Henrique veio me procurar

#De manhã no estúdio.

— Luana, vai embora daqui, já te falei que não quero nada com você, somos amigos e nada mais.

— Você tem outra, Henrique? Por isso, não me procurou mais?

— Me larga, estou comprometido e não vou aceitar que você entre no meu local de trabalho deste jeito. Você sempre soube que nosso lance não era sério.

— Quem é ela, eu quero saber.

— Logo você saberá com todo mundo, por enquanto é só o que posso dizer.

Ela me agarrou e me beijou, me afastei rapidamente.

 Já pensou se Éster vê uma cena dessa, vai interpretar errado?

— Vai embora e não volta mais, não se rebaixe deste jeito, amo outra pessoa.

-Eu sempre soube que um dia você ia parar de me procurar, só não pensei que fosse ser assim.

Luana saiu e eu fui trocar a roupa. Se Ester sentir cheiro de outra mulher em mim, não vou conseguir me explicar porque vai parecer que a enganei, esses meses todos.

Troquei a roupa e fui para a faculdade, procurei Ester, mas ela não apareceu. Será que está doente? Ontem, ela disse estar com o estômago ruim.

Tentei ligar, mas não me atendeu. Não deve ser nada grave, senão ela teria me ligado.

Mais tarde, eu falo com ela.

Cheguei no estúdio achando que Ester já estaria me esperando, mas não estava.

Tentei ligar de novo e continua não me atendendo, tem que ter algo errado.

# Voltando para casa.

Estou voltando para casa, até desliguei o celular. Henrique não pára de me ligar, até parece que se preocupa, estava lá agarrado com aquela mulher.

Não vejo a hora de encontrar minha mãe, mesmo sabendo que ela vai ficar triste com a situação, sei que vai me ajudar. Como vou contar para ela que estou grávida?

Choro só de pensar no desgosto dela, ela me avisou, mas achei que Henrique era diferente. Sou uma estúpida mesmo, menina idiota do interior.

Choro quase a viagem toda, meu Deus, que dor estou sentindo, como ele pode fazer isso comigo?

Como me deixei enganar por ele?

*No outro dia, na faculdade.

— Estou desesperado, Carlos, ela simplesmente sumiu, já fui procurar a tia dela, mas não me disse nada, só que ela voltou para o interior.

Eu não consigo entender o que aconteceu, ela saiu de casa bem, nós estávamos fazendo planos de ir para o interior contar para a mãe dela, eu até disse que ia pedir a mão dela, não consigo entender.

— Talvez ela só precise de um tempo, Henrique.

— Como assim de um tempo? Eu não posso viver sem ela? Como vou viver sem minha fada?

— Se não aconteceu nada, ela vai voltar.

— Eu não vou esperar, vou atrás dela, ela vai ter que me explicar por que me deixou desse jeito.

— Vai com calma, de repente você se enganou.

— Você não está dizendo que ela me abandonou, está?

— Pode ser que ela tenha se assustado ao saber que agora todo mundo vai ter conhecimento que ela sai com o professor.

— Não, nós estávamos felizes, tem alguma outra coisa.

Peguei meu carro e o endereço dela e vou descobrir o que aconteceu. Não posso ter me enganado tanto, meu amor, minha vida, por que você foi embora?

Tem que ter outra explicação. 

“Éster” 

O ônibus para e lá está minha mãe, desço e abraço e me sinto mais forte. Choro abraçada com ela, sem conseguir olhá-la nos olhos. 

— Calma, filha, me conta o que aconteceu.

— Vamos para casa, mãe, que o assunto é longo e você vai ficar muito brava comigo.

Ela havia parado o carro perto, subimos e fomos em silêncio até a casa. Chegando, contei tudo para minha mãe até da gravidez. Ela pára e reflete, me diz:

— Você quer ter esta criança. Éster? Sabe como vai ser difícil criá-la sozinha?

— Claro, mãe, nunca pensei em tirar esse bebê, não tem culpa de meus erros.

— Então te apoio e vamos fazer isso juntas, e você não vai contar para o cretino que te engravidou? Pelo que você falou, ele tem muito dinheiro, poderia te ajudar com a criança.

— Não, ele não merece ser pai de ninguém, eu vou criar meu filho sozinha, se depender de mim, ele nunca vai saber. E também ele não deve querer ser pai, é perigoso querer me convencer a tirar o bebê.

