Após o jogo, a quadra de basquete parecia silenciosa, como se o barulho das emoções ainda estivesse ecoando no ar. O sol já estava baixo, tingindo o céu de laranja e rosa, enquanto a brisa suave movia as folhas das árvores ao redor. Sn havia saído vitoriosa, e sua energia estava radiante. Ela sorria enquanto conversava com a avó e, por um momento, todo o peso da rivalidade parecia ter se dissipado. Mas, enquanto ela se afastava, a quadra ainda estava longe de ser um lugar tranquilo.
Aaron estava sentado no chão, com as pernas esticadas e a cabeça baixa, sentindo o peso da derrota sobre ele. As palmeiras e a linha de meio-campo da quadra pareciam estar se distorcendo à medida que ele olhava para o vazio. A derrota doía, mais do que ele gostaria de admitir. Seu orgulho estava ferido, e sua mente não parava de martelar a mesma pergunta: Como ela conseguiu me vencer, de novo?
Ele estava cercado por seus amigos de infância, que estavam ali para observá-lo jogar, como sempre fizeram. Eles sempre estavam por perto, oferecendo apoio, mas hoje parecia diferente. Eles estavam tentando ser compreensivos, mas Aaron sabia que, em seus corações, eles também compartilhavam a frustração que ele sentia.
"Mano, você não foi mal", um dos amigos disse, tentando acalmar a situação. "Ela jogou muito bem. Aquela última cesta foi impecável."
Aaron olhou para o amigo com uma expressão de raiva. "Não me venha com isso, cara! Eu deveria ter ganhado! Eu sempre soube que a Sn era boa, mas nunca imaginei que ela fosse me derrotar dessa forma. Eu fiquei preso, tentando bloquear ela, e no final, ela fez aquele maldito arremesso. Eu tinha que ter feito algo diferente!"
Os amigos trocaram olhares, tentando não piorar a situação. Eles sabiam que Aaron odiava perder, especialmente para Sn, sua rival de longa data. Desde pequenos, eles haviam competido em tudo, e perder para ela era como perder parte de si mesmo. Mas, no fundo, todos sabiam que a rivalidade deles tinha algo mais profundo. Não era só sobre basquete; era sobre orgulho, sobre quem era melhor, sobre quem sempre teve a vantagem.
"Você ainda é o melhor, Aaron", outro amigo disse com um sorriso de compreensão, tentando levantar o moral de seu amigo. "Ninguém aqui tá te deixando para trás. Só... foi um dia ruim, né?"
Aaron fechou os punhos, sentindo o calor da frustração subindo. Ele havia passado tanto tempo se preparando, e para que? Para ser derrotado pela mesma garota com quem sempre competiu desde criança? Ele havia se dedicado, se esforçado, mas, quando a hora chegou, não foi o suficiente.
"Não é só isso", Aaron respondeu, com a voz mais baixa, quase como se estivesse falando consigo mesmo. "Eu sempre fui o melhor, sempre. E agora... agora, parece que estou perdendo algo muito maior."
Ele se recostou na quadra, olhando para o céu, tentando entender o que realmente estava sentindo. Ele lembrava da infância, das primeiras partidas, da sensação de ser superior. Lembrava de quando ele e Sn brincavam na rua, disputando cada bola, e de como, desde sempre, ele se sentia em controle. Mas isso tudo havia mudado. E, apesar de toda a sua força, de toda a sua habilidade no basquete, algo dentro dele parecia ter se quebrado.
"Eu não posso perder para ela de novo", Aaron murmurou, com os olhos fixos na quadra, como se estivesse tentando se convencer do que queria acreditar. "Eu não vou deixar isso acontecer. Eu vou me superar, vou treinar mais, vou ser mais forte, mais rápido. Eu não vou deixar ela sempre ganhar."
Seus amigos, ouvindo suas palavras, sabiam que, apesar de tudo, Aaron jamais desistiria. Ele era obstinado, e isso fazia parte do que o tornava tão imbatível em outros aspectos da vida. Mas eles também sabiam que aquela derrota tinha um peso maior do que ele estava disposto a admitir. Aaron não estava apenas frustrado por ter perdido para Sn; ele estava lutando contra algo mais profundo, algo que ele talvez não entendesse totalmente.
O silêncio tomou conta da quadra enquanto Aaron ficava ali, refletindo, perdido em seus próprios pensamentos. Seus amigos ainda estavam ao redor, mas ninguém sabia o que dizer. Era um momento íntimo, um momento de reflexão em que Aaron, pela primeira vez, parecia vulnerável. Ele se permitiu sentir o peso da derrota e a pressão da rivalidade que o consumia. Ele queria ser o melhor, mas talvez fosse hora de entender que vencer, por mais que fosse importante, não era tudo.
"Eu não vou parar até ser o melhor", ele disse, com uma firmeza renovada, como se já tivesse tomado uma decisão. "Vou fazer isso por mim. E vou ser mais rápido, mais forte. Eu vou superar a Sn, pode ter certeza disso."
Seus amigos, percebendo o que estava acontecendo, apenas assentiram. Eles sabiam que Aaron não desistiria. Ele era assim: competitivo, determinado, sempre buscando ser o melhor. Mas talvez, naquela derrota, ele começasse a entender que, às vezes, a verdadeira vitória não estava apenas em ganhar, mas em aceitar que a competição — e até mesmo a derrota — fazia parte do caminho.
Enquanto isso, Sn estava longe dali, em sua casa, sorrindo ao lado de sua avó. O jogo tinha acabado, mas a rivalidade, embora feroz, era apenas mais um capítulo em uma longa história de conquistas e desafios. Para ela, o basquete sempre seria algo mais do que uma simples vitória: era uma maneira de crescer, de aprender e, acima de tudo, de se conectar com aqueles que ela mais amava.
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Atualizado até capítulo 53
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