O balé

Como toda quarta-feira, minha filha levanta cedo e cheia de energia. É o dia da aula de balé. Ela ama dançar, então, de todas as aulas que ela tem, está é a que ela mais espera, conta nos dedos os dias para chegar na aula.

Arrumo Samantha, faço o coque e ponho a roupa cor de rosa com sainha.

_ Mamãe, o papai vai me levar na aula hoje?

_ Não falei com ele ainda, mas prometo falar.

Não colocarei o Luiz nesta fria, vou ao estúdio primeiro e depois eu mesma vou levá-la.

Cheguei no estúdio e vejo Henrique olhando para Samantha.

_Mas que coisa mais linda que você está.

_ Vou ao balé, eu gosto de dançar o lago dos cisnes.

_ Queria ver você dançando, Samantha.

_ Tenho que pedir para a mamãe e o papai se você pode ir.

_ Para o seu papai?

_ Você não lembra dele, já, já ele vem me buscar e você lembrará.

Quando olho e vejo Henrique com lágrimas nos olhos, me aproximo para tentar apaziguar a situação. Só vejo o vulto da Samantha passando por mim e gritando papai.

Estou encarada no Henrique que levanta de uma vez e vai em direção ao Luiz que está em pé na porta abraçado com Samantha.

Eu, sem pensar, entro na frente e abraço Henrique, tentando fazê-lo se acalmar e não assustar Samantha. 

_ Se acalma, assustará ela.

_ Ele não é o pai dela, eu sou.

_. Mas ela não sabe.

Olho no Luiz e faço um gesto para ele ir logo.

Luiz pega a Samantha e vai, eu fico ali segurando uma bomba prestes a explodir.

_ Você tem que falar com ela, eu não quero ouvir minha filha chamando outro de pai de novo.

_ Resolverei, Henrique, te prometo que falarei com Samantha o mais rápido possível. 

_ Porque da próxima vez eu não respondo por mim, ninguém vai me segurar, ouviu Éster?

_. Sim, te ouvi, Henrique. Em alto e bom-tom.

_ Você tirou o meu direito de ver Samantha crescer até agora, não acontecerá mais, eu estou aqui e quero participar da vida dela em todos os momentos. Ainda que eu tivesse feito alguma coisa para merecer esse castigo, mas não fiz, não aguento ver minha filha chamando outro de pai, não dá.

  _ Resolverei essa situação não por você, mas por ela, antes que ela tenha que presenciar ambos os pais dela se digladiando igual a dois trogloditas.

  _ Samantha só tem um pai, que sou eu.

  _ Não, Henrique, ela tem dois pais e isso você não conseguirá mudar. Ela conhece o Luiz como pai e continuará conhecendo, mas agora terei que arrumar um jeito de explicar para ela que vocês dois são pais dela.

  _ Eu não acredito que, por sua causa, terei que dividir minha filha com aquele médico. 

  _ Isso está acontecendo por sua causa, se você não tivesse sido tão galinha, nós teríamos nos casado e a história seria outra.

  _ Eu não sei de onde você tirou essa história de que sou um galinha. Você precisa me contar para que eu possa saber como me defender.

  _ Como você é sínico, será que um dia parará de fingir inocência? E assumirá que errou? Se pelo menos você assumir seu erro, talvez eu consiga te perdoar algum dia.

  _ Como assumirei uma coisa que eu não sei se fiz? Me fala, joga na minha cara e me dá o direito à defesa.

  _ Você não muda e nunca mudará, sínico, egoísta, safado.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***