A noite estava silenciosa no Palácio, mas a mente de Giulia Moretti não encontrava descanso. Ela girava na cama, inquieta, os pensamentos invadindo sua paz. O dia havia sido exaustivo, e, apesar de seu autocontrole habitual, algo em Vitor Bellucci ficara gravado em sua mente.
Finalmente, o sono a venceu, mas trouxe com ele uma cena inesperada.
Giulia se viu em um corredor amplo, iluminado por uma luz dourada que parecia vir de lugar nenhum e de todos os lugares ao mesmo tempo. Ela estava vestida formalmente, mas algo em sua postura estava diferente: sentia-se leve, despreocupada.
Quando abriu a porta no final do corredor, entrou em uma sala que parecia uma mistura de escritório e academia, com móveis luxuosos e equipamentos modernos espalhados. No centro, de costas para ela, estava um homem. Ele estava sem camisa, os músculos bem definidos reluzindo sob a luz suave.
Ele virou-se lentamente, e Giulia não conteve um suspiro ao reconhecer o rosto: Vitor Bellucci.
"Presidente," ele disse, com um sorriso familiar e o tom de voz grave que parecia ecoar diretamente em sua mente. "O que a traz aqui?"
Giulia tentou responder, mas as palavras não saíam. Seu olhar estava preso no peito largo e no abdômen perfeitamente definido de Bellucci. Cada detalhe parecia exagerado, como se sua mente tivesse moldado a imagem de forma quase surreal.
"Sem palavras, presidente?" Ele perguntou, dando um passo em sua direção. A confiança em sua expressão era avassaladora.
"Eu... eu estava apenas passando," ela finalmente conseguiu dizer, mas sua voz parecia mais suave do que deveria.
Vitor deu outro passo, até estar próximo o suficiente para que ela pudesse sentir o calor que emanava dele. "Interessante. Parece que nossos caminhos se cruzam em momentos inesperados."
Ela tentou manter a compostura, mas a proximidade o tornava impossível. Ele era como um ímã, e a sensação era ao mesmo tempo perturbadora e irresistível.
"Você deveria estar... vestido," ela disse, tentando recuperar algum controle.
Ele riu baixo, um som que fez um arrepio percorrer sua espinha. "Talvez, mas não é exatamente o que parece importar agora, é?"
Sem perceber, Giulia deu um passo para trás, mas sua mão tocou a parede. Ela estava encurralada, e Bellucci se inclinou levemente, deixando a distância entre eles quase inexistente.
"Presidente," ele murmurou, os olhos fixos nos dela, "às vezes, as regras não precisam ser seguidas. Especialmente quando a atração é inevitável."
Antes que pudesse responder, Giulia acordou com um sobressalto. Estava deitada em sua cama, o quarto ainda mergulhado na penumbra da madrugada.
Ela passou a mão pelo rosto, tentando recuperar o fôlego e acalmar o coração que batia acelerado.
"Que diabos foi isso?" murmurou para si mesma, ainda sentindo a intensidade do sonho.
Giulia levantou-se, caminhando até a janela para olhar a escuridão lá fora. Algo estava claro: Vitor Bellucci estava ocupando mais espaço em sua mente do que deveria. E isso a deixava desconfortável.
Mas, enquanto o frio da noite tocava seu rosto, ela não pôde evitar um leve sorriso. Porque, apesar de tudo, o sonho havia sido... fascinante.
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Fechou a janela com um movimento decidido, tentando afastar o calor que subia por seu rosto. Caminhou de volta até a cama, mas sabia que não conseguiria dormir tão cedo. Sentou-se na beirada, passando as mãos pelos cabelos, como se isso pudesse ajudar a organizar os pensamentos tumultuados.
"Gostoso," pensou, quase como uma acusação, sentindo uma pontada de frustração consigo mesma. "Ridiculamente gostoso. E, claro, ele sabe disso."
Ela bufou, balançando a cabeça. Ele tinha o talento irritante de ocupar sua mente mesmo quando ela não queria. Seu sorriso confiante, a forma como ele a olhava... e agora, aquele maldito sonho. Era como se seu subconsciente estivesse conspirando contra ela.
"Concentre-se, Giulia," repreendeu a si mesma mentalmente. "Ele é seu ministro da Defesa, não o protagonista de alguma fantasia barata."
Mas, apesar de sua determinação, a lembrança da cena onírica insistia em voltar. O brilho do suor imaginado sobre aqueles músculos bem definidos, o tom rouco da voz dele, a forma como ele a encurralara com aquele olhar...
"Ah, pelo amor de Deus," murmurou em voz alta, levantando-se de novo. "Eu não tenho tempo para isso!"
Começou a caminhar de um lado para o outro no quarto, como se o movimento pudesse dissipar o desconforto. Mas, a cada passo, era impossível não pensar nele. Em como ele parecia sempre tão confiante, tão à vontade. Como ele conseguia equilibrar o tom profissional com aquele charme exasperante que parecia desafiar todas as barreiras que ela tentava erguer.
