Assim que Liam parou o carro em frente ao dormitório, me apressei em sair. Não queria prolongar aquele momento estranho entre nós.
— Nos encontramos amanhã — ele disse casualmente, com aquele tom despreocupado de sempre.
Assenti com a cabeça, sem dizer nada, e entrei no prédio. O corredor estava silencioso, e eu imaginei que Olívia e Carol já estivessem dormindo. Conferi o relógio no celular: 23h. Tentei abrir a porta do quarto o mais silenciosamente possível e fui direto para a cama, me jogando sobre os lençóis. O cansaço me atingiu de uma vez, mas o peso no meu peito não me deixava dormir. As lágrimas vieram novamente, silenciosas e pesadas, até que, sem perceber, adormeci.
Na manhã seguinte, acordei com o som abafado das meninas se movimentando pelo quarto.
— Bom dia, dorminhoca — Carol brincou, enquanto escovava os cabelos.
— Bom dia — respondi, minha voz ainda rouca pelo choro da noite passada.
Peguei o celular e vi o horário: 06:30h. A primeira coisa que chamou minha atenção foi a mensagem de Liam.
"Bom dia, namoradinha. Hoje é o primeiro dia, esteja bem arrumada. Nos vemos mais tarde."
Revirei os olhos. Esse apelido já estava me irritando. Abri a conversa com Ben por impulso, mas lembrei que o tinha bloqueado no mesmo dia do acontecimento. Suspirei fundo e mandei uma resposta rápida para Liam.
"Bom dia. Ok."
— Você tá bem? — Olívia perguntou, me observando com atenção.
— Tô sim. Só... cansada — murmurei, levantando para pegar minhas coisas e ir para o banho.
Depois de me arrumar com uma das roupas que comprei ontem, saí com as meninas para o café da manhã no campus. O vestido simples e os tênis novos me faziam sentir diferente, como se estivesse tentando me encaixar em uma nova versão de mim mesma.
Assim que passamos pela porta do dormitório, avistei Liam encostado em uma árvore, quebrando um graveto entre os dedos. Ele estava com seu estilo de sempre: calça jeans escura, jaqueta de couro e aquele olhar de desdém que parecia ser sua marca registrada. Seu cabelo loiro bagunçado pelo vento só reforçava sua imagem de bad boy filhinho de papai.
— O que ele tá fazendo aqui? — Carol perguntou em um tom de surpresa.
— Eu... preciso falar com ele — respondi hesitante, sentindo o olhar das meninas sobre mim.
Respirei fundo e fui até ele, enquanto Olívia e Carol cochichavam entre si. Assim que me aproximei, Liam ergueu os olhos lentamente e lançou um sorriso torto.
— Bom dia, namoradinha — disse, cruzando os braços.
Revirei os olhos.
— Para de me chamar assim. — A palavra namoradinha já estava começando a me dar nos nervos. Respirei fundo, tentando manter a compostura.
Ele riu baixinho.
— O que você quer agora, Liam? — perguntei, cruzando os braços.
Ele deu uma olhada na minha roupa e arqueou uma sobrancelha.
— Tá agradável... pode melhorar. — Comentou, como se estivesse analisando um projeto.
Revirei os olhos, sentindo a irritação crescer.
— Ótimo, obrigada pela avaliação, agora posso ir tomar café? — disse com sarcasmo.
— Vamos. Vim te buscar para tomarmos café juntos.
— Por quê? — perguntei desconfiada.
— Porque é isso que todos os namorados fazem, duh. — Ele piscou, se divertindo com a minha reação.
Dei um suspiro exasperado.
— Tá legal, vamos logo. — Falei, sem paciência para discutir.
Virei para trás e vi Olívia e Carol ainda me esperando, olhando para nós com expressões curiosas. Liam percebeu e, sem perder a pose, caminhou comigo até elas.
— Bom dia, meninas. — Ele disse com aquele tom casual, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta de couro.
— Bom dia, Liam. — Elas responderam quase em coro, trocando olhares intrigados.
Carol foi a primeira a perguntar:
— O que você tá fazendo aqui no dormitório feminino?
