...❤️Dante ❤️...
Enquanto as lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto, senti como se meu coração estivesse sendo esmagado por um peso que eu mal conseguia suportar. Meus olhos, já inchados e vermelhos, ardiam com cada nova lágrima que descia. Eu chorava, chorava como uma criança pequena, incapaz de segurar o desespero que tomava conta de mim. Cada soluço parecia rasgar meu peito, e a sensação de impotência me consumia completamente.
A descoberta de que meu pai estava vivo trouxe uma mistura de alívio e angústia esmagadora, mas pensar que minha mãe também poderia ter sido capturada me destruía ainda mais. Era como se o chão estivesse desmoronando sob meus pés, me deixando completamente perdido.
Então, em meio ao meu pranto, ouvi outro som: um choro mais fino, mais frágil. Ergui os olhos e vi meu irmãozinho, Omar, encolhido em um canto, abraçando os joelhos. Ele chorava baixinho, mas seu pequeno corpo sacudia com os soluços. O rosto dele estava tão molhado quanto o meu, e a dor em seus olhos parecia refletir a minha própria. Ver sua fragilidade só intensificou a minha dor.
Pela primeira vez, Selene, que sempre fora tão dura e inabalável, mostrou um olhar triste. Com passos lentos, ela se aproximou de Omar e, com gestos gentis, tentou acalmá-lo. Enquanto isso, os outros membros do grupo tentavam me confortar, mas eu mal conseguia ouvir o que diziam.
Reunindo todas as forças que me restavam, limpei as lágrimas do meu rosto, embora novas continuassem caindo. Me ajoelhei ao lado de Omar e passei a mão em seus cabelos bagunçados. Com a voz trêmula, tentei soar firme:
— Vai ficar tudo bem, Omar. Nossos pais vão ser salvos, e nós vamos estar juntos de novo, como uma família.
Ele levantou o rosto para mim, os olhos cheios de medo e dúvida. Sua voz saiu baixa e frágil:
— Como você pode ter tanta certeza disso? Nosso pai desapareceu há anos... e se nunca conseguirmos achá-los?
Antes que eu pudesse responder, Selene se ajoelhou ao lado dele e falou com uma firmeza surpreendente:
— Não se preocupe, garoto. Nem que seja a última coisa que eu faça, eu vou devolver a sua família.
Ela olhou diretamente para Omar, e sua expressão, mesmo séria, carregava uma espécie de calor inesperado:
— Não conseguimos salvar seu pai porque, quando ele desapareceu, já era tarde demais para fazermos algo. Mas sua mãe ainda tem um rastro. Estamos seguindo cada pista, verificando todas as pessoas que podem estar envolvidas no desaparecimento dela. Nós vamos encontrá-la, capturar os responsáveis, fazer com que eles paguem por isso e trazê-la de volta para vocês.
Ela fez uma pausa, respirando fundo antes de continuar:
— E, além disso, que tipo de líder eu teria se não conseguisse proteger os próprios sogros?
As palavras dela me pegaram de surpresa, e antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, ela completou:
— Parte disso é responsabilidade minha. Minha irmã caçula, Lisa, tem causado muitos problemas assim, e é meu dever impedir e resgatar a sua família.
As palavras dela eram como uma promessa gravada em pedra, inabalável. Omar parou de chorar e, para minha surpresa, abraçou Selene. Era um gesto raro, vindo do meu irmãozinho que geralmente era tão reservado.
Selene retribuiu o abraço, mas logo fez algo que quebrou o clima tenso. Com um pequeno sorriso no rosto, ela pegou na pontinha do nariz dele e apertou levemente:
— Que coisinha fofa você é!
Omar se afastou, visivelmente irritado, enquanto o resto de nós não conseguia conter a risada. Ele cruzou os braços e, com um tom emburrado, respondeu:
— Eu não sou fofo! Eu já sou um homem de 16 anos!
A cena fez até mesmo Selene rir, sua risada leve ecoando pelo cômodo. Eu me peguei rindo também, mesmo com o coração pesado. Era como se aquele momento de descontração tivesse iluminado a escuridão que pairava sobre nós, ainda que por um instante.
Mas, inevitavelmente, o clima sério voltou. Selene olhou para mim, seus olhos carregando algo entre compreensão e determinação. Com um tom calmo, mas firme, ela disse:
— Você também não precisa fingir ser forte perto de nós. Eu vejo o quanto você está destruído.
Engoli em seco, sentindo minhas mãos tremerem levemente. Finalmente perguntei:
— Como você sabe disso?
Ela cruzou os braços e me encarou com uma expressão quase analítica, como se estivesse olhando para dentro de mim. Então, respondeu:
— Porque já vi isso antes. Você tem algo em comum com a Yuna.
Minha confusão deve ter sido evidente, porque ela continuou:
— Ela age como se fosse a pessoa mais durona do mundo. Nunca demonstra fraqueza, não chora na frente de ninguém. Sempre carrega um sorriso no rosto, mesmo quando está despedaçada por dentro. Mas, quando perde alguém, ela fica fria, como se nada pudesse alcançá-la. Só que, longe de todos, quando ninguém está olhando, ela desmorona. A última vez que alguém a viu chorar de verdade foi quando os tios dela morreram. Até mesmo quando perdeu os próprios pais, ela conseguiu se segurar diante dos outros.
As palavras dela ficaram ecoando em minha mente. Eu só havia visto Yuna uma única vez, e nossa interação foi breve. Eu não sabia muito sobre ela, apenas o que todos diziam: a Yuna era uma figura quase mítica, alguém que inspirava respeito e temor em igual medida.
A imagem que eu tinha dela era a de uma líder imponente, alguém forte, que nunca deixava suas emoções interferirem. Era difícil, quase impossível, imaginar que ela pudesse ser como Selene estava descrevendo. Esse retrato de vulnerabilidade parecia pertencer a outra pessoa, não à garota que eu ouvira tanto sobre.
Mas, de alguma forma, as palavras de Selene me tocaram profundamente. A ideia de que até mesmo alguém tão forte e admirada pudesse carregar dores tão grandes me fez sentir menos sozinho. Talvez, no fundo, todos estivéssemos apenas tentando lidar com nossas feridas à nossa própria maneira. E, mesmo sem conhecê-la de verdade, essa nova visão sobre Yuna me deu uma pequena fagulha de esperança. Se até ela havia superado tantas perdas e ainda estava de pé, talvez eu pudesse fazer o mesmo.
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Atualizado até capítulo 69
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