Mia respirou fundo e deu o primeiro passo. O salão ao redor parecia vibrar com uma energia silenciosa, uma espécie de expectativa que a envolvia como uma teia invisível. Os olhos dos presentes seguiam cada um de seus movimentos, estudando-a, analisando-a.
A mulher de cabelos prateados manteve seu olhar fixo nela, como se pudesse enxergar além da pele, além do corpo, direto para a essência que pulsava em sua alma. Mia sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas não desviou o olhar.
— Você carrega a luz, mas ainda não compreende o que isso significa, não é? — A voz da mulher soou como um murmúrio hipnótico.
Mia engoliu em seco. Havia muitas respostas que queria, mas tinha a sensação de que nenhuma delas viria de graça.
— Não faço ideia — respondeu, tentando soar mais confiante do que realmente se sentia. — E acho que está na hora de alguém me explicar.
A mulher sorriu, satisfeita com a resposta.
— Meu nome é Liriel. E você, Mia, é um eco de algo muito antigo, um fragmento desperto de uma energia que sempre existiu. A lâmina de luz que empunhou não é uma arma. É um chamado.
Davi cruzou os braços ao lado de Mia, claramente desconfortável.
— Certo. Chamado para o quê, exatamente? — ele interveio.
Liriel caminhou ao redor de Mia, observando-a de diferentes ângulos, como um escultor analisando uma peça de mármore antes da primeira martelada.
— Para algo muito maior do que vocês podem imaginar — disse ela, sua voz carregada de significado. — Mas a pergunta certa não é para o quê, e sim para quem.
Mia sentiu o estômago revirar.
— Quem, então?
— Aqueles que vêm. Aqueles que sempre vêm quando a luz desperta.
Ezra arqueou uma sobrancelha e finalmente falou.
— Se quer assustá-la, está indo pelo caminho certo.
Liriel riu suavemente, sem desviar o olhar de Mia.
— Não estou tentando assustá-la. Estou tentando prepará-la. Você mexeu com forças que não compreende. Agora, elas virão atrás de você. Alguns para segui-la. Outros… para destruí-la.
O silêncio no salão se tornou ainda mais espesso. Mia sentiu o peso das palavras de Liriel pressionando seu peito. Ela já sabia que algo estava errado desde o momento em que empunhou a lâmina. A criatura que enfrentaram não havia sido destruída. Havia recuado. Observando. Esperando. E agora, aparentemente, não seria a única.
— Então, o que eu sou? — Mia perguntou, a voz um pouco mais firme. — O que eu despertei?
Liriel se aproximou mais um passo, seu olhar intenso.
— Você é um farol. E onde há luz, há sombras.
Davi bufou.
— Isso foi vago pra caramba.
Liriel suspirou, como se estivesse lidando com crianças impacientes.
— Você precisa entender que seu despertar não foi aleatório. Foi algo previsto há séculos. E sempre que alguém como você surge, o equilíbrio se rompe.
Mia apertou os punhos.
— Então, o que eu faço?
— Aprende a controlar. Aprende a comandar. Ou será consumida.
Ezra estalou os dedos, apontando para Liriel.
— Ah, então é aquele clássico dilema: ou aprende ou morre.
— Basicamente — respondeu Liriel com um sorriso enigmático.
Mia soltou um suspiro pesado. Tudo isso era demais. Era grande. Muito maior do que qualquer coisa que imaginava estar envolvida. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela ressoava com cada palavra. Como se já soubesse, em algum nível profundo, que esse era o caminho.
— Certo. E qual é o primeiro passo? — perguntou.
Liriel sorriu, um brilho perigoso nos olhos.
— Você precisa enfrentar sua sombra.
Mia piscou.
— Minha o quê?
Liriel levantou uma das mãos, e antes que Mia pudesse reagir, o chão abaixo dela se dissolveu.
O mundo ao redor se desfez em escuridão, sugando-a para um vazio infinito.
Mia caiu.
O vento cortava sua pele, e seu corpo parecia ser puxado em todas as direções ao mesmo tempo. Ela tentou gritar, mas não havia som. Não havia nada. Apenas a escuridão.
