Antoine Moreau escolheu um restaurante sofisticado no centro de Paris para seu encontro com Gabriela. O local era discreto, frequentado por políticos e empresários que prezavam por privacidade. Gabriela, a agente do batalhão especial, chegou pontualmente, vestindo um vestido preto que destacava sua elegância, mas sem ser chamativo. Seu cabelo ruivo estava preso em um coque solto, e seu sorriso radiante era a mistura perfeita de charme e mistério.
Antoine estava esperando em uma mesa reservada no fundo do restaurante, com uma taça de vinho já em mãos. Quando viu Gabriela entrando, ele se levantou para cumprimentá-la, seus olhos brilhando de interesse.
— Gabriela, você está deslumbrante — disse ele, segurando sua mão e inclinando-se levemente para beijar sua bochecha.
— Antoine, o prazer é meu — respondeu ela, com uma voz suave, mas firme, que imediatamente captou sua atenção.
Eles se sentaram, e Antoine começou a conduzir a conversa com sua habitual elegância. Ele fazia perguntas sobre sua suposta carreira como consultora de arte e seu "amor" por literatura e ópera, tópicos cuidadosamente inseridos no perfil falso. Gabriela respondeu com facilidade, mantendo um equilíbrio perfeito entre inteligência e vulnerabilidade.
Enquanto a conversa fluía, Gabriela discretamente executava a parte mais delicada da missão. Em sua bolsa, havia dispositivos de escuta e rastreamento que ela precisava colocar em Antoine sem que ele percebesse.
— Você parece diferente das outras pessoas que conheci neste tipo de encontro, Gabriela — disse Antoine, inclinando-se ligeiramente sobre a mesa. — Há algo em você que me intriga.
Ela sorriu, inclinando-se também.
— Talvez porque eu prefiro falar de coisas reais, Antoine. A maioria das pessoas tenta impressionar. Eu só quero... me conectar.
Antoine pareceu encantado pela resposta, mas Gabriela sabia que ele estava analisando cada palavra. Ele era cauteloso por natureza, mas também tinha um ego que o tornava vulnerável a elogios sutis e atenção calculada.
Enquanto ele se distraía, Gabriela usou um momento oportuno para deslizar o pequeno dispositivo rastreador no bolso do casaco dele, que estava pendurado na cadeira. Ela fez isso com habilidade, sem desviar os olhos dele.
Depois de alguns minutos, Antoine sugeriu que fossem para um lugar mais privado.
— Há uma galeria de arte próxima que eu frequento. Tenho algumas peças que gostaria de mostrar a você.
Gabriela sorriu, fingindo hesitar.
— Parece tentador, mas você vai ter que me convencer melhor.
Antoine riu, encantado com o desafio.
— Confie em mim, Gabriela. Será uma experiência única.
Enquanto eles se preparavam para sair, Gabriela enviou discretamente um sinal para a equipe de Mariana, indicando que o rastreador estava ativado e que Antoine estava prestes a levá-la a outro local.
Do lado de fora, enquanto entravam no carro de Antoine, Gabriela manteve sua postura calma e confiante. Ela sabia que o próximo movimento seria crucial. Antoine não fazia ideia de que estava sendo monitorado e que, naquela noite, seria levado a um destino muito diferente do que imaginava.
Enquanto o carro se afastava pelas ruas de Paris, Gabriela sentiu a adrenalina subir. A missão estava apenas começando, e ela sabia que, em breve, Antoine enfrentaria o início da sua queda.
...***************...
O carro de Antoine parou em frente a uma galeria de arte discreta, escondida em uma rua tranquila de Paris. Ele desceu primeiro, abrindo a porta para Gabriela com a cortesia ensaiada de um homem acostumado a impressionar.
— Depois de você, mademoiselle — disse ele, com um sorriso.
Gabriela respondeu com um aceno elegante, entrando na galeria iluminada por uma luz suave que destacava as pinturas abstratas nas paredes. O lugar estava vazio, exceto por um segurança parado perto da entrada.
— Este lugar é meu refúgio — explicou Antoine, conduzindo-a até uma pequena sala nos fundos. — É onde eu venho para pensar e... me inspirar.
Gabriela caminhou pelo espaço, fingindo interesse nas obras. Sua postura relaxada escondia a tensão crescente. Ela sabia que a equipe de Mariana estava acompanhando cada movimento dela por meio do rastreador e dos microfones que tinha plantado.
— Você tem bom gosto, Antoine. Essas peças realmente dizem algo sobre você — disse ela, usando sua habilidade para mantê-lo envolvido.
Ele sorriu, claramente satisfeito.
— Eu sabia que você entenderia. É raro encontrar alguém com uma mente tão refinada.
