Aquele momento parecia suspenso no tempo, como se o universo inteiro estivesse segurando a respiração. A entidade que Shawdon havia derrotado não havia se extinguido por completo; suas últimas forças haviam sido canalizadas para algo muito maior, algo que transcendeu as leis que mantinham o mundo intacto.
O espaço ao redor de Shawdon e seus companheiros se distorcia, como se as fronteiras entre as realidades estivessem sendo rasgadas. O céu se tornava um emaranhado de cores indescritíveis, e o chão parecia derreter, se estendendo e se contraindo, como se a própria matéria estivesse perdendo sua estabilidade. Cada respiração de Shawdon parecia ressoar com um eco cósmico, como se o próprio tecido da realidade estivesse reagindo à sua presença.
— O que é isso...? — Caden sussurrou, sua voz repleta de uma ansiedade que não conseguia esconder.
Shawdon permaneceu em silêncio, observando o vazio diante de si. Ele sentia isso. O despertar do caos. Algo muito antigo e muito poderoso estava se aproximando, e eles estavam no epicentro de sua manifestação.
A criatura destruída havia sido apenas a ponta do iceberg. Ela não era o agente da destruição, mas sim o catalisador. Algo maior estava prestes a nascer, e, pela forma como o mundo ao redor deles se desintegrava, Shawdon sabia que o tempo estava se esgotando.
De repente, uma rachadura se formou no espaço, uma fenda de pura escuridão, e algo começou a emergir de dentro dela. Não era uma forma física, mas uma presença. Uma sensação de vazio profundo, como se a própria essência da destruição estivesse se materializando. Shawdon sentiu sua pele arrepiar, o ar se tornando pesado ao seu redor.
— A presença... não é deste mundo. — Ava disse, a voz trêmula, mas com a determinação de quem já enfrentou horrores indescritíveis. Ela tentava manter o campo de força, mas a pressão era esmagadora. — Estamos lidando com algo além de uma simples entidade.
O espaço ao redor deles começou a se contorcer de maneira ainda mais grotesca. As fendas que surgiram no ar estavam começando a se expandir, engolindo tudo em seu caminho, incluindo as próprias leis da física. O chão se esfarelava, e as estrelas no céu começavam a desaparecer, como se o universo estivesse se apagando.
Shawdon sabia que, se não agissem rapidamente, eles seriam consumidos por essa força. Mas algo dentro dele também dizia que não poderiam destruir o que estava vindo. Não da maneira que estavam acostumados.
— Shawdon! — Elara gritou, sua voz se quebrando enquanto lutava para manter a barreira de luz. — Acho que a fenda está... não é possível... está crescendo...!
Ela não estava errada. A fenda no espaço estava crescendo a uma velocidade exponencial, e o que surgia dela era algo que desafiava qualquer compreensão. Era como se a própria noção de tempo e espaço estivesse sendo desfeita, e uma força primordial estava nascendo.
Shawdon, com sua calma usual, sentiu a pressão em seu peito. Ele sabia que, para salvar o que restava do mundo, ele precisaria ir além do que já havia feito até agora. Mas a questão era: como se enfrentava uma força que não podia ser compreendida ou destruída com meios convencionais?
— Ava, Elara, Caden, preparem-se! — Shawdon disse com firmeza, sua voz cortante e cheia de autoridade. Ele sabia o que precisava fazer.
Ava e Caden se posicionaram ao lado dele, enquanto Elara ainda mantinha sua barreira, tentando reverter o colapso ao seu redor. O poder da entidade ainda estava presente, e o vórtice de caos estava prestes a devorar tudo.
— Nós não vamos deixar isso acontecer. — Shawdon disse, com uma determinação que só ele parecia possuir. Ele olhou para a fenda à frente e, com um movimento rápido, retirou sua espada da escuridão.
O que ele estava prestes a fazer era arriscado, mas não havia outra escolha. A única maneira de deter o que estava vindo era confrontando a própria essência do caos. Ele precisava destruir a conexão entre a criatura e o portal, mas para isso, teria que mergulhar dentro da fenda.
— Não, Shawdon! Isso é suicídio! — Ava gritou, vendo a decisão nos olhos de seu líder.
Mas ele não se deteve.
Com um movimento ágil e letal, Shawdon avançou para a fenda. A escuridão o envolveu, consumindo-o em um instante. Seus companheiros tentaram gritar por ele, mas suas palavras se perderam no vácuo da distorção. Eles sabiam que, se não conseguissem impedir o que Shawdon estava fazendo, o mundo como conheciam acabaria.
Dentro da fenda, Shawdon sentiu um vazio absoluto. A escuridão o engoliu, mas ele não perdeu a compostura. Ele sabia que a única maneira de deter a expansão do caos era enfrentando a fonte de sua origem. Ele sentiu uma presença lá, algo que nunca deveria ter sido liberado, e sabia que não poderia falhar.
Mas o que Shawdon encontrou dentro da fenda era algo além de sua capacidade de compreensão. Não era uma entidade simples, mas a própria essência do caos universal. Ele sentiu suas memórias sendo fragmentadas, sua mente sendo consumida por uma força muito maior do que ele imaginava.
— Quem... é você? — Shawdon murmurou, sentindo sua própria identidade sendo dilacerada.
A presença diante dele não respondeu com palavras. Em vez disso, uma onda de poder primordial inundou sua mente, e ele sentiu sua alma sendo puxada para o abismo. Mas ele não desistiu. Ele lutou contra a corrente, com toda a força que tinha, sabendo que o destino de todo o universo dependia de sua resistência.
O que aconteceria a seguir seria incerto, mas Shawdon sabia que, de alguma forma, ele tinha que impedir o caos de se espalhar. Ele não seria o herói que o mundo conhecia, mas, naquele momento, ele se tornaria o guardião da existência, custe o que custar.
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Atualizado até capítulo 43
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