PROBLEMAS

Joaquim Alves, estava em sua mesa de trabalho, a sua expressão não era das melhores, observou o dia todo aqueles homens, ler e reler os documentos do setor de finanças, a ir e vir por toda a empresa.

Muitos funcionários foram chamados para conversar com eles, e aquilo estava ficando estranho, uma apreensão estava a bater no seu peito.

"Seria possível que alguém tivesse descoberto o que vinha fazendo a 5 anos?" Pensava ele.

" Claro que não, ele sempre foi muito cuidadoso, e estava apenas preocupado."

Ele tentou bloquear a sensação e continuou.

Durante aquele dia, o seu trabalho não rendeu. E para piorar o seu humor uma das suas "empresas parceiras" pediu ajuda para participar da próxima licitação, prometendo um bom dinheiro, se ele o favorecesse, porém, ele não pode fazer isso, pelo que acontecia.

" Só faltava essa, uma investigação, quero ver eles descobrirem algo, bando de idiot@s."

Perder dinheiro para ele era inconcebível, e o seu pensamento era em como o valor que perdeu iria fazer falta.

Terminou o seu dia no trabalho e foi para casa. Chegou com muita raiva e sentindo-se frustrado.

Tirou a gravata e caiu no sofá, Cristina foi até ele:

_ Amor, pegue uma dose de whisky para mim.

Cristina foi e fez o que ele pediu.

_ O que aconteceu? Perguntou ela.

Ele tomou um gole antes de responder.

_ Estão investigando as contas da empresa. E por causa dessa merd@ perdi pelo menos uns 500 mil reais.

Ele tomou outro gole da bebida, acabando com a dose.

_ Será que descobrirão, sobre você?

_ Jamais, o seu marido sabe fazer as coisas. Minha raiva é porque serão dias sem poder ganhar dinheiro.

_ Eu não vou poder comprar a bolsa que te pedi? Falou Cristina com voz chorosa.

_ Claro que vai. Você e Angélica é a minha prioridade. Qualquer coisa eu mando a Alicia pagar.

_ Ela irá fazer um show! Disse Cristina.

_ Que faça! Ainda mora na minha casa.

_ Sobre isso, acredita que ontem ela me falou que essa casa é dela, porque faz parte da herança da mãe?

Joaquim ficou com mais raiva ainda.

_ O que ela pensa que você é? Vou já falar com ela.

_ Ela não chegou amorzinho.

_ Onde está o moleque bizarro?

Sempre que Alicia não estava eles costumavam descontar em Bento suas frustrações.

_ Está no quarto. Respondeu Cristina com um sorriso.

Ela gostava de ver Joaquim desprezar os filhos legítimos.

Joaquim foi até o quarto de Bento, e o encontrou com o uniforme da escola, sem os tênis deitado em sua cama assistindo desenho.

Joaquim entrou no quarto de Bento, empurrando a porta que fez barulho ao bater na parede.

_ Assistindo essa merd@ de desenho? E ainda de uniforme, porque você não se trocou?

_ A tata vai me trocar papai. Disse o menino com voz baixa.

_ Que tata?! Eu já te falei para parar com isso! E você é grande o suficiente para tomar banho sozinho e se trocar. Joaquim gritava.

Bento se encolhia na cama assustado.

Joaquim observou a mamadeira em cima da cômoda e foi lá e pegou.

_ Eu tenho nojo de saber que você é meu filho. Um filho imprestável. Que ainda toma leite nessa coisa. Eu vou te dar a maior surra, quem saber vira homem de verdade.

Joaquim tirou o cinto, e foi para cima de Bento que já chorava de medo.

A primeira cintada atingiu as suas pernas, que ele encolheu, a segunda pegou as suas nádegas, e a terceira as suas costas.

Bento sabia que o pai não iria parar, mesmo assim gritava pedindo por favor e desculpas.

Subitamente as cintadas pararam.

Alicia chegou em casa um pouco mais tarde que o normal, pois ficou fechando o caixa e repondo alguns produtos.

Mal entrou na casa escutou o choro de Bento, e soube o que acontecia.

Foi correndo até o quarto do Bento, na porta, Cristina assistia seu pai bater no Bento.

Alicia puxou o seu braço, tirando-a do seu caminho, e com a força do ódi® segurou o braço do pai que estava com o cinto.

