Capítulo 15 – Um Teste do Destino
A aurora surgia lentamente, tingindo o céu com tons suaves de dourado e rosa, mas Elora não conseguia apreciar a beleza do amanhecer. Seu coração martelava forte dentro do peito, um ritmo errático ditado pela ansiedade que crescia a cada segundo.
O enjoo da noite anterior ainda persistia, deixando-a inquieta. Era diferente da fraqueza habitual que sentia por causa da doença. Seu corpo parecia estranho, reagindo de maneiras que ela não compreendia totalmente.
Ao seu lado, Darian dormia profundamente, o braço musculoso envolvido ao redor de sua cintura, como se mesmo inconsciente quisesse protegê-la. Seu calor era reconfortante, mas não o suficiente para silenciar as perguntas que fervilhavam na mente de Elora.
Havia algo errado com ela. Algo que não estava relacionado apenas à sua condição.
Com cuidado, ela se moveu, tentando não acordá-lo. Quando seus pés tocaram o chão frio do quarto, um calafrio percorreu sua espinha. O mundo girou por um breve instante, e ela precisou segurar na beirada da cama para não perder o equilíbrio.
Ela respirou fundo. Talvez fosse apenas cansaço... ou talvez não.
Pegando seu robe, Elora atravessou o quarto silenciosamente e entrou no banheiro, fechando a porta sem fazer barulho. Lá dentro, acendeu a luz e encarou seu reflexo no espelho.
O que viu fez seu estômago se revirar ainda mais.
Seu rosto estava pálido, os olhos levemente fundos, os lábios secos e sem cor. Mas, além disso, havia algo diferente nela. Uma percepção vaga e inexplicável de que seu corpo estava tentando lhe dizer algo.
Foi então que seus olhos caíram sobre a bolsa de cosméticos aberta sobre a pia. Algo dentro dela se agitou.
Seu ciclo menstrual.
Ela não conseguia se lembrar da última vez que havia contado os dias. Entre os exames, as idas ao hospital, o medo de contar a Darian sobre sua condição, a ideia de uma gravidez nunca sequer havia cruzado sua mente.
O súbito pensamento a fez prender a respiração.
Com um nó no estômago, Elora puxou sua nécessaire e começou a revirar os itens lá dentro até encontrar um pequeno pacote branco e discreto. Seu coração disparou ao reconhecê-lo.
Um teste de gravidez.
Ela ficou parada por um longo momento, sentindo o peso do objeto em suas mãos como se carregasse um segredo proibido.
Não pode ser...
Mas algo dentro dela gritava que podia.
Suas mãos tremiam ligeiramente quando ela rasgou a embalagem e seguiu o procedimento. Cada segundo parecia se arrastar como uma eternidade enquanto ela esperava o resultado.
A cabeça dela estava cheia de perguntas.
Se o teste fosse positivo... o que isso significaria?
Seu coração queria pular de alegria com a possibilidade, mas sua mente lhe lembrava da dura realidade. Ela estava morrendo. Como poderia trazer uma criança ao mundo sabendo que não estaria ali para vê-la crescer?
E Darian... como ele reagiria?
Ele já estava lutando contra todos por ela. O que faria ao descobrir que teria um filho com uma mulher cujo destino estava praticamente selado?
O ar parecia rarefeito dentro do banheiro. Ela nunca havia se sentido tão dividida entre a esperança e o medo.
Finalmente, com os dedos trêmulos, pegou o pequeno bastão branco e olhou para a tela digital.
Seu coração parou por um segundo.
Positivo.
Um soluço baixo escapou de sua garganta enquanto ela encarava aquelas poucas letras que mudavam tudo.
Ela pressionou a mão contra a boca, lágrimas brotando de seus olhos. Ela estava grávida.
Uma parte de Darian crescia dentro dela. Uma vida nova, no momento em que a sua própria estava se apagando.
Era uma ironia cruel do destino.
Mas também, talvez, fosse um milagre.
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