Visitando o estúdio

Começou o segundo turno e vou dar aula para a outra turma e meu amigo assume a sala dela. Ele não tem problemas em se envolver com alunas e com certeza vai dar em cima dela.

Isso me irritou mais do que deveria, mas tenho meus princípios e pronto.

Mesmo assim, eu não via a hora da aula acabar, para que ele saísse de perto dela.

Dá o sinal do final do dia e eu, como sempre, vou para a sala dos professores para rever minhas aulas antes de ir embora. 

Meu amigo entrou todo animado, já até sei o porquê de tanta animação. 

— Henrique, precisamos conversar.

— Pode falar, o que aconteceu?

— Conheci sua fada, ela está mais para índia, mas tudo faz parte da natureza, linda, cheirosa, gostosa pra caralho.

Fiquei tenso e não gosto do jeito que ele está falando dela, mas tenho que me controlar.

Falei seco.

— E daí?

— Você tem certeza de que não vai se envolver com ela?

Me controlei para não gritar para ele se afastar dela.

— Você sabe que não vou, ela é minha aluna.

— Então vou, ela é maravilhosa, linda, inteligente, é tudo de bom.

Grito por dentro. Não se aproxime dela! Ela é minha, mas por fora digo:

— Fica à vontade, eu não tenho nada com isso, não sei por que você está falando comigo deste assunto.

— Por ver o tanto que ela te afetou, e não quero briga com você, somos amigos.

Depois deste dia, vi meu amigo tentando de todas as formas se aproximar, e vi também ela recusando todas as tentativas dele e de qualquer outro. Estava tudo indo bem, o curso já está entrando no segundo mês e eu rezando para os meses passarem rápido. E Éster não se envolver com ninguém assim, eu posso tentar me aproximar dela assim que tudo se resolver.

Consegui me manter distante o suficiente para não me envolver com ela. Mas todo curso que dou levo os alunos conhecerem meu estúdio e este dia chegou.

Sei que os meninos da sala estão armando alguma coisa, mas ainda não sei o que é.

Nem quero pensar muito porque já estou ficando ansioso para ver a reação dela, quando conhecer meu trabalho, se vai gostar do que vai ver.

Nunca precisei da aprovação de ninguém, mas parece que dela eu preciso.

Esperei chegar perto do horário do micro-ônibus sair para me aproximar da turma.

Quando vinha me aproximando, Rick, “um dos alunos” que ela considera amigo, vem falar comigo.

— Professor, tenho um favor para te solicitar.

— Fala Rick, se eu puder fazer, claro que ajudo.

— Fiquei sabendo que todo ano o senhor escolhe uma das alunas para posar para o senhor e nós, homens da turma, pedimos encarecidamente que o senhor escolha a Índia.

— Você sabe que a Ester não vai gostar? Eu já te vi solicitando para fotografá-la e ela se negando.

— Mas queremos vê-la posar, e para o senhor ela não vai conseguir dizer não.

— Vou pensar, é só o que posso prometer.

 Fiquei propenso a fazer o que os alunos pediram, mas será que consigo fazer sem me envolver?

Não sei, estou me esforçando para manter a distância.

Chegamos ao estúdio de Henrique, é tudo de ponta, estou curiosíssima para vê-lo trabalhando.

As meninas estão agitadas por correr o boato de que ele escolhe uma aluna para posar enquanto mostra como trabalha.

Henrique entra, faz dias que me mantenho longe dele a qualquer custo, falo o menos possível, tento quase ser invisível. Já é difícil assim, imagina se ficar falando com ele.

Meu coração não quer aceitar que ele é inacessível, que o amor que sinto por ele não tem futuro, ele nunca me deu nenhuma esperança, se mantém sempre distante e isso é bom.

Assim, vou conseguir cumprir o que prometi para minha mãe, porque, se ele me der uma chance, somente não sei se vou resistir.

Nos cumprimentou e começou a aula, nos mostrando o equipamento e como funciona. Não consigo tirar os olhos dele, ele é vigoroso e tem uma energia que me atrai. 

Estou tão distraída olhando para ele que não escuto as últimas frases até que olho e estão todos olhando para mim, parece que esperando uma resposta minha.

“Henrique fala de novo”

— Então, o que você diz? 

Tive que ser honesta e dizer a verdade.

— Desculpa, estava distraída e não escutei. O que o senhor me perguntou?

Vi faíscas saírem dos olhos dele, ficou ofendido porque eu não estava prestando atenção na aula dele. Mal sabe ele onde meus pensamentos estavam.

— Vamos de novo e preste atenção. Sempre que ministro aulas, escolho um indivíduo para posar para mim, e desta vez optei por você.

Comecei a tremer e fiquei sem fala, balancei a cabeça, me negando. Meu amigo Rick me dá um cutucão.

— Éster, você não vai fazer a desfeita de recusar, vai?

Olhei para ele e vejo que não vai ter jeito, balancei a cabeça aceitando, mas por dentro estou gritando nãooo.

Não quero ficar na mira de Henrique, não quero ouvi-lo falando meu nome. Mas, sem ter escolha, sigo o fluxo.

Henrique fala comigo:

— Vamos trabalhar, vem comigo. Éster.

Eu o acompanho meio em transe, se bobear caio de tanto que estou tremendo de nervoso.

Resolvi falar, para ver se ele desiste.

— Não sei fazer isso, não gosto de ser fotografada.

— Fique calma, vou te ajudar.

Henrique se aproximou de mim, eu me afastei e disse:

— Não vou conseguir, sou fotógrafa, não modelo. Escolha outra das meninas. 

Henrique se aproximou ainda mais de mim, abaixei a cabeça para não encará-lo de tão perto.

Colocou a mão em meu queixo e me fez olhar para ele.

— Você vai conseguir, esquece quem está em volta, foca só em mim e na minha voz. 

— Não sei se isso vai funcionar ou vai ser pior.

E dou uma risada nervosa.

Sinto o nervoso dela e eu também estou explodindo, ela está tão perto que posso sentir a pele arrepiada, sei que vou enlouquecer de desejo até o final do dia.

Levei até o local onde faço as fotos, auxiliei a se posicionar para começar e tirei a primeira foto.

Ficou horrível, ela está tensa e não parece relaxar, aliás, parece que vou arrancar a cabeça dela de tão assustada que parece.

Assumi meu posto de fotógrafo, vou até ela e a ponho na pose, arrumei o cabelo de novo e tentei sorrir.

Voltei, peguei a câmera e não adianta, ela parece uma boneca de gesso.

 Todos conversando e tirando minha concentração, fico frustrado.

Mas nunca fiquei sem conseguir fazer uma boa foto e não vai ser hoje, falei:

— Calem a boca, eu não quero um pio, senão vou dar nota baixa para todos vocês. 

Chamei a Linda “minha assistente” e falei:

 — Escurece o estúdio e deixa a luz só nela.

Linda, fez o que pedi e agora vejo a beleza em forma de mulher bem na minha frente e só para mim.

— Isso! Linda, muito obrigada.

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Comments

Reilta Elias

Reilta Elias

Ela vai se apaixonar por ele 😍

2025-03-13

1

margarida Alves

margarida Alves

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2025-01-09

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Elenilda Ferreira

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