...❤️Dante❤️...
Tava na sala, a atmosfera leve, até que a expressão de Selene mudou. Ela recebeu uma ligação e, ao ouvir o que a pessoa do outro lado dizia, sua face ficou séria. Não era o tipo de coisa que acontecia com frequência, então todos notaram. Ela se levantou rapidamente, sem dizer uma palavra, e saiu da sala, a porta batendo suavemente atrás dela.
Eu fiquei ali, com os outros, que me olharam com curiosidade. Não era como se soubéssemos muito sobre Selene, já que ainda não tínhamos muito tempo de convivência com ela, mas a mudança repentina na postura dela foi o suficiente para todos se preocuparem. Eu, tentando não preocupar os outros, me levantei e disse, tentando soar casual:
— Vou tomar um banho.
Meu irmãozinho, que parecia estar mais atento ao que acontecia ao nosso redor, me observou com um olhar curioso, mas não fez nenhuma pergunta. Os outros membros também estavam tensos, sem saber o que exatamente tinha ocorrido, mas sem querer pressionar ou causar mais alvoroço. Todos pareciam perceber que algo estava acontecendo, mas ninguém sabia o que exatamente. A situação estava esquisita, então decidi sair da sala para não ficar sob o olhar atento deles.
Subi as escadas para o meu quarto, peguei uma troca de roupa simples — um conjunto em tom marrom e uma blusa de frio no mesmo tom. Peguei minha toalha e fui para o banheiro, tentando me desligar daquilo tudo. Mas, de alguma forma, a mudança repentina em Selene tinha me deixado inquieto. Algo estava prestes a acontecer, e eu não sabia o que.
Quando entrei no banheiro e fechei a porta, fui direto para o chuveiro, tentando me desconectar dos pensamentos que estavam se formando. A água quente foi um alívio, mas não o suficiente para apagar o peso que pairava sobre mim. Eu havia recebido notícias horríveis mais cedo. Minha mãe também havia sido capturada, e isso pesava sobre mim como uma nuvem de incerteza. A dor de saber que ela estava em algum lugar, vulnerável, longe de mim, era sufocante. E, mesmo com o banho, era como se a água não conseguisse limpar o que eu estava sentindo.
Demorei mais do que o habitual, tentando respirar, tentando me recompor. Quando finalmente terminei, me enxuguei e vesti as roupas. A sensação de que algo não estava certo só aumentava, mas eu não queria deixar isso dominar. Abri a porta do banheiro, esperando que o som da casa fosse normal, mas não. Havia algo de estranho no ar. Um silêncio desconfortável, como se a casa estivesse esperando alguma coisa.
Ao sair, me deparei com uma figura no meu quarto. Ela estava ali, parada, com uma postura que parecia tanto ser de quem se sentia em casa quanto de quem estava pronta para causar problemas. Seus cabelos eram curtos, de um azul claro quase gelado, e uma marca, como uma cicatriz que parecia ter sido causada por fogo, atravessava seu rosto de forma imponente. A marca estava tão bem definida que dava a impressão de que ela ainda carregava o calor daquela queimadura, como se fosse uma cicatriz de uma batalha muito recente.
Ela me olhou com um sorriso suave, mas seus olhos carregavam uma tensão que não podia ser ignorada. Seu olhar parecia ao mesmo tempo doce e ameaçador, como se estivesse se divertindo com o próprio controle da situação. Antes que eu pudesse reagir, ela falou com uma voz calma e quase provocante:
— Olá, Dante. É muito bom finalmente conhecer o tão famoso futuro rei de nossa espécie. Te assustei?
Aquela postura aparentemente gentil me desconcertou. Era claro que ela não era alguém comum, e aquele sorriso, que parecia inofensivo, me fazia sentir que havia algo muito mais perigoso por trás. Eu não podia me dar ao luxo de subestimá-la.
Sem perder a compostura, eu a olhei diretamente nos olhos e, com um tom firme, perguntei:
— O que está fazendo aqui? Por que está no meu quarto?
Ela não se intimidou. Pelo contrário, o sorriso dela se ampliou, como se tudo aquilo fosse parte de uma grande diversão para ela.
— Calma, reizinho. Eu só vim te fazer um convite. Você vai vir comigo agora, e a única opção que tem é dizer "sim".
Eu senti o sangue ferver nas minhas veias. A ideia de ser manipulado, forçado a fazer algo contra minha vontade, me deixou furioso.
— Nunca. — A palavra saiu da minha boca com uma força que eu mal sabia que tinha.
Foi o suficiente para mudar a expressão dela. O sorriso desapareceu de seu rosto, e uma sombra de raiva tomou conta de seus olhos. De repente, ela se moveu rápido, muito mais rápido do que eu esperava, avançando em minha direção com uma força imensa.
Mas algo dentro de mim despertou. Eu não sabia o que era, mas uma força que eu nunca tinha sentido antes parecia se manifestar. Eu não tinha nenhuma habilidade especial, mas com a raiva e a adrenalina, algo me guiou. Conseguia reagir com mais agilidade, defendendo-me dos ataques dela e empurrando-a para trás. O quarto se transformou em um caos — móveis sendo derrubados, objetos quebrados — tudo parecia girar em torno de nós.
Ela era forte. Eu não sabia como, mas percebi que ela era mais poderosa do que sua aparência delicada sugeria. Mesmo assim, a cada movimento que eu fazia, mais eu sentia aquela força dentro de mim. Algo dentro de mim estava me dizendo o que fazer, e eu comecei a lutar com mais confiança. Eu não ia deixar que ela me dominasse.
Quando ela tentou me capturar mais uma vez, algo explodiu de dentro de mim. Eu não pensei, apenas gritei:
— Pare!
Inesperadamente, ela obedeceu. Uma espécie de comando parecia ter saído de mim, algo que eu não sabia que tinha o poder de fazer. Eu a vi ser imobilizada no mesmo instante, como se algo a estivesse prendendo no ar. Ela parecia chocada, olhando para mim com uma expressão que misturava raiva e surpresa.
— Esta maldita ordem... Esse maldito poder que os reis possuem contra os lobisomens... — ela murmurou com desgosto.
Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, um estrondo invadiu o quarto. A janela foi destruída, e, antes que eu pudesse entender o que estava ocorrendo, uma figura enorme entrou pela abertura. Era uma criatura monstruosa, parecendo um lobo, mas muito maior e mais ameaçadora do que qualquer coisa que eu já tivesse visto. Ela parecia uma besta selvagem, seus olhos ferozes fixados em mim enquanto se aproximava com uma velocidade incrível. Eu tentei reagir, mas antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, a besta saltou e me pegou, me imobilizando completamente. Em segundos, eu estava sendo carregado.
...[...]...
Passaram-se alguns minutos, e de repente, algo aconteceu. Um lobo grande e marrom apareceu atrás de nós, correndo atrás do monstro que me carregava e da moça que estava ao nosso lado. A voz que vinha de dentro dele era a de Selene:
— Solta ele, seus desgraçados!
O que aconteceu em seguida me deixou completamente atônito: a voz de Selene, que até então parecia distante, ecoou de dentro do gigantesco lobo marrom que nos seguia. Então a moça de cabelos azuis ordenou que a criatura fosse mais rápido,e o monstro obedeceu imediatamente, acelerando ainda mais a corrida. A figura do lobo marrom parecia ter uma autoridade imensa, como se fosse completamente controlada por Selene. Vi tudo desaparecer rapidamente, e antes que eu soubesse, a escuridão tomou conta de mim. O último pensamento que tive foi o de que as coisas estavam muito mais complicadas do que eu imaginava.
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Atualizado até capítulo 69
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