"E o pior é que ele faz isso de propósito," pensou, apertando os lábios. "Aquele desgraçado sabe exatamente o efeito que tem nas pessoas. Em mim."
Ela se jogou de volta na cama, encarando o teto. "Ridículo. Você é a presidente da república. A mulher mais poderosa do país. Não pode se deixar abalar por um... gostoso de uniforme."
O pensamento a fez bufar novamente, mas, dessa vez, com uma pitada de humor. Era irritante, claro, mas também havia algo... estimulante na ideia.
Virando-se para o lado, finalmente decidiu que precisava colocar limites. No dia seguinte, lidaria com Vitor Bellucci como sempre fazia: de forma profissional, firme, sem espaço para insinuações ou cantadas.
Mas, enquanto fechava os olhos, não pôde evitar um último pensamento: "Por que o infeliz tem que ser tão irresistível?"
...****************...
O amanhecer chegou, trazendo consigo uma renovada determinação para Giulia. Enquanto se vestia, ajustando o blazer impecável, ela repetia para si mesma que precisava manter o foco. Era a presidente da república, Bellucci era apenas mais um membro do gabinete — charmoso, irritantemente confiante, mas, ainda assim, um subordinado.
Mas, quando entrou na sala de reuniões para mais um encontro com seus ministros, sua determinação vacilou por um breve instante. Lá estava ele, encostado na mesa com a postura relaxada, o sorriso discreto brincando nos lábios enquanto conversava com outros membros do governo.
"Presidente," ele disse, assim que a viu, endireitando-se e oferecendo um aceno respeitoso. Seus olhos, no entanto, brilhavam com aquela intensidade que parecia destinada apenas a ela.
Giulia manteve a expressão neutra, embora sentisse o coração acelerar ligeiramente. "Controle, Giulia. Controle."
"Ministro Bellucci," respondeu, sua voz firme e profissional. "Espero que tenha trazido atualizações sobre as operações no sul."
"Com certeza, presidente," ele disse, entregando-lhe uma pasta com os documentos. "Aliás, tenho certeza de que ficará satisfeita com os resultados. Nosso planejamento foi executado com precisão."
Ela pegou a pasta, mantendo os olhos no papel, mas sentindo o olhar dele fixo em seu rosto. Ele era impossível. Não importava o quanto ela tentasse ignorá-lo, sua presença parecia consumir o ambiente.
"Ótimo trabalho, Bellucci," disse, finalmente levantando os olhos para encará-lo. "Espero que continue assim. Temos muitos desafios pela frente, e não podemos nos distrair."
"Distrações não são um problema para mim, presidente," ele respondeu, com aquele sorriso malicioso que ela conhecia bem. "Eu sou conhecido por minha... concentração."
Giulia apertou os lábios para conter a reação, mas sentiu a familiar mistura de irritação e algo mais que não queria nomear.
"Que bom, porque este governo precisa de foco absoluto," disse, em um tom que encerrava a conversa. "Agora, vamos começar a reunião."
Durante todo o encontro, Giulia fez questão de não desviar a atenção dos outros ministros e dos tópicos em discussão. Mas, mesmo assim, sentia o olhar de Bellucci pousando nela ocasionalmente, como um lembrete constante de sua presença.
Quando a reunião terminou e todos começaram a sair, ele foi o último a levantar, como sempre.
"Presidente," chamou, assim que a sala ficou vazia. "Tem um minuto?"
Ela respirou fundo, virando-se para ele. "O que foi agora, Bellucci?"
Ele deu alguns passos em direção a ela, mas manteve uma distância respeitosa. "Só queria saber se está tudo bem. A senhora parece... mais tensa do que o normal."
"Talvez porque o país inteiro esteja sob minha responsabilidade," respondeu, cruzando os braços. "Não é exatamente uma posição relaxante."
"Entendo," ele disse, o tom agora mais suave. "Mas, se me permite dizer, a senhora está lidando com tudo de forma admirável. Não sei como consegue manter tanta firmeza diante de tanta pressão."
Giulia sentiu o elogio tocá-la mais do que gostaria. "Controle," lembrou a si mesma novamente.
"Obrigada, Bellucci. Mas sei que isso faz parte do trabalho. Agora, se me der licença, tenho compromissos."
Ele assentiu, mas, antes que ela pudesse sair, disse: "Só queria que soubesse que, se precisar de apoio, estou aqui. Para o que for."
Ela parou por um momento, sem olhar para trás. "Eu sei, Bellucci. Obrigada."
Saiu da sala, sentindo o peso da conversa e a intensidade do olhar dele ainda em suas costas. Cada interação com ele parecia um jogo perigoso, mas ela sabia que precisava manter o controle.
No entanto, enquanto caminhava pelo corredor, uma pequena voz em sua mente murmurou: "Gostoso e leal. Só podia ser problema."
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Atualizado até capítulo 27
Comments
Anatalice Rodrigues
Ai que nervoso 😓. capítulo tenso é emocionante
2025-01-26
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