Causa

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Arabella acordou, ainda com dor de cabeça. Olhando ao redor, percebeu estar de volta ao seu quarto. Não havia ninguém ao lado dela, esperando que acordasse. Foi decepcionante para ela, porém, se contentou por estar viva.

"Alguém me salvou, estou tão aliviada...", ela pensou. Ficando deitada na cama, ela esperou até que alguém aparecesse para verificar o seu estado. Sua serva apareceu, mas não perguntou como ela estava, apenas saiu para informar a rainha. Depois de alguns minutos, sua mãe apareceu no quarto.

...— Como pode ser tão descuidada? — ao invés de acolhê-la e consolá-la, sua mãe estava com raiva....

...— Mãe, ele era meu professor há pelo menos três anos! Como eu poderia adivinhar? Sem contar que foi o professor de todas as minhas irmãs! Mãe, a senhora mesma escolheu junto com meu pai! — Arabella sentiu-se indignada....

...— Mas você sabia que não deveria ficar sozinha com um homem! Se o Duque Bastos não aparecesse a tempo, sua pureza estaria perdida! — tudo que os pais dela pensavam, era em vendê-la....

Apesar de estar chocada por saber quem foi seu salvador, sua raiva pelas palavras da mãe, a dominou.

...— Poderia ter pedido às suas irmãs para esperarem do lado de fora! Você-... — nesse momento, ela não aguentou segurar sua fúria....

...— E QUE MERDA ADIANTARIA? NINGUÉM AQUI LIGA PARA MIM, NEM A SENHORA, QUE É MINHA MÃE! SE NÃO TENHO PODER E APOIO, É MINHA CULPA? O PROBLEMA DE TODOS VOCÊS, É QUE BASEAM SEU FAVORITISMO NAS ESCOLHAS DO PRÍNCIPE HERDEIRO! — ela gritou....

...— Não sabe o que está dizendo, Arabella! — porém, tudo que a princesa dizia era verdade....

...— EU SOU SUA FILHA, MÃE! EU, NÃO ELE! Apenas pelo título? ELE NÃO É SEU FILHO-... — ela bateu no rosto de Arabella....

...— Nunca mais ouse me dizer isso, entendeu? Ele é meu filho e ponto final! Considero Evan mais do que você, e preferia mil vezes que ele tivesse nascido de mim, do que uma incompetente! — ela saiu, irritada....

Naquele momento, o mundo dela desabou completamente. Arabella percebeu que nunca seria amada pela sua família. Ela se recusou a ir jantar, dessa vez, sua mãe não a obrigou a ir, pois não queria vê-la. Ela passou o resto do dia chorando, cansada de viver assim.

No mesmo dia, à noite, o Duque, em sua propriedade, estava com o prisioneiro que tentou fazer aquilo a Arabella. Ele pediu ao rei para que permitisse que a punição fosse aplicada por ele, já que foi quem salvou a princesa. O rei aceitou, e ele o levou.

...— Nenhuma punição vai ser o suficiente pelo que fez! Achou que poderia se casar com ela caso a tomasse? Você não está no nível de sequer beijar os pés dela. — ele o chutou....

Já fazia horas que Sebastian estava torturando o prisioneiro. Com chicotadas, surras, e tudo que tinha direito.

...— O que acha desse brinquedinho? Bom, você não queria entrar nela com sua imundície? Agora, serão eles que irão brincar com você! — deixando vários objetos pontudos, Sebastian pagou dois homens para fazerem o que quiser com o prisioneiro, e depois, o mataria....

Ele saiu, indo ao seu quarto. Sebastian deitou na cama, pensando em como estaria Arabella, se já havia acordado.

...— Por que estou pensando tanto nessa mulher? Não deveria ser assim. — ele sentia desejo por ela, mas também, preocupação....

Era estranho se preocupar pela filha das pessoas que ela tanto odeia. De fato, Sebastian precisava de Arabella para um plano, e até então, sua intenção era apenas se aproximar, não ter nada a mais.

...— Duque! Sinto muito por interromper no seu horário de descanso, mas o Conde Lionel o procura. — na verdade, ele já estava acostumado com aparições repentinas durante o horário da noite....

...— Leve-o até a sala, já irei até lá. — ele se levantou, e se ajeitou....

Indo encontrar o Conde, ele já imaginava a razão de sua visita. Já estavam em contato há algum tempo, e também com outros nobres do reino.

...— Você demorou para vir dessa vez. — disse Sebastian, enquanto se sentava....

...— Tive que cuidar de alguns assuntos. Então, vamos direto ao ponto: conseguiu se aproximar da oitava princesa?...

...— Bom, estou tentando. Não acredito que será fácil manipulá-la, diferente da reputação, ela tem um gênio forte. — Sebastian sorriu ao lembrar da forma que ela o rejeitou....

...— De qualquer forma, precisa ser ela. Todas as outras princesas têm ligação à quarta princesa, precisamos de alguém sem poder e conexões dentro da família real. — e Arabella se encaixa perfeitamente no papel....

...— Sim, vou continuar. Preciso que a quarta princesa faça algo logo, assim poderemos fazer o primeiro príncipe cair na armadilha. — basicamente, o plano era usar Arabella para causar problemas na família real....

Por saber da paixão da quarta princesa por ele, Sebastian precisou tomar uma contra-medida, pois Evan estava planejando prendê-lo a um casamento com Mérida a força. Para isso, teria que fingir que foi tomada por ele, porém, isso tudo desandou quando o Duque propositalmente criou rumores com a oitava princesa. Ao desviar a atenção de todos para Arabella, na festa em que aconteceria o plano, conseguiu fugir das mãos de Evan. Isso porque todos passaram a noite inteira em cima do Duque, querendo saber se era verdade. Assim, Mérida não teve oportunidade de drogar a bebida dele.

E para continuar escapando, ele pretende se aproximar publicamente de Arabella. Enquanto o rei achar que ele quer a cortejar, acreditará que ele não estará pensando em uma rebelião. As leis dizem que para alguém sem sangue real conseguir a coroa, precisa estar ligado a alguém da família real, então Sebastian já tinha pensado em tudo, com outros nobres que eram a favor da ascensão de um novo rei.

...— Ainda temos algum tempo antes da seca. Devendo nos precaver, para não acontecer a crise que teve ano passado. Muitas pessoas morreram por negligência do rei. Se ao menos algum dos filhos do rei fossem dignos do trono, não teríamos que procurar uma solução tão complicada. Infelizmente, o sangue real já está manchado. É uma família que precisa ser dizimada! — era o desejo de todos....

Nobres, plebeus, todos juntos pela mesma causa, uma rebelião. Não era uma opção passar por tempos difíceis novamente, vidas inocentes perdidas, epidemias, secas, onde ninguém recebe apoio do rei, que pensa apenas em gastos exuberantes, dinheiro e poder.

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