Enquanto ele falava, Gabriela discretamente ativou um segundo dispositivo escondido em sua pulseira, que enviava um sinal de localização detalhada para a equipe do batalhão especial. Ela precisava garantir que, quando o momento chegasse, todos soubessem exatamente onde estavam.
Antoine, confiante de que estava no controle, pegou uma taça de vinho que havia preparado previamente e entregou a Gabriela.
— Às conexões especiais — disse ele, erguendo sua própria taça.
Gabriela sorriu, tocando a taça dele, mas não bebeu.
— Às conexões especiais.
Enquanto Antoine começava a falar sobre sua visão para o futuro — algo que, para Gabriela, era um discurso cuidadosamente ensaiado para atrair aliados —, ela percebeu que ele havia começado a baixar a guarda. Era a hora certa para agir.
— Antoine — disse ela, interrompendo-o. — Posso confessar algo?
Ele ergueu uma sobrancelha, intrigado.
— Claro, querida.
Ela aproximou-se, inclinando-se levemente para ele.
— Eu estava esperando por esse momento há tanto tempo. Você é... ainda mais fascinante do que imaginei.
A vaidade de Antoine brilhou em seu rosto. Ele sorriu, abaixando a taça.
— E você é ainda mais encantadora.
Foi nesse momento que Gabriela deu o próximo passo. Ela tocou suavemente a mão dele, distraindo-o, enquanto com a outra mão deslizou um pequeno spray de gás no bolso de sua bolsa. Ela apertou o botão disfarçadamente, liberando uma dose mínima de um agente que o deixaria desorientado.
Antoine começou a piscar, confuso.
— Gabriela... o que... o que está acontecendo?
Ela recuou um passo, sua expressão mudando de sedutora para profissional.
— O jogo acabou, Antoine.
Ele tentou se levantar, mas a tontura o fez cair de volta na cadeira. Nesse momento, a porta da galeria se abriu com um estrondo, e a equipe de Mariana entrou rapidamente, armas em punho.
— Antoine Moreau, você está preso — disse Mariana, caminhando até ele com uma calma letal.
Antoine tentou protestar, mas sua voz estava fraca. Ele olhou para Gabriela, traído.
— Você...
— Foi bom enquanto durou — respondeu ela, enquanto a equipe o algemava.
Antoine foi levado para uma sala segura, à prova de som, como planejado. Lá, ele foi colocado em uma cadeira confortável, mas firme, com fones de ouvido.
Mariana entrou na sala, carregando um tablet. Ela apertou um botão, e a sala começou a tocar músicas animadas de K-pop em volume médio.
— Espero que goste de BLACKPINK, Antoine. Temos uma playlist de cinco horas só para você.
Ele tentou protestar, mas Mariana aumentou o volume, deixando claro que ele não tinha escolha a não ser ouvir.
Enquanto isso, na sala de controle, Vitor, Ricardo, Daniel e Pierre observavam tudo através de câmeras.
— K-pop e prisão... é uma combinação única — disse Ricardo, rindo.
Vitor apenas observava, focado. Ele sabia que aquela era apenas a primeira parte. O próximo passo seria fazer Antoine falar. E, com as provas em mãos e o orgulho dele destruído, era apenas uma questão de tempo.
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A sala onde Antoine estava preso era austera, iluminada apenas por uma luz branca direta que acentuava sua expressão cansada e suada. Depois de horas ouvindo K-pop, sua resistência estava começando a ruir. Ele mexia os ombros e batia o pé, não por gostar da música, mas tentando encontrar algum alívio mental em meio à repetição exaustiva.
Vitor entrou na sala, acompanhado por Ricardo e Mariana. Em suas mãos, Vitor carregava a Bíblia antiga que Pierre havia retirado do cofre. Ele se aproximou lentamente de Antoine, puxando uma cadeira e sentando-se de frente para ele.
— Antoine — começou Vitor, com um tom firme, mas calmo. — Você conhece a história de Caim e Abel?
Antoine levantou o olhar, seus olhos semicerrados pela fadiga.
— O que você... o que você quer de mim?
Vitor abriu a Bíblia em Gênesis, enquanto Mariana e Ricardo permaneciam em silêncio, observando.
— Caim traiu Abel, seu próprio irmão. Por inveja, por orgulho, por desejo de controle. E o que aconteceu com ele? Ele foi marcado, condenado a vagar pelo mundo com o peso de seus pecados.
Antoine bufou, mas não disse nada.
Vitor continuou, inclinando-se mais perto.
— Assim como Caim, você traiu seu país, Antoine. Traiu as pessoas que confiaram em você, e tudo por poder. Agora, você tem a chance de confessar. Não por redenção, porque você não merece isso. Mas para que possamos corrigir os danos que você causou.