Seu olhar era mortal, seu pai olhou para ela com raiva.

_ Sai! Alicia disse.

Seu pai puxou o braço que ela segurava.

_ O que você pensa que está fazendo? Eu sou o pai dele é meu dever educa-lo e você....

Alicia cortou a fala do seu pai.

_ Sai agora! Sua voz era baixa, e cheia de determinação.

Sem esperar, ela empurrou, com muita força , o seu pai e Cristina, bateu a porta do quarto de Bento e trancou a porta.

Escutou o pai bater na porta, e gritar para abri-la.

Alicia gritou de volta:

_ Cala a sua maldit@ boca. E desapareça, daqui a pouco eu desco.

Ela foi até Bento e o pegou no colo, fez carinho e o embalou até ele estar calmo.

Depois tirou o seu uniforme, e o ajudou a tomar banho.

Estava com uma vontade imensa de chorar, principalmente quando viu as marcas nas pernas do irmão, mas segurou o choro.

Depois do banho ajudou Bento se trocar, e deitou ele na cama.

_ Vou buscar a sua janta o meu amor. O que você quer comer?

_ Pode ser batata amassadinha?! Perguntou ele.

_ Combinado, batata amassada.

Alicia foi até a cozinha, chegando próximo à sala, pode escutar a família reunida discutindo a sua atitude.

Quando foi passar por eles o seu pai chamou-a

_ Me deve uma explicação mocinha, aliás duas. Disse ele.

_ Depois que eu cuidar do Bento conversamos, por enquanto vou desejar com todas as forças, que vocês três desapareçam. Quem sabe da certo. Porém, para não perder a oportunidade: vão todos para o di@bo que lhes carreguem.

Alicia estava furiosa. Foi para a cozinha, fazer o que Bento pediu. Encontrou a cozinheira preparando janta.

Além da batata amassada, ela colocou no seu prato, caldo de feijão, abobrinha, tomate e bife picadinho.

Bento comeu, escovou os seus dentes, e deitou-se para assistir desenho.

_ A tata vai buscar seu tete. Disse Alicia.

_ Eu não quero tete, papai disse que eu não posso. Disse o pequeno, com os olhinhos cheios de lágrimas.

_ Tudo bem, meu amor. Amanhã nós vemos o irá querer. Eu vou tomar banho, jantar e depois venho ver-te.

Bento concordou.

Alícia foi para o seu quarto, tomou banho, se trocou e foi comer.

Na sala de jantar, a sua família estava reunida na mesa, ela sentou-se e começou a se servir, esperando o momento que o seu pai voltaria ao assunto.

_ Eu estou a esperar suas explicações, Alicia! Disse o seu pai.

_ Quais? Perguntou Alicia. Continuando a comer.

_ Como assim quais? Está se fazendo de desentendida? Disse Cristina.

Alicia olhou para a mulher, a sua frente e sorriu.

_ Na minha visão, quem me deve explicações são vocês, portanto estou esperando. Disse Alicia, continuando a comer.

_ Está doída! Onde que lhe devemos explicações?! Eu não lhe devo nada, e nem a Cristina.

_ Ótimo, então ninguém deve explicações para ninguém, porém.

Cristina falou, tomou água e continuou:

_ Se um de vocês tocarem no Bento novamente, eu mesma vou dar um jeito para serem presos. Deu para entender.

Ela olhou para cada um deles.

_ Julgam que não tenho coragem?! Tentem a sorte.

Virou para Cristina e falou:

_ Quanto ao assunto da casa ser minha. Eu falo novamente, para você e para o papai, essa casa está na herança da minha mãe. É metade minha e do Bento, e a outra do Joaquim. Você não é dona.

Olhou para o pai.

_ E se pensar em tirar-me daqui, não esqueça que no testamento o uso fruto é meu não teu.

Ela levantou-se da cama e foi para o quarto de Bento.

Ficou com ele até o mesmo dormir.

Queria muito dar sua mamadeira, pois sabia que ele gostava, mas também sabia que se ele parece seria bom, por isso não insistiu.

Foi para seu quarto, estava na hora de ver como tirar Bento das garras do seu pai. Talvez se tivesse a guarda dele, mas Bento era a pata dos ovos de ouro do seu pai.

Ele estava de olho em sua herança.

Mesmo assim, iria procurar um advogado.

Alicia dormiu.

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