelde que até falta com respeito ao príncipe. Ela ordenou a suas serviçais que limpassem o desastre enquanto ela tinha que ir com o príncipe para consolá-lo e talvez ajudá-lo um pouco, embora isso signifique permitir que ele se aproxime dessa inútil princesa. Ela entrou sem a necessidade de pedir a permissão do príncipe e imediatamente foi até ele, mostrando-se preocupada.

- tudo é culpa daquela mulher inútil\, alteza\, como disse sua mãe\, talvez seja melhor tentar reconquistar o coração da princesa.

- mas o que você está dizendo? Eu nunca faria algo assim\, não te trairia dessa maneira.

- eu sei\, majestade\, mas é o mesmo que estar com suas outras concubinas\, ele só estará com ela como parte de sua responsabilidade.

- Aya\, você é a única que sabe entender. Mas agora\, a princesa não virá até novo aviso\, ela ficará na mansão do general.

- O quê? Isso é humilhante para você\, apesar de tudo\, ela é sua esposa e ficar em uma mansão onde a maioria dos homens vive é uma desonra\, todos vão falar\, não podemos permitir isso.