capítulo 2

Ecos do Passado

A noite caiu rapidamente, cobrindo a cidade com um manto silencioso. Rafael se sentou na sala da casa onde cresceu, encarando um álbum de fotos antigas. As imagens de sua mãe sorridente, dele quando criança, e até de momentos ao lado de Miguel, pareciam um cruel lembrete de tudo que ele havia perdido.

Ele folheava as páginas com cuidado até que uma fotografia específica chamou sua atenção. Era de um dia no lago, os dois abraçados, sorrindo como se o mundo fosse deles. Rafael sentiu o peso da saudade e da mágoa ao mesmo tempo. Ele fechou o álbum com força, como se quisesse enterrar aquelas memórias.

Um som repentino na varanda o tirou de seus pensamentos. Passos. Ele se levantou, o coração acelerado, e foi até a porta. Ao abri-la, lá estava Miguel.

Seus olhos se encontraram, e o tempo pareceu congelar. Miguel estava diferente. Os anos haviam deixado marcas suaves em seu rosto, mas seus olhos tinham a mesma intensidade de antes. Ele parecia nervoso, as mãos tremendo levemente enquanto segurava o chapéu que costumava usar.

— Rafael… — começou Miguel, a voz baixa, quase um sussurro.

Rafael cruzou os braços, tentando manter a compostura.

— O que você quer, Miguel? — perguntou, direto, sem esconder o tom de cansaço.

Miguel respirou fundo, buscando coragem.

— Eu soube que você voltou... Quis vir falar com você.

— Falar? Agora? Depois de todos esses anos? — Rafael soltou uma risada amarga. — Acho que é um pouco tarde pra isso, não acha?

— Eu sei — admitiu Miguel, abaixando o olhar. — Mas eu não podia deixar passar essa chance. Eu… eu só quero pedir desculpas. Por tudo.

Rafael deu um passo para trás, como se as palavras o tivessem atingido. Ele esperava muitas coisas de Miguel, mas um pedido de desculpas sincero não era uma delas.

— Desculpas? É isso? Você acha que um pedido de desculpas vai apagar o que aconteceu? — A voz de Rafael ficou mais firme, carregada de dor.

— Não, eu sei que não. Eu não estou aqui pra apagar nada. Estou aqui porque precisava dizer isso. Eu estraguei tudo, Rafael. Machuquei você, machuquei a nós dois. Passei anos tentando entender como fui tão estúpido.

Rafael o encarou por um longo momento, lutando contra as emoções que surgiam. Ele queria gritar, mandá-lo embora, mas também queria ouvir mais. Uma parte de si ainda se importava, e isso o enfurecia.

— Você acabou comigo, Miguel — disse, finalmente, com a voz tremendo. — Eu confiei em você mais do que em qualquer pessoa. E você destruiu isso.

Miguel deu um passo à frente, a dor em seus olhos evidente.

— Eu sei. E eu me odeio por isso todos os dias. Eu não espero que você me perdoe, Rafael, mas precisava dizer que eu nunca parei de pensar em você. Nunca parei de te amar.

O silêncio que se seguiu foi quase insuportável. Rafael desviou o olhar, sentindo lágrimas ameaçarem cair.

— Você não pode simplesmente aparecer aqui e dizer essas coisas, Miguel. Não é justo.

— Eu sei que não é justo. — Miguel deu um passo para trás, respeitando o espaço de Rafael. — Mas eu precisava tentar. Só queria que você soubesse…

Ele hesitou, como se houvesse mais a dizer, mas decidiu não forçar.

— Boa noite, Rafael. — Miguel virou-se e começou a descer os degraus da varanda.

Rafael ficou parado ali, observando-o ir embora. Sua mente estava uma confusão, o coração dividido entre a dor do passado e um resquício de esperança que ele tentava desesperadamente ignorar

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