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Capítulo 14 – Sintomas Incontroláveis

Ainda estava escuro quando Elora despertou. O silêncio da cabana era acolhedor, interrompido apenas pelo som distante das folhas balançando ao vento e pelo leve estalar da madeira, aquecida pela lareira que Darian deixara acesa durante a noite.

Seu corpo, no entanto, parecia pesado, como se algo invisível a puxasse para baixo. Uma exaustão profunda a envolvia, tornando até mesmo o simples ato de abrir os olhos um esforço.

Ela piscou devagar, ajustando-se à penumbra do quarto, e virou a cabeça para o lado. Darian dormia ao seu lado, respirando lenta e profundamente. Os traços rígidos de seu rosto estavam relaxados pela primeira vez em muito tempo.

Por um momento, Elora apenas o observou. A luz suave do fogo iluminava seu perfil forte, o cabelo bagunçado caía levemente sobre a testa, e sua expressão parecia mais serena do que nunca. Ver Darian assim, tão vulnerável e tranquilo, fez algo dentro dela apertar.

Ele a fazia sentir viva.

Mas então, uma pontada aguda cortou sua tranquilidade.

Ela respirou fundo, tentando ignorar a dor repentina no peito. Fechou os olhos por um momento, esperando que a sensação passasse, mas a pressão dentro dela só aumentou. Um enjoo forte subiu por sua garganta, e seu estômago revirou de forma ameaçadora.

Com cuidado, tentou se mover sem acordar Darian. Cada movimento parecia exigir um esforço descomunal. Seu corpo não respondia da mesma forma de antes. Sentia-se fraca... diferente.

Engolindo em seco, deslizou para fora da cama, puxando o cobertor sobre Darian antes de se levantar completamente. O chão de madeira gelado fez um arrepio percorrer sua pele, mas a tontura que veio logo em seguida a fez se agarrar à parede para não cair.

"Não agora."

Ela se forçou a seguir em frente, passos hesitantes até o banheiro. Assim que fechou a porta atrás de si, apoiou-se contra a pia, respirando pesadamente.

Seus olhos encontraram o próprio reflexo no espelho, e o que viu a fez prender a respiração.

Seu rosto estava pálido—mais do que o normal. As olheiras escuras marcavam seus olhos como sombras profundas, e seus lábios estavam secos e levemente rachados. Ela parecia frágil, diferente da mulher que, há poucas horas, estava vivendo uma noite de amor ao lado de Darian.

"Não posso desmoronar agora."

Forçando-se a ignorar o nó em sua garganta, ela abriu a torneira e lavou o rosto com água fria. O choque térmico trouxe um alívio momentâneo, mas não suficiente para afastar a fraqueza que ameaçava dominá-la.

— Você está bem?

A voz de Darian ecoou do outro lado da porta, firme, mas carregada de preocupação.

Elora congelou. Ela havia tentado ser silenciosa, mas ele sempre parecia perceber tudo.

Respirando fundo, compôs uma expressão neutra e abriu a porta.

— Estou bem. Só acordei um pouco enjoada.

Darian a olhou com atenção, seu olhar cinzento percorrendo cada detalhe dela. Ele não parecia convencido.

— Você está muito pálida, Elora.

Ela forçou um sorriso, tentando minimizar a situação.

— Deve ter sido o vinho... ou talvez o cansaço da viagem.

Darian não desviou o olhar. Ele conhecia aquela mulher. Sabia que ela não era de reclamar ou demonstrar fraqueza. Algo estava errado.

Antes que ela pudesse recuar, ele estendeu a mão e segurou seu queixo com delicadeza, obrigando-a a encará-lo. Os olhos dele eram intensos, perscrutando-a com preocupação genuína.

— Você está doente, não está?

Seu coração bateu forte contra o peito. Ele estava começando a perceber.

Por um instante, a vontade de contar tudo veio à tona. A vontade de se abrir, de dizer a ele que seu tempo estava acabando.

Mas então, a razão falou mais alto. Ela não queria que aquela viagem fosse manchada pelo peso da verdade.

— Não se preocupe comigo. Eu estou bem.

Darian não parecia convencido, mas não pressionou. Em vez disso, apenas a puxou para seus braços, envolvendo-a em um abraço protetor.

— Seja o que for, você não está sozinha. Eu estou aqui.

Elora fechou os olhos, sentindo o calor do corpo dele contra o seu. Ela queria acreditar nisso.

Mas, no fundo, sabia que sua luta estava apenas começando.

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