O tempo havia parado, mas a missão estava longe de terminar. Shawdon, como sempre, estava distante. Seus olhos, afundados em pensamentos profundos, refletiam a complexidade do que haviam enfrentado. Cada respiração parecia uma eternidade, como se o próprio espaço ao seu redor estivesse tentando absorver a gravidade de suas decisões.
Ryuuto observava tudo em silêncio, seu olhar pesado sobre Shawdon. Ele sabia que o líder estava mais do que apenas cansado; ele estava dividido. Não por dúvidas sobre sua capacidade de liderar, mas sobre o que viria a seguir. Eles haviam enfrentado uma força impossível, algo que nem as sombras da morte poderiam simplesmente apagar.
— Você sabe que não podemos continuar assim, não é? A voz de Ryuuto cortou o silêncio, seus olhos fixos na figura imponente de Shawdon.
Shawdon não se virou imediatamente, sua mão ainda segurando com firmeza a empunhadura da espada, os dedos apertando a lâmina com uma força quase desumana.
— Eu sei. Sua voz era fria, mas havia algo mais por trás dela, uma tensão que só Ryuuto conseguia identificar. — Mas aonde mais podemos ir? Como podemos lutar contra algo que não sabemos o que é, ou de onde vem?
Ryuuto deu um passo à frente, com a expressão séria e calculada que ele usava apenas em momentos cruciais. Sabia que Shawdon não cederia facilmente, mas havia algo mais naquele silêncio, algo que os outros não conseguiam compreender ainda.
— Nós encontramos pistas. Ele disse com firmeza. — A entidade não está só aqui. Está em outros planos, em outras dimensões. Não está apenas 'aguardando', está se preparando. Podemos ser a última linha de defesa contra algo muito maior do que imaginamos.
Aquelas palavras caíram pesadas, não por serem novas, mas por sua verdade inescapável. Shawdon sabia que, ao voltar àquele lugar, algo o estava vigiando, algo que nem ele conseguia ver, algo que havia sido deixado para trás de maneira intencional, um eco no tempo.
Em meio ao silêncio que os envolvia, Iris, que havia estado absorta em suas próprias descobertas, finalmente se aproximou. Suas mãos estavam sujas de tinta e anotações, como se ela tivesse rabiscado o universo inteiro em busca de respostas.
— Shawdon, tem algo que você precisa ver. Ela disse, seus olhos brilhando com uma energia que só surgia quando algo importante estava prestes a ser revelado.
Sem dizer uma palavra, Shawdon seguiu até onde ela estava, seus passos firmes e pesados, mas com uma calma que só ele possuía. A tela diante dele piscava, projetando uma série de símbolos que ele não reconhecia imediatamente.
— Esses símbolos... Shawdon murmurou, aproximando-se da tela. — Eles... são do mesmo tipo daquela entidade que enfrentamos. Mas o que isso significa?
Iris apontou para um símbolo específico, seu dedo traçando os contornos delicados da linha que iluminava o mapa digital.
— Esses símbolos não são apenas uma linguagem. Eles são marcas. Marcas que indicam pontos de convergência entre dimensões. Ela disse, seus olhos fixos em Shawdon. — Eu os vi em uma antiga gravação de uma expedição que realizamos, mas nunca imaginei que fossem tão... significativos. Eles apontam para a origem de algo, algo muito antigo. Algo que não deveria existir.
O choque percorreu o corpo de Shawdon, mas ele manteve sua postura inabalável. Ele sabia que o tempo estava se esgotando, e, ao que parecia, cada pista só os levava mais fundo em um abismo que não poderia ser ignorado.
— Essa entidade... é uma das primeiras. Shawdon murmurou para si mesmo. — Ela não é apenas poderosa, é primordial. Se for liberada, pode destruir tudo. Não só aqui, mas em todas as dimensões possíveis.
Lyra, que estava ouvindo em silêncio, deu um passo à frente.
— Temos um caminho a seguir então? Sua voz era calma, mas havia um brilho determinado em seus olhos. Ela sempre foi a mais tranquila do grupo, mas sabia que, naquele momento, as escolhas feitas seriam cruciais para todos eles.
Shawdon se virou para olhar o grupo, um leve suspiro escapando de seus lábios. O peso de suas palavras era óbvio, mas ele sabia que as decisões seriam tomadas em conjunto, como sempre deveriam ser. Eles não estavam mais lidando com uma simples entidade, mas com o destino de tudo o que existia.
— Sim. Ele finalmente respondeu, sua voz firme, mas com a mesma carga de tensão. — Agora é uma corrida contra o tempo. Precisamos entender o que está por trás desses símbolos. Precisamos descobrir a origem dessa entidade, onde ela foi selada, e garantir que ela nunca mais seja libertada.
Caden, que até então estava em silêncio, olhou para Shawdon com uma intensidade rara.
— Se é algo primordial, como vamos derrotar isso? Sua pergunta foi direta, sua voz carregada com um ceticismo que nenhum deles podia ignorar. Ele sabia que as batalhas que haviam enfrentado até ali não se comparavam ao que estava por vir.
Shawdon permaneceu em silêncio por um momento. Ele olhou para cada um de seus companheiros, o olhar pesado, mas determinado. Então, finalmente, ele falou, sua voz mais sombria do que nunca.
— A resposta não está em derrotá-la. A resposta está em impedir que ela jamais possa ser libertada. E para isso, vamos precisar de mais do que apenas força. Vamos precisar de algo que transcenda nossas habilidades. Vamos precisar entender o que está em jogo.
Aquelas palavras ecoaram no ar, como uma promessa inquebrantável.
Os cinco membros do grupo, cientes da missão que agora estava diante deles, sabiam que não havia mais volta. O futuro de todas as dimensões estava em jogo, e, apesar de todo o medo que poderia assolar seus corações, havia uma única coisa em que podiam confiar: juntos, eles não seriam facilmente derrotados.
Shawdon deu um último olhar para o horizonte, a neblina da noite começando a se dissipar, mas o caminho à frente permanecendo sombrio e incerto. Eles haviam começado a caminhar, e não havia mais como parar.
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Atualizado até capítulo 43
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