— Sozinha não, vamos criar juntas, nunca deixarei você sozinha. Mas há coisas da maternidade que você vai passar que eu só vou poder te apoiar.

Minha tia me liga:

— Você está bem, Ester, por que foi embora deste jeito?

— Estou bem, tia, não se preocupe, só quis vir para casa, eu já te expliquei, o curso praticamente acabou.

— Aquele seu professor esteve aqui te procurando, queria seu endereço, disse precisar falar com você com urgência.

— A senhora não deu meu endereço para o Henrique, deu?

— Dei, achei que podia ser alguma coisa do curso. E até outro dia, vocês pareciam um casal. 

— Está tudo bem, tia, não tem problema se Henrique aparecer, me entendo com ele.

— Tchau, Éster, fique bem.

— Tchau, tia.

— O que sua tia queria? Já não foi o bastante ela deixar que você se envolvesse com um malandro qualquer.

— Mãe, a culpa não foi dela, eu sou maior e fiz minhas escolhas.

Não acredito que ele venha até tão longe atrás de mim, mas se vier, eu vou falar umas verdades para ele.

Minha mãe me dá uma olhada estranha, não fala nada.

 Estamos acabando de almoçar e para um carro em frente de casa.

Minha mãe vai ver e volta assustada.

— Não conheço seu cretino, mas acho que é ele que está aí na porta, Ester.

Começo a tremer, ele está aqui ..., por quê? Se ele já está com a outra, eu deixei o caminho livre.

Levantei-me da mesa e disse:

— Mãe, vou lá falar com ele, não se mete.

— Se ele te agredir, chamo a polícia.

— Mãe, ele não vai me agredir.

Quando abri a porta, Henrique entra como um vento e me abraça.

— Fiquei preocupado, o que aconteceu? Por que você veio embora assim sem falar comigo?

Me afasto dele e friamente dou o ultimato.

— Porque cansei de ser sua namorada, preciso de espaço para crescer na minha profissão e você está me sufocando.

— Tudo bem, Ester, se você está com receio do compromisso, eu te entendo, vamos só namorar. Venho para cá de vez em quando e você vai lá.

— Não quero mais nada com você, Henrique, tudo o que eu queria era aprender suas táticas e consegui.

— Não pode ser, esta não é você, eu te amo, você não pode me deixar assim sem uma explicação.

 — Pois vou repetir para você, não quero mais nada com você, só te usei do mesmo modo que você também me usou, agora acabou.

— Meu Deus, como fui tão cego, que não enxerguei a pessoa por trás da cara de anjo. Pode ficar tranquila que não vou te procurar mais, mas fique sabendo que nunca te usei, eu te amei de verdade.

Por um momento, vi mágoa nos olhos dele. Se eu não tivesse visto ele beijando outra acreditaria no amor dele, mas ele me traiu. Se me amasse de verdade, não havia deixado aquela mulher beijá-lo.

Meu coração está sangrando, eu não posso ter me enganado tanto assim, e se é do jeito que ela está falando, porque está chorando?

Toquei o rosto dela, enxugando a lágrima que escorre.

— Ester, vou embora para nunca mais voltar, a não ser que você me dê uma explicação para tudo isso.

Ela se afastou da minha mão e disse com uma frieza que acabou comigo.

— Já te dei a explicação que você merece, agora saia, por favor.

Não vi outra alternativa se não sair, ela fechou a porta, me tirando da vida dela, como se nosso amor não tivesse acontecido. 

Me encostei na porta chorando porque sei que essa foi a última vez que o vejo. Ele agora pode ir tranquilo, ficar com a loira.

Minha mãe veio na sala e me disse:

— Tem certeza disso, minha filha? Ele parece estar sofrendo.

— É tudo falso, ele me quer, mas quer as outras também, eu não vou dar conta. 

— Então, está bem, levanta daí e vamos para a cozinha acabar de comer, porque a criança que está dentro de você precisa se alimentar.

Levantei, abracei minha mãe e fui com ela para a cozinha.

Ele vai embora e não voltou mais.

Tenho notícias dele pela TV na página das fofocas, porque ele ganhou um prêmio com alguma fotografia e o estúdio dele ficou conhecido mundialmente.

Eu tinha razão, se ele gostasse de mim, não havia desistido tão fácil. 

Mas deixa para lá, vou viver minha vida e cuidar do meu bebê.

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