O silêncio na sala era palpável, quebrado apenas pela respiração pesada de Antoine. Finalmente, ele falou, sua voz baixa e rouca.
— Eu fiz o que precisava fazer. Giulia... ela era uma ameaça. Ela queria destruir tudo pelo que trabalhei.
Ricardo cruzou os braços, olhando para ele com desprezo.
— Você chama de "trabalho" o que fez? Alianças com contraventores, sabotagem, chantagem? Você usou a confiança do governo para se enriquecer e fortalecer criminosos.
Antoine soltou uma risada amarga.
— Vocês não entendem. O poder é um jogo, e eu joguei para vencer.
Vitor fechou a Bíblia com força, o som ecoando pela sala.
— E perdeu. Agora, você vai nos contar tudo. Cada nome, cada transação, cada conspiração. Ou vamos garantir que o resto da sua vida seja como essas últimas horas.
Mariana aproximou-se, colocando uma pilha de papéis na frente de Antoine.
— Reconhece isso? — perguntou ela, apontando para as transferências financeiras e contratos falsificados. — Estas são suas assinaturas, seus números de conta. Temos todas as provas. Você está acabado.
Antoine olhou para os papéis, seu rosto se contorcendo de frustração. Ele sabia que não tinha como escapar.
— Tudo bem... — ele murmurou, sua voz quase inaudível. — Eu falo.
Ricardo abriu um gravador e começou a registrar a confissão. Antoine revelou nomes de aliados, detalhes das operações e até mesmo as ameaças que havia feito a Clara.
...****************...
Enquanto Antoine confessava seus crimes em uma sala segura, o próximo passo do plano começou a ser executado. Com base nas informações fornecidas por ele, a equipe de Vitor, em conjunto com a polícia especial comandada por Mariana, realizou uma operação para prender Clara Santini.
Clara foi detida em seu apartamento, onde os agentes encontraram dispositivos usados para vazar informações sensíveis e rastros de comunicação direta com Antoine. Apesar de resistir inicialmente, Clara acabou admitindo, sob custódia, que havia sido coagida a colaborar com Antoine devido às ameaças contra seu irmão.
Na manhã seguinte, uma coletiva de imprensa foi organizada no Palácio Presidencial. O salão estava lotado de repórteres, todos ávidos por respostas sobre os recentes escândalos e o desaparecimento de Antoine Moreau, uma das figuras mais influentes do governo.
Vitor, vestido em seu uniforme formal de ministro da Defesa, subiu ao púlpito com um semblante sério e determinado. Ao seu lado estavam Ricardo, Daniel, e a presidente Giulia Moretti, que mantinha a postura firme, apesar da tensão evidente no ar.
— Senhoras e senhores, bom dia — começou Vitor, sua voz ecoando pelo salão. — Estou aqui hoje para esclarecer os eventos recentes e reafirmar o compromisso deste governo com a segurança e a justiça.
Ele fez uma pausa, olhando diretamente para as câmeras.
— Nos últimos meses, descobrimos uma rede de corrupção e sabotagem liderada por Antoine Moreau, uma figura até então considerada de confiança. Graças ao trabalho incansável das nossas forças policiais e das Forças Armadas, conseguimos desmantelar essa operação e garantir que os responsáveis sejam levados à justiça.
Os flashes das câmeras iluminaram o rosto de Vitor enquanto ele continuava.
— Também foi identificada a participação de Clara Santini, chefe de comunicação, que, embora tenha agido sob coação, permitiu vazamentos de informações sensíveis. Clara foi detida e está colaborando com as investigações.
Um burburinho começou entre os repórteres, mas Vitor ergueu a mão, pedindo silêncio.
— Quero deixar claro que este governo não tolera traição, corrupção ou qualquer ameaça à integridade do país. As forças policiais e as Forças Armadas trabalharam em conjunto para garantir que cada detalhe fosse investigado e que os culpados fossem identificados.
Ele olhou para Giulia, que assentiu sutilmente, antes de concluir.
— Este é um momento decisivo para a nossa nação. E saibam disso: ninguém, por mais poderoso que seja, está acima da lei. Nosso compromisso é com o povo e com a verdade.
Vitor se afastou do microfone, mas não antes de ouvir o som de aplausos de alguns jornalistas e autoridades presentes. Giulia subiu ao púlpito logo depois para reforçar o discurso de transparência e união do governo, agradecendo ao trabalho de Vitor e sua equipe.
Enquanto a coletiva continuava, Vitor observava da lateral, sentindo tanto alívio quanto preocupação. Ele sabia que essa era apenas a ponta do iceberg. Antoine estava sob custódia, Clara estava presa, mas ainda havia muitos aliados dele espalhados pelo governo e fora dele.
Essa vitória era significativa, mas a guerra ainda não havia acabado.
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Atualizado até capítulo 27
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