Capítulo 6: O Passado de Rivalidade

Depois de um longo silêncio na quadra, Aaron finalmente se levantou, os amigos ao seu redor ainda tentando compreender o que estava acontecendo. A derrota era difícil de engolir, mas havia algo mais, algo que estava na raiz de tudo isso, algo que ninguém parecia entender completamente. Os amigos de Aaron, que o conheciam desde criança, estavam mais curiosos do que nunca. Eles haviam visto as disputas entre ele e Sn ao longo dos anos, mas nunca haviam parado para questionar o porquê daquela rivalidade ser tão intensa e profunda.

"Ei, Aaron", um dos amigos, o mais curioso de todos, falou enquanto se aproximava dele. "Eu não entendo. Sério, mano, qual é a dessa rivalidade entre você e a Sn? A gente sempre viu vocês dois se enfrentando, mas nunca ficou claro o motivo. O que aconteceu entre vocês desde pequenos? Por que essa briga nunca acaba?"

Aaron suspirou pesadamente e olhou para seus amigos, sentindo o peso da pergunta. Não era fácil explicar tudo o que havia acontecido entre ele e Sn. Era uma história longa, cheia de sentimentos misturados, competitividade e até ressentimento. Mas, ao olhar para seus amigos, ele sabia que era hora de deixar isso sair, de finalmente colocar para fora tudo o que ele sentia.

"Eu... eu não sei nem por onde começar", Aaron começou, passando a mão pelos cabelos. "Acho que tudo começou quando éramos bem pequenos. Você sabe, lá no bairro, jogando bola nas ruas com as crianças. Desde aquele tempo, ela sempre foi boa, sempre, e isso... não era normal. Para mim, pelo menos. Sempre que a gente jogava juntos, ela fazia coisas que... que eu não conseguia. E isso me irritava, cara. Me irritava de uma forma que eu não sabia lidar."

Seus amigos escutavam atentamente, percebendo que o que Aaron estava dizendo tinha mais peso do que eles imaginavam. A rivalidade não era só sobre quem era melhor no basquete. Era algo muito mais pessoal, algo que ia além de uma simples competição esportiva.

"E o pior", continuou Aaron, "é que, quanto mais ela melhorava, mais eu tinha que me esforçar para ser o melhor. Mas eu não queria apenas ser melhor. Eu queria vencer ela, sabe? Eu queria mostrar que não era porque ela era boa que ela podia sempre me superar. Eu não suportava a ideia de perder para ela. E isso só foi crescendo."

Os amigos trocavam olhares, tentando compreender. Não era apenas uma briga de crianças, mas um conflito que se intensificou ao longo dos anos, alimentado por inseguranças e o desejo de ser o melhor.

"Então, o que aconteceu? Por que a briga ficou tão séria?", outro amigo perguntou, com a voz mais suave. "Você acha que tudo isso foi só por causa do basquete? Ou tem mais nisso?"

Aaron olhou para o chão, como se estivesse buscando as palavras certas. Ele nunca havia pensado sobre o que realmente estava por trás de tudo isso, mas agora que estava falando, as memórias começaram a se formar em sua mente. Lembrou-se das vezes em que ele e Sn se enfrentaram nas quadras, do jeito como ela sempre tinha um sorriso confiante, como se fosse impossível não se sentir inferior. E, por mais que ele tentasse, nunca conseguiu escapar da sombra daquela rivalidade.

"Eu não sei exatamente", disse Aaron, sua voz mais baixa agora. "Mas acho que... parte disso vem de quando éramos crianças, tipo, muito pequenas. Eu sempre me senti como se ela tivesse tudo o que eu queria — a atenção, o respeito, até mesmo a habilidade no basquete. Eu sempre fui o 'menino bom', o que fazia tudo certo, mas no fundo, o que eu queria era mostrar que eu era melhor do que ela. E, quando a gente cresceu e começou a jogar de verdade, essa coisa toda virou uma obsessão. Não é só o basquete, é mais... sobre quem é o melhor, quem se destaca. Eu não suporto perder para ela. Nunca consegui."

Os amigos de Aaron estavam em silêncio agora, refletindo sobre o que ele estava dizendo. Eles nunca haviam imaginado que a rivalidade entre os dois fosse tão profunda e pessoal. Para eles, sempre parecia ser apenas uma disputa de basquete, uma competição entre dois jogadores talentosos. Mas, ao ouvir Aaron falar, eles começaram a entender que era muito mais do que isso.

"Então, basicamente, é uma questão de orgulho?" um dos amigos perguntou, tentando resumir o que Aaron estava dizendo.

"Sim", Aaron respondeu, com um suspiro pesado. "É o orgulho. Eu... sempre achei que, se eu conseguisse ser melhor que ela, conseguiria, sei lá, mostrar algo para mim mesmo, para os outros. Mas a verdade é que, quanto mais eu tento superá-la, mais eu percebo que essa rivalidade nunca vai terminar. E, no fundo, nem sei por que estou lutando tanto."

Outro amigo olhou para Aaron com uma expressão mais compreensiva. "Acho que você só tem que aceitar, mano. O basquete não precisa ser uma competição só para você ser melhor. E a Sn, ela não está fazendo isso para te desafiar. Ela só está jogando o jogo dela, da forma dela. Talvez você esteja colocando muita pressão nisso tudo. E talvez, só talvez, seja hora de começar a ver as coisas de um jeito diferente."

Aaron se recostou na parede da quadra, pensativo. Ele sabia que seus amigos tinham razão. Talvez ele estivesse colocando uma pressão que não precisava existir. Talvez a verdadeira competição estivesse dentro de si mesmo, mais do que contra Sn. Mas isso era algo que ele ainda teria que entender.

"Eu não sei", disse ele finalmente, com um sorriso meio triste. "Mas, por enquanto, acho que vou continuar lutando contra essa maldita rivalidade. Eu não posso deixar ela vencer o tempo todo."

Os amigos deram risadinhas, tentando aliviar a tensão no ar. "A gente tá aqui com você, Aaron. E quem sabe, um dia, vocês dois se dão bem. Quem sabe, né?"

Aaron deu um sorriso forçado, mas algo dentro dele se suavizou. Talvez a resposta não fosse vencer a rivalidade. Talvez, apenas talvez, o mais importante fosse entender que o basquete — e a vida — não eram sobre ser o melhor, mas sobre o que você aprende no caminho.

Enquanto isso, Sn estava em outro lugar, longe da quadra, vivendo sua própria jornada, com sua avó ao lado dela, sempre com o sorriso tranquilo e a certeza de que, para ela, o mais importante não era ser a melhor, mas fazer o que amava.

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