Culpado

...Arabella:...

Era ele o tempo todo, o culpado por tudo. E pensar que me entreguei a esse homem. Agora entendo todo ódio que recebi, e ele sabia a razão e nunca me disse. Agora, assumiria a responsabilidade por mim, mas sinceramente, ele planejou isso desde o começo? Me escolheu para se livrar de Mérida? É a única resposta plausível, já que antes de nos conhecermos, já existiam rumores sobre nós dois.

Fui completamente manipulada por ele, caí em sua armadilha. Não sabia realmente suas intenções, mas estava preocupada em como ia proceder, já que Mérida ameaçou me matar. Jamais me envolveria com esse homem se soubesse.

...— Me sinto tonta... é tanto para assimilar. — peguei, sem trocar minhas roupas....

No dia seguinte, meu pai me informou sobre o meu noivo. Ele tem trinta e nove anos, é um viúvo. Tem uma amante, e por ser plebeia, ela não pode assumir o título de Marquesa, há uma lei que impede filhos ilegítimos e plebeus de assumirem títulos oficiais. Ele tem muita dinheiro, apesar do baixo título. Parece que ofereceu uma quantia exuberante por mim. Provavelmente quer que eu seja uma esposa troféu, apenas para manter segura sua amante. Seria bom se ele não me tocasse. Porém, eu ainda esperava que Sebastian aparecesse.

No almoço, não estava me sentindo bem enquanto me dirigia ao salão de refeições. Kaleb estava por perto, e me ajudou quando eu quase caí.

...— Ara-... — não estava ouvindo direito, minha visão ficou turva....

Acabei desmaiando, quando acordei, estava em um quarto diferente, Kaleb estava perto da cama.

...— Seu desmaiou durou uns três minutos. Já chamei o médico, tive que te trazer ao meu quarto, os médicos foram proibidos por Mérida de ir ao seu quarto. — novidade......

...— Obrigada....

...— Você está muito estranha ultimamente. Bom, fico feliz que finalmente vou me livrar de alguém tão chata, seu casamento será em breve! — ele debochou....

Nunca o entendi, ao mesmo tempo que parecia se preocupar, me humilhava. O médico chegou, e ficou hesitante em me examinar. Kaleb garantiu que manteria segredo, então ele decidiu me analisar.

...— ... — ele estava em silêncio, sua expressão não era boa....

...— O que ela tem? É grave? — Kaleb perguntou....

...— A princesa está... grávida. — nesse momento, foi um choque tanto para mim, quanto para Kaleb....

Isso era ruim, muito ruim.

...— ESTÁ LOUCA? QUEM É O DESGRAÇADO QUE LHE DESONROU? — ele puxou meus cabelos....

...— M-Me solta! — vi o médico sair correndo, sabia que iria contar tudo à Mérida....

Era meu fim, estava perdida. Quando Kaleb me soltou, sai correndo descalça. Corri para me esconder, sabia que estaria perdida no momento em que meu pai ficasse sabendo. Em mais ou menos vinte minutos, o castelo ficou caótico. Os guardas me procurando, como se eu fosse uma criminosa. Fiquei chorando escondida em um lugar onde achava que ninguém me encontraria. Tive que desviar várias vezes dos guardas, meus irmãos e minhas irmãs, e minha mãe, me procuraram por todos os lados, gritando o meu nome.

Fiquei horas assim, minha intenção era sair do castelo, ou esperar até que Sebastian entrasse. Escondida, fiquei de olho até um certo horário. Estava começando a anoitecer, quando alguém me arrastou por trás do meu esconderijo.

...— SUA VADIA SUJA, ERA AQUI QUE ESTAVA! — minha mãe agarrou meu cabelo, e saiu me arrastando com brutalidade....

Logo, Evan apareceu, e segurou meus braços, como se eu fosse uma criminosa. Meus gritos de dor no os afetaram, e eu fui levada a sala do trono, e jogada lá. Aos poucos, meus irmão foram entrando, e se enfileirando. Os olhos de desprezo do meu pai, e de todos ali, me causaram arrepios.

Meu pai se levantou, e me bofeteou.

...— IMUNDA! SUA PROSTITUTA IMPURA! — ele gritou....

Mérida estava rindo de mim, Anelise e Alicia estavam assustadas. Meus irmãos me olharam com desprezo, principalmente Evan. Kaleb parecia um pouco preocupado comigo.

...— COMO OUSA ME OLHAR COM ESSES OLHOS SUJOS? TUDO EM TI É PODRE! — ele me empurrou....

Segurei minhas lágrimas, olhei para minha mãe, que virou o rosto.

...— SABE O QUE VOCÊ FEZ? ESTRAGOU TUDO! COMO VOU ENTREGAR UMA MEGERA IMPURA PARA O MARQUÊS, QUE ESPERA UMA VIRGEM, HEIN? — meu pai me agarrou pela garganta, parecendo querer me matar....

Ele apertou, eu estava sem ar, minhas lágrimas começaram a descer.

—M-MEU REI, PEÇO PERDÃO POR INTERROMPER! — Kaleb se ajoelhou no chão. — Não mate-a, seria melhor fazer algo diferente.

Ele está mesmo me defendendo?

—Não o escute, pai! Essa nojenta impura, não merece viver! — Mérida disse.

—Concordo, com Mérida, pai. Deixá-la viva apenas vai sujar o nome da família real. Vamos acabar com isso de uma vez, e dizer que ela adoeceu repentinamente e faleceu. Uma princesa esquecida, não terá a morte questionada, porque ninguém se importa. — Evan disse.

Meu pai parecia concordar, ele ia me matar:

—P-Por favor, não... — Kaleb disse, ainda ajoelhado.

