A música alta e os risos suaves de conversas ao redor pareciam quase abafados pelo turbilhão de pensamentos na minha cabeça. Carol, animada como sempre, me ofereceu uma taça de champanhe, mas meu olhar estava fixo em encontrar Ben. Eu estava morrendo de curiosidade para ver sua reação ao me ver ali, de vestido, maquiagem e joias. O que ele diria? Ele me reconheceria?
As pessoas se moviam ao meu redor, mas eu não conseguia desviar os olhos do salão, procurando-o, esperando o momento em que nossos olhares se encontrariam. Quando finalmente o vi, minha respiração se acelerou. Ele estava conversando com alguns homens, todos em trajes impecáveis, e ele estava simplesmente deslumbrante. O terno escuro, a postura confiante, o jeito como ele sorria… Ben parecia o centro de tudo.
E então, quando ele me viu, seus olhos encontraram os meus. Um pequeno choque no seu rosto, algo que eu não consegui decifrar. Mas o que ele estava pensando? Será que ele não me reconheceu? Ou será que ele não gostou do que viu?
Comecei a caminhar em sua direção, mas meu coração disparava. Eu estava prestes a dizer algo, até que uma jovem apareceu, agarrando o braço de Ben com familiaridade. O peso daquilo me atingiu com uma força inesperada. Ela parecia tão à vontade, como se já fosse parte da vida dele, e a maneira como se aproximou dele fez meu estômago virar. A dor foi imediata e amarga.
Em vez de continuar caminhando até Ben, meus pés começaram a andar para trás, quase que instintivamente, como se meu corpo estivesse me alertando para não me aproximar mais daquela cena. Mas, no momento em que dei os passos para trás, esbarrei em um garçom. A bandeja de champanhe voou pelo ar, e o barulho das taças quebrando foi estrondoso, fazendo todos ao redor parar e olhar.
O tempo parecia ter desacelerado, e o olhar de todos foi imediatamente voltado para mim. Eu me senti como se estivesse afundando em um buraco, a vergonha me consumindo. Meu rosto estava quente, meu corpo congelado em pânico. Não só eu estava causando uma cena no meio de uma festa luxuosa, mas o motivo disso era algo que eu preferia esquecer.
Rapidamente, tentei me recompor, levantando-me do chão o mais rápido possível. Eu queria fugir dali, me esconder, mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, Ben apareceu ao meu lado, oferecendo a mão para me ajudar. Ao seu lado, estava a jovem que estava com ele, com uma expressão preocupada no rosto.
— Kira, você está bem? — Ben perguntou com um tom suave, mas sua expressão estava distante, quase perplexa.
Antes que eu pudesse responder, a jovem, com uma voz doce e preocupada, perguntou:
— Querida, você está bem? — Ela me olhou com simpatia, mas algo na sua atitude parecia distante, como se estivesse analisando minha reação.
Tentei me levantar rapidamente, forçando um sorriso, mas tudo em mim estava gritando para fugir daquele lugar, daquela situação. A vergonha estava estampada no meu rosto.
— Sim, está tudo bem — respondi, minha voz mais fraca do que eu gostaria.
A mulher, que ainda segurava o braço de Ben, olhou para ele com uma suavidade no olhar, e então, com um sorriso confiante.
— Ben, querido, essa que é sua amiga Kira? — ela perguntou, quase como uma confirmação, e eu senti um calafrio percorrer minha espinha.
Ben apenas balançou a cabeça, sem dizer nada, como se a pergunta não fosse digna de uma resposta mais profunda. Um silêncio desconfortável se seguiu.
Foi então que a jovem se apresentou com elegância.
— Prazer, eu sou Alicia, a noiva de Benjamin.
O impacto das palavras dela me atingiu como um soco no estômago. Eu não sabia o que fazer ou o que dizer. Tudo o que eu consegui foi ficar parada, congelada no lugar, com a sensação de que eu não tinha mais espaço ali. Eu era apenas uma garota sem importância, que agora estava sendo dispensada em favor de algo maior, mais importante.
Ben parecia desconfortável, mas não disse nada. Alicia olhava para mim com uma calma de quem tinha tudo sob controle, e eu, por outro lado, me senti ainda mais invisível.
Tudo o que eu queria era fugir dali, mas o que eu faria? Eu não tinha para onde ir.
— Kira Hendricks — disse, forçando um sorriso ao cumprimentar Alicia. — Amiga de Benjamin.
Aquelas palavras saíram da minha boca como um deboche, mais para mim mesma do que para ela. O peso da situação era esmagador, e todos ao redor estavam observando, analisando cada movimento. Eu não queria ser a coitada. Já estava magoada o suficiente, mas não deixaria que ninguém visse o quanto eu estava ferida por dentro. Eu não queria mais ser vista como a pessoa que sempre se deixava rebaixar, que sempre ficava quieta, sofrendo em silêncio.
Alicia, com aquele sorriso perfeito e encantador, parecia não notar o desconforto que eu sentia. Ela foi educada, mas suas palavras não ajudaram. Ela disse, com a voz suave:
— Sei que você está sozinha, se quiser, pode fazer companhia para a gente.
Eu já estava prestes a responder, quando, por um golpe de sorte ou acaso, vi Liam entrando no salão. Naquele momento, ele representava uma chance de escapar, de fazer algo que mudasse o rumo daquela situação.
Por impulso, como um reflexo de alguém desesperado, disse, com um sorriso forçado:
— Mas eu não estou sozinha. — Então, ri, tentando esconder a ansiedade crescente.
E, ao mesmo tempo, chamei Liam, esperando que ele fosse me salvar daquele pesadelo social. Minha mente estava correndo a mil, rezando para que ele, por mais rabugento e arrogante que fosse, aceitasse o papel que eu estava forçando a ele.
Liam apareceu, caminhando até nós com uma expressão impassível, sua postura naturalmente distante, mas ao menos ele estava ali. Eu segurei sua mão com firmeza, sentindo a tensão no ar, e completei minha frase:
— Eu não estou sozinha, viram? Este é o meu namorado.
O impacto das palavras foi imediato. A reação de Ben foi instantânea. Seus olhos passaram de um choque visível para algo que eu não consegui decifrar à primeira vista, mas logo percebi o que era: ódio. Uma fúria silenciosa, quase palpável, parecia emanar dele, e eu não pude deixar de me sentir estranha ao ver aquela mudança. Era como se eu tivesse tocado uma ferida nele, uma ferida que ele tentava esconder.
Com o olhar ainda fixado em Ben, me despedi rapidamente de ambos, ignorando qualquer tentativa de prolongar a conversa. Eu não queria ficar ali mais um segundo. Sem olhar para trás, arrastei Liam para a lateral, para longe do centro da festa.
— O que foi isso? — Liam perguntou, seu tom neutro, mas a leve curiosidade na sua voz não passou despercebida.
Eu não sabia exatamente o que responder, mas não me arrependo. Àquela altura, o que importava era me sentir no controle, mesmo que fosse por um breve momento.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Ameles
kkkk pimenta nós olhos dos outros é bom, vc pode enganar e trair ela, mas ela não pode se ferrou mesmo que de mentira
2025-04-04
2
Irene Saez Lage
Há aí sim hein não esperava isso em Sr Ben Jumbo trocado não dói gostei
2025-03-12
0
Cristiane F silva
Pelo menos N será mas enganada e pode dá a volta por cima
2025-03-17
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