O DIA DO CASAMENTO

Faltavam dois dias para o casamento e Leonardo mandara por mensagem o horário e o local.

Nesses 20 dias eles não se comunicaram a não ser pelo trivial. E receber a mensagem foi um alívio, não saberia o que fazer com relação ao Bento, se Leonardo desistisse.

Pensando nisso agora, descobriu que não pensara em nada que aconteceria com ela após o casamento.

Onde iria morar?

Se o local era alugado?

Se teriam algum tipo de comemoração depois?

Aliás, ela não buscou saber absoluta nada do homem com quem estaria casada por três anos.

Mesmo sendo assustador, valeria a pena, disso tinha certeza.

Ela falou com Vilma:

_ O Sr. Aguiar mandou-me as informações do casamento, será amanhã mesmo, como previsto, as 15hs. Ele mandou o endereço do cartório.

_ Está nervosa? Perguntou Vilma.

_ Com o casamento não, com o meu pai sim. Só irei ficar tranquila quando estiver em posse da guarda e do Bento nos meus braços. Estou morrendo de saudades.

Disse Alicia e continuou::

_ Vou ligar agora mesmo para ele.

Alicia pegou o telefone e ligou para o pai.

Cristina atendeu:

_ Ola, o seu pai está ocupado, pediu para você ligar depois. Disse ela.

_ Fala para ele me atender agora. Tenho algo urgente para falar com ele.

_ Eu já falei que ele está ocupado.

_ Cristina, não me irrita. O casamento é amanhã, se não quiserem que eu acabei com essa palhaçada agora, eu melhor ele atender-me.

Seu pai falou ao telefone:

_ O que quer?

_ O casamento será amanhã às 15h. Esteja com o Bento as 14:50, nem antes e nem depois, caso contrário, o Sr. já sabe.

_ Estarei após o casamento.

_ Não foi o combinado, ou chega nesse horário, ou eu não caso. É pegar ou largar, traga os documentos prontos para serem assinados.

Alicia não esperou o pai responder e desligou.

_ Seu Joaquim, sendo seu Joaquim. Disse Vilma.

_ Estou cansada disso tudo. Olha o tal Leonardo, olhou-me como lixo, eu até desconfio que tem algo a ver com o meu pai.

_ Não quis saber o que houve? Perguntou Vilma.

_ Vilma, quando eu teria oportunidade melhor? Disse Alicia.

_ Está certa amiga, mas, eu fico triste por sua causa.

_ Eu irei ficar bem, serão apenas 3 anos.

Vilma a abraçou.

_ Vou cedo para o hotel, amanhã, para ajudar a se arrumar, mesmo sendo um casamento forçado, quero que o noivo admire a sua beleza.

_ Você é incrível, obrigada por tudo.

Elas continuaram a trabalhar.

Na casa de Joaquim, ele andava de um lado para o outro, na verdade ele não queria dar a guarda do Bento para Alicia, pois, com ele, Alicia era sua refém.

_ Drog@, eu não vou conseguir reverter isso.

_ De uma desculpa e cheguei atrasado, e daí simplesmente não passe a guarda. É somente este caminho que temos. Disse Cristina.

_ Sim, não temos outro jeito. Concordou Joaquim.

Alicia, acordou cedo, e lavou os seus cabelos, queria ele sedosos, brilhantes e secos, para poder fazer um penteado para o seu casamento.

Agora que o dia chegou ela estava ansiosa, muita coisa dependia disso.

Ela permitiu-se lembrar de tudo que ela e Bento passaram na casa de seu pai.

 Era triste saber que precisava sacrificar três anos da sua vida, devido ao egoísmo da sua família.

Estava sentada no sofá do quarto, desamparada quando a companhia do quarto tocou e Vilma entrou.

Bastou olhar para amiga, e Vilma soube que a realidade desse dia, chegara até Alicia, portanto, apenas a abraçou.

Alicia chorou nos braços da amiga, que a levou até o sofá e deitou a sua cabeça no seu colo e ficou a fazer carinho nos seus cabelos.

_ Quer desistir? Perguntou Vilma.

_ Não, eu vou casar e ser o mais feliz que poderei ser. Três anos passam rápido.

_ Porque o choro?

_ Por aquilo que poderia ter sido diferente.

Vilma compreendeu, ela sabia das mazelas que Alicia passava com a família.

_ Bem, agora não vamos chorar. Eu chamei uma manicure que daqui a pouco estará aqui para fazer as nossas unhas.

Logo a moça chegou, já era horário de almoço quando ela foi embora.

Vilma pediu um almoço especial para as duas, com um champanhe.

_ Brindemos a sua nova vida! Que ela seja abençoada! Que boas surpresas venham! Eu confio! Disse Vilma com a taça levantada.

_ Eu confio! Repetiu Alicia.

Depois do almoço, Alicia fez um tratamento na pele com os produtos naturais da sua loja.

_ Nossa, nem precisaria de maquiagem, está linda. Disse Vilma.

_ Pretendo usar pouca maquiagem mesmo.

Já passava das 13 horas e elas estavam a terminar de se arrumar.

O vestido de Alicia ficou maravilhoso no seu corpo, com caimento perfeito. Ela usava sandálias de tiras na mesma cor que o vestido.

Os seus cabelos foram arranjados para cima num coque solto, e alguns fios emolduravam o seu rosto.

Para completar, ela usava acessórios de pérolas, tal como as do vestido.

Ela passou uma maquiagem leve, deixando a boca rosada em destaque.