—Então, vamos fazer uma votação. Quem aqui quer que Arabella seja poupada e tenha esse filho ilegítimo, que manchará a imagem da nossa família? — Evan disse, olhando para todos. — Quem deseja a morte dela, levante a mão.

Todos, menos Kaleb, levantaram a mão depois de um olhar afiado de Evan. Até mesmo a minha mãe voltou a favor de me matar.

— M-MEU REI! SE TRAZER O MARQUÊS AO PALÁCIO AMANHÃ, PODEMOS EMBEBEDA-LO, ASSIM, PASSARÁ À NOITE COM ELA. NÃO VAI PERDER O DINHEIRO QUE ELE VAI PAGAR, E PENSARÁ QUE É SEU FILHO... — Kaleb implorou.

Meu pai me jogou longe.

...— Sim, ainda tem utilidade. Pagarei uma empregada para se cortar e simular sangue na cama. Seja grata, Arabella, pois mesmo sendo imunda, ainda tem alguma utilidade! — meu pai voltou ao trono....

Estava com raiva, ódio dessa família. Kaleb estava triste, mas também parecia me desprezar ao mesmo tempo.

...— Tirem essa coisa suja daqui! Tranquem-a em seu quarto, para que não saia de lá. Sem comida, e sem água! — os guardas me agarraram....

Nesse momento, ouvi gritos. "não, Duque, não deve entrar sem a permissão do rei, é uma audiência privada!". Um guarda gritou, mas ele entrou. Chegando até mim, Sebastian me cobriu com sua capa.

...— Duque, tudo tem limites! Não deveria estar aqui! — meu pai disse....

...— Estou aqui para buscar o que me pertence! — ele disse, com fervor....

...— Está no lugar errado, Duque! — Evan disse....

...— Não, estou aqui pela minha mulher! — ele me abraçou....

...— Duque, solte-a, ela é impura! Está grávida de um qualquer! — Mérida disse....

Todos a olharam, era algo para manter em segredo, porém ela disse. Sebastian ficou surpreso ao saber disso, já que não esperava.

...— Essa mulher promíscua está grávida antes do casamento, e de alguém que não é seu noivo. Ela merece morrer! — ela disse, quase cuspindo as palavras....

...— Se ela é promíscua, também sou, afinal, a criança que Arabella carrega em seu ventre, é meu filho! — todos ficaram em silêncio....

Pude notar que Mérida sentiu como se estivesse levando uma facada, seus olhos encheram de lágrimas. Ela apertou o peito, tremendo.

...— M-Mentira! MENTIRA! N-Não pode ser o Duque o pai desse bastardo... não... NÃOOO! — ela puxou a espada de Evan, e correu em minha direção, pretendia me matar....

...— MÉRIDA, NÃO! — Evan gritou....

Me matar, sabendo que estou grávida do filho do Duque que pode derrubar o rei, era perigoso. Sebastian a imobilizou, ela começou a gritar e se debater.

...— EU VOU MATÁ-LA, ESSA PUT@ DESGRAÇAD@! TE ODEIO, MORRA! — Evan correu até ela, a puxando....

...— Evan, tire Mérida aqui imediatamente! — meu pai ordenou....

Manuel ajudou Evan a levar Mérida, que estava fazendo um escândalo, me xingando e gritando asneiras e ameaças.

...— Bella, está bem? — ele me verificou....

...— Sim. — eu estava atenta a tudo....

Meu pai fez barulho, para voltarmos nossa atenção a ele.

...— Explique agora a situação! — meu pai estava fervendo de ódio....

...— Arabella e eu estamos nos encontrando secretamente desde o dia da maioridade, esta é a verdade. Estou completamente apaixonado por ela, por isso, peço permissão para me casar com ela imediatamente! — ele se ajoelhou....

Foi um meio de demonstrar obediência.

...— Duque, desonrou a minha filha! Sabe o que o que fez é muito errado? — meu pai não queria me entregar a ele....

Eu não tenho poder para conseguir segurá-lo caso um dia queira se rebelar. Mérida, no momento em que se casasse com ele, faria o Duque perder tudo que construiu sozinho, sua independência do reino. Como aliada de Evan, ele seria obrigado a fazer o juramento de cavaleiro, algo que é mais importante que a vida. Resumindo, ele jamais poderia fazer algo contra Evan, pois se fizesse, além de perder a cabeça, sua propriedade, as pessoas que trabalham lá, o território que pessoas habitam e estão sob a supervisão dele, sofreria um massacre, para dizimar de vez todos que lá estivessem. Mesmo que ele matasse Evan primeiro, depois do juramento, ele estaria aceitando ser observado, então não teria mais como ter liberdade. Dentro da propriedade teriam soldados do rei, e aos poucos, ele perderia o poder.

...— Sinto muito, mas amo Arabella, e se não aceitar meu pedido, terei que tomar atitudes estremas, já que a princesa carrega minha semente em seu ventre, o meu filho! — seus olhos demonstraram intensidade....

...— Retire-se, amanhã, conversaremos direito sobre o assunto. — meu pai parecia estar com dor de cabeça....

Sebastian me ajudou a levantar:

...— Arabella ficará comigo em minha propriedade, mesmo que não permita, pois não vou confiar em deixar a minha mulher e meu filho perto de uma louca como a quarta princesa! — ele sequer esperou resposta, me pegou no colo, e saímos de lá....

Havia uma carruagem nos esperando, provavelmente ele imaginou que eu ficaria em perigo no momento em que contasse que me tomou.

Ele me colocou com cuidado na carruagem, e me deu seu ombro para descansar.

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