...❤️Dante❤️...
O sol já brilhava pela janela, iluminando o quarto de forma suave, como se quisesse acordá-lo. As cortinas de linho branco estavam meio abertas, permitindo que os raios do sol se infiltrassem em seu espaço, criando um brilho dourado sobre o chão de madeira clara. A luz parecia descer lentamente, iluminando cada canto, enquanto o quarto permanecia silencioso, exceto pelo som do vento que passava pelas folhas das árvores lá fora. O quarto, que antes era um refúgio, agora se sentia opressor. As paredes, de um tom bege suave, estavam cobertas com algumas fotos antigas e móveis simples, mas confortáveis. A cama, ainda por fazer, com cobertores desordenados, refletia bem o estado de espírito do dono do quarto, que se sentia igualmente desordenado.
Eu ainda estava deitado, olhando para o teto, tentando encontrar forças para me levantar. Não conseguia mais ir para a faculdade, não conseguia mais encontrar meu irmão, e ele estava lá, no porão, trancado com aquele... animal. Não que ele não fosse mais um, parecia de fato ter se transformado em um. Mas isso me assustava menos do que o fato de não poder fazer nada para ajudar. Eu não sabia o que fazer, e o vazio parecia engolir tudo ao meu redor.
Respirei fundo e, mesmo sem ânimo, me levantei da cama. Me arrastei até o banheiro, as pernas pesadas como se estivessem cobertas por cimento. A água fria do chuveiro foi o que me despertou um pouco, embora não me sentisse realmente mais vivo, apenas mais desperto. Fiz minhas higienes rapidamente, lavando o rosto, escovando os dentes e tentando me livrar da sensação de cansaço profundo que se apegava a mim. Quando terminei, me encarei no espelho, notando as olheiras profundas e o cabelo bagunçado. O reflexo me olhava de volta, mas não era eu quem via. Era alguém perdido, alguém sem direção.
Desci para o café da manhã, ainda com os pés pesados. A casa estava quieta, exceto pelo som suave de passos e vozes abafadas pela distância. Cheguei à sala de jantar e encontrei todos ali. Seus olhares eram pesados, quase como se cada um deles tivesse uma opinião que não queria expressar em voz alta. Todos pareciam me observar com semblantes tristes, com olhos de piedade, como se tivessem pena de mim. Eu detestava aquilo.
"Para de me olhar assim, como se eu precisasse da pena de vocês", falei, forçando um sorriso, embora a dor que eu sentia fosse visível em cada palavra que eu dizia.
Sentei-me à mesa, peguei um pedaço de pão e comecei a beliscar, tentando fingir que tudo estava bem, embora não estivesse. A dor no peito, a sensação de impotência, tudo isso estava lá. Então, olhei para a mãe de Jared, que estava sentada em silêncio, e perguntei, sentindo que precisava entender mais sobre o passado de minha família.
"Me conte mais sobre o que você sabe sobre a família do meu pai."
Ela demorou um pouco para responder, como se estivesse revirando suas memórias, tentando encontrar as palavras certas. Finalmente, com um suspiro, começou a falar.
"Bom, o que eu sei é que, anos atrás, quando eu e sua mãe éramos caçadoras, conhecemos o seu pai e o meu marido. Na época, mesmo que nós estivéssemos apaixonadas, não podíamos ficar juntos, já que éramos de lados opostos. Fomos contra tudo e todos pelo nosso amor. Larguei meu posto de caçadora, sua mãe fez o mesmo. Isso despertou a ira de Filipe, seu prometido. Ele não gostou nem um pouco de saber que sua futura esposa estava casada com um lobisomem, os monstros que ele caçava. Ele nunca deixou sua mãe em paz, jamais deixou seu pai. Eu só sei que ele é descendente de uma família real de lobisomens. Não sei muito sobre ele, mas sei que Filipe nunca deixou eles em paz, e esse foi o motivo de vocês mudarem tantas vezes quando eram mais novos, e mudarem ainda mais depois que cresceram."
Eu interrompi, impaciente, com um nó na garganta.
"Sabe se o meu pai tinha algum amigo disposto a proteger seus filhos desta vez?"
Foi o marido dela, Aiden, quem respondeu, sua expressão séria e contemplativa.
"Fora eu, não sei de nenhum outro amigo. Mas por que pergunta isso?"
Eu hesitei por um momento antes de falar, o peso da pergunta me consumindo. Sempre senti uma presença, algo que me seguia, como se uma sombra estivesse atrás de mim, acompanhando cada passo, mas eu nunca soubera quem. Mas agora, com tudo o que estava acontecendo, eu não podia ignorar mais.
"Há muito tempo, desde o meu primeiro encontro com minha futura esposa, a Yuna, eu sinto uma presença. Não sei quem é, mas tenho essa sensação há meses, talvez anos. São duas presenças, duas pessoas que parecem me seguir. Não sei quem são, mas algo me diz que estão sempre perto."
Senhor Li, continuou sua fala. Seus olhos estavam fixos em mim, intensos, como se soubesse exatamente do que eu estava falando.
"Talvez tenha sido sua prometida, que deixou alguém para trás para vigiá-lo. Não tem que se preocupar. Você está cercado por uma alcateia poderosa, e todos aqui, neste lugar, estão destinados a protegê-lo. Até que você esteja seguro de vez e pronto para entrar na guerra ao lado de Yuna."
Ele fez uma pausa, seu olhar ficando mais grave antes de continuar.
"Ouvi dizer que todos os membros da família Yoon têm mania de proteger seus parceiros, algo que está dentro deles, uma força irresistível que os impulsiona a manter seus parceiros sempre seguros. Isso pode ser obra da própria Yuna, sua prometida, que está apenas cumprindo seu instinto de proteger e cuidar de você. Mas não se preocupe, você não está sozinho. Todos aqui estão comprometidos em garantir sua segurança até o momento em que esteja pronto para lutar ao lado dela."
As palavras de senhor Li ressoaram em minha mente. Uma mulher, minha minha mulher, estava me protegendo, mesmo à distância, enviando pessoas para garantir minha segurança. Mas, ainda assim, uma parte de mim sentia uma grande incerteza. Se Yuna estava tão perto, por que eu sentia essa solidão apertando meu peito?
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Atualizado até capítulo 69
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