_ Está linda! Disse Vilma.

_ Também está. Disse Alicia, elogiando a amiga.

Vilma usava um vestido azul claro que combinava com a sua tez escura. E as suas jóias eram em prata, assim como os sapatos.

As 14h saíram do hotel, o cartório não era longe, mas ela não queria dar a oportunidade do seu pai, dizer que foi e não a encontrou.

No caminho mandou mensagem para o seu pai, novamente, ela fez isso umas cinco vezes, pois queria deixar claro que avisará.

Também ligou:

_ Estou a chegar no cartório, mandei o local novamente, não se atrase, quero você as 14:50.

Desligou o celular.

Alicia chegou ao cartório as 14:35 e Leonardo não havia chego, ela não estranhou, pois era comum as noivas se atrasar.

Foi convidada a ir até uma sala privada, onde ficaria a esperar o noivo, mas ela recusou.

Queria estar ali, na entrada esperando o seu pai e o Bento.

Ela sentou-se nas cadeiras disponíveis, o seu coração estava a mil.

_ Fica calma, vai dar tudo certo. Disse Vilma.

O coração de Alicia não se aquietava, ela sentia que não podia confiar.

O tempo foi passando, e nada do seu pai chegar, Alicia estava com dor de estômago de aflição.

Logo depois Leonardo chegou e se aproximou de onde ela estava, ele observou que ela estava linda, e sentiu algo por ela nesse momento.

_ Eu pedi para ficarmos em uma sala privada. Disse

_ Eu não aceitei, quero ficar aqui. Se o Sr. preferir pode ir. Disse Alicia, levantando da cadeira.

Ela estava agitada, a chegada de Leonardo, lhe dizia que seu tempo estava acabando.

Vilma viu quem era o noivo, e deduziu que no dia que ele foi na loja, era para saber de Alicia. Não comentou nada.

O advogado de Alicia chegou e ela foi até ele.

_ Dr. cadê os documentos? Perguntou

_ Estão aqui, mas e o seu pai?

_ Ainda não chegou.

Alicia ligou para o pai novamente, ele atendeu:

_ Onde está? Eu estou te esperando.

_ Acredito que irei atrasar um pouco. Disse o seu Pai.

Alicia surtou de vez, todo seu controle veio abaixo e ela começou a sufocar com crise de ansiedade.

Sem conseguir falar passou o telefone para o advogado.

_ Sr. Duarte, creio que o Sr. esta brincando com a minha cliente, não tem atraso, já foi deixado isso muito claro. Ou cumpre sua parte, ou saímos daqui agora.

Leonardo ouvia e observava com Murilo o desenrolar das coisas sem entender nada.

Quando ouviu as palavras do advogado, foi até Alicia e puxou-a pelo braço exigindo explicação.

_ O que está acontecendo? Por que este advogado está aqui? Quem você está esperando? E como assim vai embora? Perguntou.

Alicia puxou o seu braço e não respondeu. O advogado aproximou-se:

_ Sr. Aguiar, por favor, deixe a Srta. Alicia. Ela não tem condições de falar com o Sr. no momento. Prometo que em breve será tudo esclarecido.

Leonardo viu que realmente Alicia não estava bem e respeitou.

Faltavam poucos minutos para ser a vez deles assinarem os papéis do casamento, e uma mulher veio avisá-los.

Alicia foi até Leonardo:

_ Por favor, por favor, atrase só um pouco. Só um pouco, eu estou a implorar, eu faço o que quiser, mas atrase só um pouco.

Leonardo, olhou para a mulher, a sua frente, iria dizer algo quando a porta do cartório abriu e o Sr. Joaquim Duarte chegou trazendo um menininho pela mão.

Alicia sorriu e correu para abraçar o pequeno.

Distribui beijos por sua face e falava:

_ Meu amor, que saudade!

_ O papai disse que a tata não me queria mais. Disse o garotinho chorando.

_ O papai se enganou, eu nunca vou deixar você.

Ela puxou o menino para si, e pediu uns documentos para o pai, este entregou e ela deu para o advogado ler.

Só daí o seu pai viu a presença do mesmo e seu semblante fechou:

_ Está desconfiado de mim? Perguntou a filha.

_ Algum dia pude confiar? Respondeu.

O advogado leu e viu que ele, introduziu de maneira sutil, que Alicia abria a mão da herança de Bento.

_ Senhor Joaquim, eu acho que o Senhor, ou o seu advogado pegou os documentos errados. Neste a Sra.Alicia abre a mão da herança do Bento.

_ Nossa, e agora? Não poderemos fazer a transferência de guarda. Disse Joaquim.

_ Não, eu trouxe os documentos, é só assinarem.

Sem poder fazer nada, ele assinou e foi embora, sem dar um beijo no filho.

Leonardo observou isso.

Alicia se aproximou de Leonardo com Bento.

Agora era problema dele aceitar ou não se casar com ela.

_ Este é o meu irmão, o nome dele é Bento. Foi para ter a guarda total dele que aceitei esse casamento. Ele irá morar comigo, e serei sua tutora. Os motivos, se um dia quiser saber eu te cobrarei.

Ela continuou:

_ Se quiser casar ainda, eu continuo de acordo.

Leonardo olhou para a mulher a sua frente, e para o menino, era claro que ambos se amavam, ele tinha muitas perguntas para fazer, e não seria agora.

_ Vamos nos casar.

Alicia concordou com um sorriso.

O casamento foi rápido.

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