MAIS PROBLEMAS

Já se passaram uma semana da briga com o seu pai, Alicia fora buscar orientação com um advogado para ficar com a guarda do Bento.

Era possível, mas não fácil. O melhor caminho seria seu próprio pai renunciar a Bento.

Alicia sabia ser impossível, ele tinha em mente ficar com o dinheiro, deixado por sua mãe.

A outra forma era Alicia ajuntar provas suficientes para quer essa guarda no judiciário, assim como testemunhas.

Esse não seria um caminho fácil, então por enquanto ela ficaria atenta a cada mudança de comportamento de Bento.

Alicia, acreditava que não seria difícil o seu pai ou as outras duas, machucarem Bento e o ameaçar para que não contasse.

Sorte que na casa tinha a Dona Marli, que contava tudo para ela, e que Bento ficava na escola até tarde. O tempo que ele ficava sozinho eram de duas horas a duas horas e meia.

Alicia estava a arrumar uma prateleira quando uma senhora entrou na loja.

_ Boa tarde, posso ajudar-te? Disse com educação.

_ Ola minha querida. Lembra-se de mim?

Alicia olhou para a Sra. e lembrou, era Maisa, elas abraçaram-se com muito carinho.

_ Que prazer vê-la novamente, e por tê-la na minha loja! Disse Alicia com sinceridade.

_ Eu sinto o mesmo. Disse Maisa.

_ Veio buscar algo específico, ou só conhecer?

_ As duas coisas. Primeiro quero o creme de cabelo que a Graça levou-me, confesso que foi muito bom e o perfume é maravilhoso.

Alicia foi buscar o creme.

_ E eu tbm gostaria de um presente para o meu marido, ele fará aniversário, e queria lhe dar algo especial. O que você me sugere.

_ O que ele mais gosta? Perguntou Alicia.

_ Da família e da empresa.

_ Hum! E quando ele era criança? A Sra. sabe do que ele gostava?

_ Ele trabalhou desde muito novo, não tinha muito tempo para brincar, mas quando podia, gostava de jogar xadrez.

Alicia sorriu.

_ Talvez eu tenha o presente perfeito.

Ela buscou uma caixinha de madeira toda trabalhada em dourado.

Dentro havia um jogo de xadrez, feito de cristal de pedras, as pessoas eram furta cor, os olhos eram de quartzo verde, e alguns detalhes em fio de ouro.

O conjunto era lindo.

_ Meu Deus, o Théo vai amar. Eu acertei quando confiei nos meus instintos.

Alicia sorriu, e entregou a caixa para uma funcionária para que ela embrulha-se, assim como a pomada., enquanto isso chamou a Sra. Maisa para apreciar uma xícara de chá.

_ Não precisa chamar-me de senhora, só Maisa. Eu também gostaria de convidá-la para almoçarmos.

_ Seria muito bom, vou só avisar a Vilma e esperar o seu pacote.

Logo a funcionária veio trazer o pacote e falar o preço.

_ Deise, a pomada eu estou a dar. Disse Alicia para sua funcionária.

_ Não a necessidade disso! Respondeu Maisa.

_ Eu faço questão.

Alicia avisou a Vilma que iria almoçar e ambas deixaram loja.

_ Tem preferência de um restaurante? Perguntou Maisa.

_ Aqui perto tem um bistrô, eu gosto muito da comida e o lugar é discreto e aconchegante.

Maisa concordou e foram ao lugar indicado por Alicia.

Como está disse o lugar era aconchegante, discreto, e a comida era excelente.

Elas pediram o prato do dia, que era atum, batata e salada.

_ Me conte um pouco sobre você. Pediu Maisa.

_ Eu tenho 20 anos, a minha mãe faleceu a 10 anos, moro com o meu pai, minha madrasta, a filha dela e com o meu irmãozinho Bento.

_ Sua voz mudou totalmente quando falou de seu irmão.

Alicia sorriu.

_ Bento tem 8 aninhos, mas foi diagnosticado com infantilismo. É inteligente, estudioso, mas emocionalmente é quase um bebê.

_ Por isso todo seu carinho. Disse Maisa.

_ Sim, Bento é meu calcanhar de Aquiles.

_ Ele faz algum tratamento especial?

_ Passa por uma psicóloga.

_ Seu pai deve ser muito protetor.

Alícia suspirou e olhou para a senhora a sua frente, não falava muito sobre sua família com ninguém, mas por algum motivo sentiu que ela era confiável.

_ Meu pai, não aceita muito a condição do meu irmão. Então as vezes ele passa um pouco dos limites.

_ Eu sinto muito querida.

Alicia resolveu mudar de assunto.

_ Vamos falar da Sra.! Conte-me algo.

_ Sou casada a 35 anos, tenho um marido e um filho maravilhosos. O meu filho sofreu um acidente a 5 anos, atualmente esta em uma cadeira de roda.

