Despertar de Mia

Com um novo poder em mãos e uma confiança recém-descoberta, Mia se preparou para o que quer que o destino reservasse para ela.

O subterrâneo parecia vibrar ao seu redor, como se a própria terra estivesse sussurrando segredos que apenas ela podia ouvir. Liriel deu um passo à frente e fez um gesto para que Mia a seguisse. Ezra e Davi trocaram olhares antes de se apressarem atrás delas.

A passagem à frente se abria em um vasto salão iluminado por cristais luminescentes que pendiam do teto como estrelas petrificadas. No centro, uma figura alta e envolta em um manto prateado os aguardava. Seus olhos brilhavam com um tom de azul etéreo, e sua voz soou como um eco distante quando falou:

— Mia, criança da luz, sua chegada era esperada.

Mia piscou, olhando para os amigos.

— Isso é bom ou ruim?

Davi inclinou a cabeça.

— Depende. Ele vai nos oferecer chá ou nos jogar em um poço sem fundo?

A figura sorriu levemente, como se estivesse acostumada àquele tipo de recepção.

— Nada disso. Mas o que está prestes a descobrir pode ser tão vertiginoso quanto um poço sem fim.

Ezra bateu palmas uma vez.

— Ótimo. Mais enigmas. Por que ninguém pode simplesmente dizer as coisas claramente? Algo como "Mia, você tem que apertar esse botão vermelho e salvar o mundo"? Não? Nada?

A figura ignorou o comentário e ergueu as mãos. O chão sob eles brilhou com runas douradas, e um vento invisível soprou através do salão. Mia sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Algo dentro dela reagia àquele chamado, como se uma peça esquecida estivesse finalmente voltando ao seu lugar.

— O que está acontecendo? — perguntou, enquanto sua pele parecia formigar com energia.

— Você está despertando — respondeu a figura. — E com isso, vem o verdadeiro teste. Até agora, você enfrentou a si mesma. Agora, precisa enfrentar a verdade do seu papel.

Mia respirou fundo.

— Claro. Porque enfrentar minha versão sombria foi super fácil. Que venha a próxima insanidade.

A luz ao seu redor intensificou-se, e o mundo começou a girar.

Quando a luz se dissipou, Mia sentiu o chão firme sob seus pés, mas o ambiente ao seu redor havia mudado. Agora, ela e seus amigos estavam em uma paisagem etérea, onde o céu cintilava com constelações vivas que pareciam se mover ao ritmo de um batimento cósmico.

No centro daquele espaço irreal, um portal giratório pulsava em tons dourados e prateados. A figura de manto prateado apareceu novamente, sua voz ecoando como se viesse de todas as direções ao mesmo tempo.

— Este é o limiar do conhecimento, Mia. Atravessar esse portal significa aceitar seu destino.

Mia olhou para seus amigos. Ezra parecia hesitante, Davi cruzou os braços como se quisesse dizer "lá vamos nós de novo", e Liriel manteve-se em silêncio, os olhos refletindo a luz do portal.

— E se eu não quiser atravessar? — Mia perguntou, sua voz firme, mas carregada de incerteza.

A figura inclinou a cabeça ligeiramente.

— Então nunca saberá o que realmente é. O destino continuará a persegui-la, mas você jamais compreenderá seu verdadeiro poder.

Mia apertou os punhos. Havia um peso naquela escolha que ia além de qualquer coisa que ela já tivesse enfrentado. O portal parecia chamá-la, uma promessa e um desafio ao mesmo tempo.

Ela deu um passo à frente. O destino esperaria por ela do outro lado.

Mia sentiu um arrepio percorrer no seu corpo enquanto dava o passo que a aproximava do portal. Seus amigos, aparentemente divididos entre medo e curiosidade, acompanharam o movimento com olhares fixos. Ezra ainda hesitava, mas foi Davi quem, com um sorriso irônico, falou:

— Se o destino está nos esperando, Mia, talvez seja hora de parar de correr dele.

Liriel não disse nada. Ela simplesmente caminhou até a borda do portal, os olhos brilhando como se já tivesse visto o que estava além daquelas luzes cintilantes. Mia se virou para os amigos, sentindo o peso das palavras da figura com manto prateado. A dúvida ainda pairava em sua mente, mas algo em seu interior a impulsionava para frente.

Com um último olhar para os amigos, Mia atravessou o portal. A sensação foi como ser dilacerada e recomposta ao mesmo tempo, seu corpo e alma se distorcendo, como se o próprio tecido do tempo e espaço estivesse se moldando em torno dela. Ela sentiu um calor profundo, uma conexão com algo maior.

Do outro lado, a paisagem se estendia à sua frente em um vasto campo de estrelas flutuantes, cada uma delas pulsando com uma energia única, como se fossem pensamentos de seres imortais. O céu era infinito, e no horizonte, uma enorme torre de cristal refletia as constelações. Era um lugar onde o tempo parecia não existir, e o espaço, ao contrário da sensação de prisão que Mia sentira antes, parecia ilimitado.

Ela olhou para os lados. Seus amigos estavam ali, agora ao seu lado, mas algo neles havia mudado. Ezra parecia mais sereno, Davi com uma expressão de entendimento, e Liriel parecia agora mais conectada com aquele lugar, como se já soubesse de sua importância.

A figura de manto prateado apareceu novamente, desta vez mais próxima, os olhos brilhando com a intensidade das estrelas ao redor.

— Aqui, o conhecimento não é algo a ser conquistado, mas algo que deve ser entendido. Cada estrela, cada pulsação no universo é uma chave para quem você é. Agora, vocês têm que escolher: aceitar ou abandonar essa verdade.

Mia sentiu uma pressão no peito. Ela sabia que sua escolha não era apenas sobre o que estava diante dela, mas sobre quem ela se tornaria depois.

— O que acontece se eu não aceitar? — ela perguntou, agora mais calma, mas ainda incerta.

A figura olhou para ela com uma expressão enigmática, quase como se a resposta estivesse em seu próprio coração.

— Então, você continuará a ser como antes, uma sombra de si mesma. O universo sempre oferece suas verdades, mas nem todos estão preparados para vê-las.

Mia fechou os olhos, respirando profundamente. Ela sabia que esse momento definiria o resto de sua jornada. Ela não podia voltar atrás, não agora. A luz das estrelas ao redor parecia chamá-la, e no fundo de seu ser, algo começava a brilhar.

— Eu aceito — disse, sua voz cheia de determinação.

A figura sorriu.

— Então, que a jornada de descoberta comece.

Com essas palavras, a paisagem ao redor começou a se transformar, e Mia soube que nada seria mais como antes. Ela estava pronta para entender o que o universo tinha reservado para ela.

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