Ele sorriu de canto e respondeu com uma naturalidade impressionante:
— Vim buscar minha namoradinha para tomarmos café juntos.
As duas se entreolharam com olhares cheios de surpresa, e então, quase em sincronia, repetiram:
— Namoradinha?
Olívia cruzou os braços e olhou para mim com um sorriso suspeito, enquanto Carol mordeu o lábio para segurar uma risada.
— Sério, Kira? — Olívia perguntou, claramente se segurando para não soltar alguma piadinha.
Fiz um sorriso falso e dei de ombros.
— Surpresa! — disse de forma exagerada, apontando para frente. — Vamos nessa?
Liam apenas observava a interação com um olhar divertido, como se estivesse adorando meu desconforto.
Caminhávamos em direção ao refeitório, Carol e Olívia do meu lado direito, e Liam do outro. Ele parecia completamente relaxado, com aquele ar de superioridade irritante, enquanto eu tentava ignorar os olhares curiosos que já começavam a surgir ao nosso redor.
De repente, senti Liam roçar a mão na minha, tentando segurá-la discretamente. Instintivamente, me esquivei, fingindo ajeitar minha bolsa. Mas ele não desistiu, e logo se inclinou em minha direção, sussurrando:
— Não esquece do contrato, namoradinha.
Fechei os olhos por um segundo, reprimindo um suspiro frustrado. Eu me lembrei claramente da cláusula que ele fez questão de incluir no "contrato", dizendo que deveríamos andar de mãos dadas para convencer todo mundo. Revirei os olhos, odiando a mim mesma por ceder, e estendi minha mão esquerda para ele de má vontade.
Assim que nossas mãos se entrelaçaram, senti Carol e Olívia pararem de falar por um instante. Elas se entreolharam, e então voltaram a andar, mas pude perceber que prendiam a respiração como se tentassem processar o que estavam vendo.
— Meu Deus... — murmurou Olívia, sem acreditar.
— Isso é mesmo real? — Carol cochichou, ainda olhando para nossas mãos.
Eu queria cavar um buraco e desaparecer, mas era tarde demais para voltar atrás. A cada passo que dávamos pelo campus, os olhares sobre nós aumentavam. Cochichos vinham de todos os lados, e eu podia sentir cada olhar queimando em mim como se estivesse fazendo algo proibido.
— Tá vendo só? Todo mundo acredita. — Liam murmurou com um sorriso satisfeito, apertando minha mão um pouco mais.
Eu não estava achando graça nenhuma. O pior foi quando passamos por um grupo de garotas populares da faculdade, aquelas que andavam com roupas impecáveis e cabelo sempre perfeito. Uma delas, uma loira de rabo de cavalo alto e olhar maldoso, não se conteve:
— Como um cara influente desse nível tá namorando... qualquer uma?
Parei por um segundo. O ódio subiu pela minha garganta como uma onda. Meus dedos se contraíram em volta da mão de Liam, e eu quase a soltei. Mas ele percebeu e segurou com mais firmeza.
— Respira, namoradinha. — Ele sussurrou, ainda com aquele tom zombeteiro, mas agora com um toque de seriedade. — Não vamos perder a pose, né?
Respirei fundo, tentando ignorar, mas não consegui evitar de lançar um olhar fulminante para a garota que fez o comentário. Ela apenas revirou os olhos e riu com suas amigas.
Carol, percebendo minha expressão, se aproximou e falou baixinho:
— Não liga pra elas, Kira. Você não precisa provar nada pra ninguém.
Liam soltou uma risadinha baixa.
— Eu concordo com a Carol. E também acho que você deveria aprender a se divertir mais com isso.
— Eu te odeio. — Sibilei, ainda irritada, sem olhar para ele.
— Eu sei. — Ele riu, balançando nossas mãos propositalmente, como se fôssemos um casal apaixonado.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 71
Comments
Elenic Matos
não vai pintar nenhum brejinho?
2025-04-08
0
Elza Lima Cavalcante
só quero ver onde vai dar isso
2025-03-19
0
Chirley Silva
amando❤️❤️quero só vê quando o amor os pegar de jeito 😍
2025-03-23
2