Alicia fez expressão de sinto muito.

_ Apesar disso, a limitação é apenas nas pernas, o resto funciona muito bem.Disse a Maisa, sorrindo.

_ Existe a possibilidade dele voltar a andar.

_ Os médicos dizem quase 100%.

_ Nossa! Que bom! Ele faz tratamento?

_ Faz sim. Ele cuida-se. Disse a mulher.

_ Se eu puder ajudar, estarei a disposição. Disse Alicia.

_ Eu sei, gostei de você desde o início. A Graça estava muito certa em elogiar-te.

_ Obrigada, eu também gostei da Senhora. Disse Alicia a sorrir.

_ Tem namorado? Perguntou Maisa.

_ Não. Eu não tenho tempo. A loja é minha paixão, e o meu foco é nela.

_ É uma funcionária muito eficiente.

Por algum motivo Alicia confiou em Maisa para contar ser sócia proprietária.

_ Minha mãe deixou uma pequena herança para mim, e para o Bento. Usei parte da minha para abrir a loja. O resto um pouco está investido e outro eu uso quando necessário.

_ Parabéns. Disse Maisa.

O dinheiro as vezes era usado para pagar contas de jogo do seu pai, ou roupas e outras coisas da sua madrasta e filha.

O resto do almoço foi muito bom. Eram quase 14h quando se despediram.

_ Precisamos fazer isso mais vezes minha querida. Disse Maisa.

_ Com certeza. Concordou Alicia.

Ambas foram até o carro de Maisa que estava estacionado com o motorista aguardando.

Despediram-se com um abraço.

O dia de Alicia foi cheio. A noite chegou e ela foi direto para casa, rezando para que não tivesse novas surpresas.

Em casa passou no quarto de Bento, para ver como ele estava.

_ Oi meu amor! Disse beijando sua cabeça.

O garotinho sorriu feliz, ele já estava pronto para dormir.

_ Quem te ajudou hoje?

_ Eu fiz sozinho. Disse ele todo animado.

Alícia deu um sorriso e um abraço forte.

_ Parabéns! Vamos jantar?

_ Vamos.

Eles deram a mão e foram.

A mesa da janta estava posta, mas não tinha ninguém, o que foi um alívio.

Eles se sentaram, após servir o Bento Alicia se serviu.

Estavam começando a comer, quando os outros três surgiram.

_ Boa noite! Como estão? Disse o seu pai.

Aproximando da cadeira de Bento, que se encolheu, ele fez um carinho em sua cabeça, olhando diretamente para Alicia.

Era um sinal de que uma bomba estava para explodir. Ela olhou dura para o seu pai, e deu um sorriso forçado.

Bento sem perceber as intenções do seu pai, sorria com o carinho.

Alicia parou de comer, a angústia no seu coração não permitia e esperou Bento terminar.

_ Terminou Bento? Quer mais? Perguntou Alicia que o prato estava vazio.

_ Não quero, obrigado, estou satisfeito. Disse Bento.

_ Vamos para o quarto, terminar de se arrumar para dormir, amanhã tem aula.

Antes de saírem da sala, o seu pai avisou:

_ Volte para conversarmos.

Alicia confirmou com a cabeça. Não precisava pensar muito sobre qual seria o assunto. Era dinheiro.

Desde que recebeu a sua herança o seu pai vinha a pedir dinheiro. Já nem lembrava do tanto de dinheiro que tinha-lhe dado.

E pode perguntar porque dá? Bento. Essa é a resposta.

Ela terminou com Bento e voltou, até pensou em tomar banho primeiro, mas tinha certeza que iria precisar relaxar depois.

Os três estavam na sala de visita.

_ Vou ser direto, preciso de uma quantia em dinheiro, uns 500 mil aproximadamente. Disse o seu pai.

_ Eu não tenho esse dinheiro. Disse Alicia.

_ É claro que tem. Mesmo que fosse 1 milhão eu sei que tem.

_ Dinheiro que é meu. A mamãe deixou muito mais para o Senhor. O que fez? Jogou e encheu essas duas no luxo.

O seu pai olhou para ela com raiva.

_ O que fiz ou faço com o meu dinheiro é problema meu.

_ Concordo com o senhor, assim como que eu faço com o meu.

_ Não me desafie, pois, eu posso amanhã mesmo providenciar uma clínica para o seu irmão.

_ Seu crápula, bost@ de pai! Alicia estava enfurecida.

O tapa no seu rosto veio na hora.

_ Insolente, com quem julga que está a falar?! Pois, vai me dar um valor a mais agora. Se não eu vou dar um fim naquele esquisito amanhã mesmo.

Alicia sabia que ele era capaz, por isso deu o dinheiro.

_ Outra coisa, peça desculpas para Cristina.

Sem nem exitar, ela pediu desculpas e saiu da sala.

Tinha que dar um jeito de ter a guarda de Bento.

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