CONTRATO

Alicia mal conseguiu dormir a noite, assim que abriu os olhos e viu que dormiu no quarto de Bento lembrou-se do que estava aconteceu e chorou novamente, depois levantou, trocou de roupa, e fez a sua higiene pessoal no automático.

Desceu para a cozinha ainda era cedo, e não teve vontade de nada, não tinha que fazer o café do seu irmãozinho, ou trocá-lo ou levar ele para a escola.

Sentou na mesa da cozinha e ficou lá até sufocar de dor, então saiu de casa e foi para a loja.

As 8h Vilma sua amiga chegou, Alicia estava sentada na mesa do cantinho do chá. Seu olhar estava perdido, sua expressão era de dor.

Bastou olhar para a amiga e Alicia chorou novamente. Vilma deixou a placa de fechado indo cuidar dela.

Em silêncio fez um chá de camomila, que serviu e sentou-se com Alicia.

Pegou na sua mão e esperou que ela falasse.

Alicia tomou um gole do chá.

_ Meu pai mandou o Bento para outro lugar. Disse com voz embargada.

_ Ontem quando cheguei ele já não estava em casa. Alicia chorava em silêncio, sem conseguir deter as lágrimas.

_ O que fará? Perguntou Vilma.

_ Vou casar-me. Disse Alicia.

Vilma olhou para a amiga, sem entender e Alicia explicou sobre o acordo.

_ Muito estranho isso. Alicia, já ouviu falar do CEO da empresa onde o seu pai trabalha?

_ Não, por quê?

_ Ele é aleijado. E um tirano. Considerada por muitos como impiedoso, cruel, frio e calculista.

_ Por mim ele pode ser o próprio Lúcifer, se for o caminho para eu ter a guarda do Bento.

Vilma sabia que a sua amiga não perderia essa oportunidade. Juntas terminaram o chá, Vilma foi arrumar os detalhes para abrir a loja e Alicia fez mais chá e o bolo que ofereciam sempre. Era um mimo da loja para os fregueses.

Já eram mais de dez horas quando o seu pai ligou e falou para ela ir à empresa assinar o acordo pré-nupcial.

Alicia agradeceu pelo fato do seu futuro marido estar com pressa, embora soubesse que isso não era bom para ela, contudo era um tempo a menos longe de Bento.

_ Não esqueça a sua parte. Disse secamente e desligou.

_ Eu vou sair, irei conhecer o meu noivo.

Vilma olhou para a roupa de Alicia.

_ Vai se trocar? Perguntou.

_ Não é um encontro, e não pretendo seduzir o noivo. Então vou assim mesmo, quanto mais rápido o casamento mais rápido o Bento volta. Disse e saiu.

Alicia chegou a Empresa e constatou o quanto tudo cheirava a riqueza e poder.

Pela primeira vez perguntou-se o porquê o dono de tanto poder quis se casar com uma desconhecida qualquer e escolheu o seu pai como sogro.

Ela espantou os seus pensamentos, não queria saber. Ela estava grata pela oportunidade indireta que o homem deu de ter a guarda de Bento.

Alicia aproximou-se da recepcionista, falou o seu nome e o porquê dela estar ali.

Logo a sua subida foi autorizada.

_ Vigésimo quinto andar. Pode ir por aquele elevador.

Alicia agradeceu e subiu até o andar indicado. Encontrou mais lixo e poder.

_ Uma secretaria sorriu para ela e pediu para que aguardasse.

Alicia sentou-se e esperou. Um homem passou e encarou-a, Alicia sorriu cordialmente.

Passados quarenta minutos ela foi autorizada a entrar no escritório.

A primeira coisa que Alicia viu foi a decoração do ambiente, e depois o homem sentado na mesa a sua frente. Ele era lindo, com os olhos azuis intensos que a olhou dos pés a cabeça.

Alicia desprendeu o seu olhar do dele e parou em frente a mesa sem sentar.

Leonardo olhou para a linda mulher a sua frente, e o que mais lhe chamou a atenção foi o vestido simples que ela usava, a sandália baixa, e as bijuterias simples.

Em nada parecia com a visão de pessoa ambiciosa que o seu pai lhe falou.

Lembrar de Joaquim fez as suas feições endurecer, aquele homem havia enganado por longo tempo, e a filha queria fazer o mesmo vindo aqui vestida daquele jeito.

_ Pode sentar. Disse com voz dura.

Alicia sentou e conclui pela voz do homem que a presença dela não era desejada.

_ Seu pai explicou porque está aqui? Perguntou Leonardo.