Então, de repente, ela parou.
E abriu os olhos.
Ela estava de pé, em um espaço sem fim. A única coisa visível era o reflexo dela mesma, parado bem à sua frente.
Só que não era exatamente ela.
A figura à sua frente era uma versão distorcida, mais alta, mais sombria. Os olhos brilhavam em um tom dourado ardente. O sorriso era frio.
— Finalmente — disse a outra Mia. — Achei que nunca nos encontraríamos.
Mia engoliu em seco, dando um passo para trás.
— O que é você?
A outra Mia riu.
— Sou você. Mas sem as amarras. Sem os medos. Sem as dúvidas.
Ela ergueu a mão, e uma lâmina de luz surgiu, idêntica à de Mia. Mas sua energia era negra, pulsante, como um eclipse sólido.
— Você quer entender quem realmente é? Então lute.
Mia sentiu sua própria lâmina surgir em sua mão, brilhando como fogo líquido.
Ela respirou fundo.
Se precisava enfrentar sua sombra, então era isso que faria.
E então, a batalha começou.
Mia sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Ela respirou fundo e deu o primeiro passo.
O salão parecia vibrar com uma energia invisível. Os olhos dos presentes seguiam cada movimento dela, como se aguardassem um sinal, uma confirmação. A mulher de cabelos prateados inclinou a cabeça levemente, seus olhos azuis faiscando com algo que Mia não sabia identificar — admiração, respeito ou um perigo velado.
— Venha — disse a mulher. — Há muito que você precisa entender sobre o que realmente é.
Mia lançou um olhar para Davi e Ezra. Davi suspirou, seus olhos fixos na multidão, avaliando os riscos. Ezra, por outro lado, parecia absolutamente à vontade, como se estivesse em casa.
— Se tivermos que lutar para sair daqui, eu aviso — murmurou Davi, baixinho.
Mia apenas assentiu e seguiu a mulher, atravessando o salão sob olhares intensos. Quando passaram por um arco esculpido na rocha, adentraram um corredor sinuoso iluminado por lanternas de chamas azuladas. O ar cheirava a incenso e algo metálico.
— Você sente? — perguntou a mulher, sem olhar para Mia.
Mia hesitou.
— Sinto o quê?
A mulher sorriu de leve.
— O chamado. A energia pulsando dentro de você. Agora que despertou, não pode mais ignorá-la.
Mia apertou os punhos, sentindo a ressonância dentro de si. Desde o momento em que conjurara aquela lâmina de luz, algo dentro dela parecia estar em constante ebulição, como se o próprio universo sussurrasse segredos em sua pele.
— O que vocês querem de mim? — perguntou, a voz firme.
A mulher parou diante de uma grande porta de madeira escura e girou o olhar para Mia.
— Não queremos nada. Você já nos deu tudo, apenas existindo. Mas agora é sua escolha decidir o que fará com esse poder.
A porta se abriu, revelando uma câmara circular com um teto abobadado onde símbolos brilhavam como estrelas em um céu noturno. No centro, uma fonte de luz líquida cintilava, refletindo padrões ondulantes nas paredes.
— Você carrega a luz dentro de si, mas não é a única — disse a mulher. — Há outros como você. E há aqueles que desejam tomar essa luz para si.
Mia sentiu um calafrio. Seu destino estava se desenhando diante dela, mas as peças ainda estavam fora de seu alcance. Davi e Ezra entraram logo atrás, suas expressões refletindo a mesma mistura de fascínio e cautela.
— O que significa ser um portador da luz? — perguntou Mia.
A mulher se aproximou da fonte luminosa e passou os dedos sobre sua superfície, fazendo ondulações de energia dançarem.
— Significa ser um farol em meio à escuridão. Significa ser caçada. Significa que sua jornada apenas começou.
Mia engoliu em seco, sentindo que qualquer escolha que fizesse a partir daquele momento mudaria seu destino para sempre.
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Atualizado até capítulo 100
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