Capítulo 15 - Podre de Rico.

Liam colocou uma música baixa no rádio, uma melodia suave preenchendo o silêncio dentro do carro. Ele parecia relaxado, tamborilando os dedos no volante no ritmo da música, enquanto eu estava perdida em pensamentos. O peso das sacolas no banco de trás parecia uma lembrança constante do que acabara de acontecer.

Minha mente girava com a ideia de chegar no dormitório carregando todas aquelas sacolas. A imagem das meninas do dormitório olhando para mim com aquele olhar curioso e julgador me deixou inquieta. Elas já deviam estar comentando sobre o que aconteceu na festa de ontem, e agora, se me vissem com tantas sacolas de uma loja que claramente não era do meu orçamento, iam pensar que... que eu estava usando Liam.

Revirei os olhos para mim mesma e suspirei. Eu não podia permitir isso.

— Liam... — chamei hesitante.

— Hm? — Ele respondeu, sem desviar os olhos da estrada.

Apertei os lábios, encarando a janela por um momento antes de falar.

— Eu... eu não posso voltar para o dormitório com todas essas sacolas. — Senti minhas bochechas queimarem ao dizer isso. — Seria ridículo demais, todo mundo vai pensar que estou me aproveitando de você.

Ele lançou um olhar de soslaio para mim, um meio sorriso surgindo em seus lábios.

— Mas você está se aproveitando de mim. — Disse de forma casual, como se fosse óbvio.

Bufei, cruzando os braços.

— Você sabe o que eu quero dizer, Liam. Eu já sou motivo de fofoca suficiente, e isso só vai piorar as coisas.

Liam suspirou, parecendo ponderar.

— Certo... — Ele deu uma virada brusca à direita, pegando uma rua que eu não reconhecia. — Então vamos guardar tudo na minha casa.

— O quê?! — Me virei para ele, surpresa. — Na sua casa? Você ficou maluco?

Ele apenas deu de ombros, com um ar tranquilo.

— É a única opção, Hendricks. A menos que você queira explicar para suas amigas que eu, seu namorado falso, comprei um novo guarda-roupa para você.

Soltei um gemido de frustração e afundei no banco.

— Eu odeio isso.

— Bem-vinda ao meu mundo. — Ele respondeu, divertido.

Não demorou muito para chegarmos a um condomínio luxuoso. Eu arregalei os olhos ao ver os portões enormes se abrirem automaticamente assim que o carro se aproximou. O lugar era de cair o queixo, completamente diferente de tudo o que eu estava acostumada. As ruas eram arborizadas, as casas tinham uma arquitetura moderna, e tudo parecia digno de revista.

— Você mora aqui? — Perguntei, ainda em choque.

— Sim. Não é um castelo, mas dá para o gasto. — Ele respondeu com desdém, estacionando em frente a uma enorme casa de dois andares com um jardim impecável.

Engoli em seco.

— Posso esperar aqui no carro? — Perguntei, tentando evitar entrar.

Ele me lançou um olhar icônico, arqueando uma sobrancelha com aquele típico ar de superioridade que só ele conseguia ter.

— E eu sou o quê? Seu empregado para ficar carregando todas as suas coisas que, aliás, eu comprei? — Sua voz era carregada de sarcasmo.

Revirei os olhos, soltando um suspiro pesado.

— Tá bom, tá bom... — Murmurei, abrindo a porta e saindo do carro.

Fui até o porta-malas e comecei a pegar algumas das sacolas. Liam, claro, pegou as últimas sem demonstrar nenhum esforço e fechou o compartimento com um movimento ágil. Caminhamos até a porta da casa, e ele digitou uma senha na tranca digital, o que fez um pequeno bipe soar.

— Seja bem-vinda à minha casa, namoradinha. — Disse ele, sua voz pingando sarcasmo enquanto segurava a porta aberta para mim.

Respirei fundo e entrei hesitante, meus olhos imediatamente sendo capturados pelo ambiente luxuoso. A casa era espaçosa e decorada de uma forma elegante, com móveis modernos e sofisticados. O piso de madeira polida refletia a luz suave que vinha dos lustres pendurados no teto alto.

— Uau... — Deixei escapar sem querer.

— Surpresa? — Ele riu, fechando a porta atrás de nós. — Aposto que nunca viu algo assim de perto.

Lancei-lhe um olhar de soslaio.

— Não sou tão simplória assim, Liam. Já vi casas bonitas antes. — Mentira. Nunca tinha visto algo tão luxuoso pessoalmente.

Ele sorriu de lado, jogando as sacolas no sofá de couro preto no centro da sala.

— Relaxe, Hendricks. Não estou te julgando... muito.

Bufei, colocando minhas sacolas ao lado das dele.

— Você mora sozinho aqui? — Perguntei, olhando ao redor da casa impecável e sofisticada.

Liam se jogou no sofá com um ar despreocupado, pegando o controle remoto e ligando a TV.

— Varia. A casa é minha, mas meus pais aparecem de vez em quando para fiscalizar se não transformei tudo em uma república. — Ele deu de ombros, como se não fosse nada demais.

Franzi o cenho, sentando-me cautelosamente na beira do sofá.

— Mas... como você consegue bancar tudo isso? — Minha curiosidade era genuína. Eu sabia que ele era rico, mas isso aqui era outro nível.

Ele sorriu de canto, olhando para mim como se minha pergunta fosse óbvia.

— Minha família é dona de algumas das maiores empresas da Geórgia. — Ele falou com tanta naturalidade que me deixou boquiaberta.

Peguei meu celular imediatamente, digitando o nome que ele mencionou. Quando a página carregou, meus olhos se arregalaram ao ver a magnitude do império da família dele. Havia uma seção sobre a história da empresa e, logo abaixo, uma foto de família. Liam estava lá no fundo, meio escondido, mas ainda assim era inconfundível.

Meu coração acelerou e senti meu mundo girar.

— Meu Deus... — Murmurei, olhando de volta para ele, que parecia se divertir com a minha reação.

— Surpresa? — Ele riu, cruzando os braços atrás da cabeça.

— Você... você é tipo... podre de rico. — Gaguejei, ainda encarando a tela do celular.

— Eu preferiria dizer bem-sucedido. — Ele piscou para mim com um sorriso arrogante.

Eu respirei fundo, tentando absorver a informação chocada.

— Liam, o que eu estou fazendo aqui? — Perguntei mais para mim mesma do que para ele.

Ele riu, pegando uma das sacolas de compras e jogando-a no meu colo.

— Vivendo a vida, namoradinha. Relaxa.

Eu encarei a sacola como se fosse uma bomba prestes a explodir. Será que eu tinha me metido em uma enrascada maior do que imaginava?

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