_ Para assinar um acordo pré-nupcial. Iremos nos casar. Disse simplesmente.

_ Está ciente dos motivos? Perguntou novamente.

_ Senhor, Souto Aguiar. Eu estou ciente dos meus motivos, os seus, e os do senhor Joaquim, não me interessam. Disse de maneira fria.

Leonardo julgou que ela falava de dinheiro. Então ficou mais duro

_ Tudo bem. Gostaria de discutir os termos pré-nupcial?

_ Quer saber se tenho algum pedido especial?

_ Sim. Disse Leonardo.

Alicia pensou e respondeu.

_ Gostaria de saber primeiro as suas exigências, e o que está a oferecer.

Leonardo pediu para Murilo ler as principais exigências:

_ Não trair.

_ Não se expôr em boates, bares e baladas.

_ Não Irão morar juntos, mas a esposa terá um apartamento próprio.

_ Acompanha-lo em eventos.

_ Falar sempre que for sair ou viajar.

_ O casamento será por contrato e terminará em 3 anos. A esposa não levará nada da fortuna ou bem do esposo após o divórcio.

_ A esposa terá uma mesada de 500 mil por mês. E no fim do contrato essa será revogada.

_ Qualquer quebra de regras desse acordo, fará com que o violador pague uma multa no valor de 7 milhões.

Alicia escutou, viu que nada queria tirar, mas gostaria de acrescentar algo.

_ Tem algo a mais que gostaria de acrescentar ou tirar?

_ Sim, tenho. Disse Alicia.

Leonardo mexeu-se na cadeira, com certeza irá querer uma mesada mais alta. Pensou.

_ Pode dizer quanto quer a mais de mesada, mas sugiro que não seja muito ambiciosa. Disse Leonardo duro.

Alicia olhou para ele e disse:

_ Não tenho nenhum interesse nessa mesada, o meu pedido é somente um e deve ser descrito no acordo pré-nupcial e com o acréscimo de que se for quebrado a multa será a mesma que o senhor estipulou para mim.

Murilo e Leonardo olhou com espanto.

_ Qual seria essa regra? Perguntou com deboche.

_ Meu pai, ou qualquer membro da minha família, não deverão saber onde moro ou ter acesso a qualquer informação minha e este acordo.

Leonardo olhou para ela e depois para Murilo autorizando que fosse colocado.

_ Tenho uma pergunta. Essa multa só vale para após o casamento? Quer dizer se eu desistir de casar terei que pagá-la?

_ Não, ele só tem valor após o casamento. Responde Murilo.

Alicia agradeceu, e suspirou de alívio.

Tanto Leonardo quanto Murilo perceberam que o casamento para ela tinha uma importância oculta.

Depois do acordo feito, ambos assinaram.

_ Vamos ver como será o casamento. Disse Leonardo.

_ Você está a pensar em algo suntuoso? Perguntou para Alicia.

Novamente queria testar a mulher na sua frente.

_ Não, prefiro algo bem simples. Eu, você duas testemunhas e o juiz de paz. E se for possível bem rápido.

_ Por que a pressa? Perguntou Leonardo desconfiado.

_ Por acaso está grávida? E deseja dar-me o golpe da barriga, ou levar a mídia contra mim.

Alicia olhou para Leonardo como se tivesse duas cabeças.

_ O senhor tem muita imaginação. Eu não estou grávida, e nem pretendo ficar, tão cedo. Graça a Deus engravidar não faz parte do nosso contrato.

Ela continuou.

_ Pode pedir exames pré-núpcias se quiser. Aliás, teremos consumação desse casamento? Fisicamente pergunto.

O rosto de Alicia estava vermelho, mas derrepente saber isso era mais importante que a sua timidez e completo desconhecimento do assunto.

_ Não teremos. Disse Leonardo. E observou ela soltar o ar de alívio.

_ Quanto aos exames pré-núpcias eu quero. Disse ele apenas para deixa-la consternada.

Alicia concordou. Ele sugeriu que o casamento seria em 20 dias, pois tem que ser respeitado os 16 dias de proclama de casamento.

Alicia ficou triste no momento que ele falou, mas ela não disse nada.

Tudo acertado, Alicia se levantou e estendeu a mão para Leonardo.

Este apertou, surpreso com o gesto.

_ Nos encontramos daqui 20 dias.

Ela pegou um bloco de anotações e uma caneta e anotou o seu celular.

_ Mande-me mensagem se precisar ou somente para indicar o local, data e horário. Eu tenho a minha madrinha.

Ela saiu, deixando os homens da sala perplexos.

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