Capítulo 16: A Festa Literária e o Grande Final

O dia da grande festa chegou mais rápido do que Laura imaginava. Depois de toda a confusão com a verdade revelada sobre o professor Pedro, ela estava determinada a fazer a celebração ser mais do que uma simples festa. Queria que fosse uma verdadeira experiência literária — uma oportunidade de resgatar a confiança no ambiente do internato e, claro, mostrar a todos que nem sempre o que parece ser a realidade é o que realmente é.

O refeitório foi transformado em uma verdadeira exposição literária. As mesas estavam decoradas com livros clássicos, recortes de personagens famosos e passagens de grandes obras espalhadas por todo o ambiente. Havia também um palco improvisado onde todos os alunos, professores e até a diretora Dona Marta participariam de uma espécie de "gincana literária", que consistia em adivinhar citações de livros, responder perguntas sobre grandes autores e até representar personagens de maneira criativa.

Laura, com seu espírito impetuoso, havia organizado tudo. Desde o planejamento das atividades até a escolha dos "prêmios literários", como marcadores de páginas personalizados, canetas com citações famosas e, claro, a promessa de uma aula especial do professor Pedro para quem vencesse a gincana. A ideia era, além de proporcionar um evento de integração, fortalecer a imagem do professor, mostrando a todos o quanto ele era respeitado e valorizado pela comunidade escolar.

Enquanto a festa se desenrolava, todos estavam animados, rindo e se divertindo. Laura, com sua energia inesgotável, estava no centro das atenções, organizando as equipes e incentivando todos a se envolverem nas atividades. A competição estava esquentando, e o refeitório estava repleto de alunos fantasiados de personagens literários, com alguns até criando versões hilárias de obras clássicas.

O ponto alto da festa aconteceu quando o concurso de interpretação de personagens começou. Alunos se apresentaram imitando desde o Capitão Ahab, de Moby Dick, até a intrépida Elizabeth Bennet, de Orgulho e Preconceito. Mas, é claro, a grande atração foi quando Pedro subiu ao palco, acompanhado por Dona Marta, para representar o personagem principal de uma das histórias mais queridas pelos alunos: Don Quixote.

Com um capelo improvisado, uma espada de brinquedo e um olhar sério (mas com aquele sorriso de quem estava se divertindo), Pedro começou a falar, com um sotaque espanhol exagerado, as palavras do cavaleiro andante. A plateia riu tanto que quase caiu para trás. Ele fez até uma versão adaptada de sua própria história, dizendo que estava em busca de seu "cavaleiro" perfeito, que seria, evidentemente, sua parceira literária: Dona Marta.

Dona Marta, que sempre foi vista como a implacável diretora, se viu no meio da brincadeira. A surpresa foi que ela, com muito bom humor, seguiu a encenação de Pedro e se fez passar pela Dulcineia, a musa idealizada por Don Quixote. A plateia foi à loucura, e Laura mal podia acreditar no que estava vendo. Dona Marta, com sua postura rígida, estava brincando no palco e se divertindo como se fosse uma aluna comum.

A cena descontraída continuou até o final da apresentação, com todos os envolvidos no concurso ganhando uma espécie de "médaille d'honneur" literária — uma medalha de honra para o mais criativo. Laura e suas amigas estavam se divertindo imensamente, mas ainda havia algo que ela queria resolver: a relação entre ela e Pedro.

Ela se aproximou dele quando a festa começou a esfriar, com os alunos sentados e conversando em grupos.

— Ei, Pedro — ela disse, sorrindo de maneira travessa. — Achei que você fosse o Don Quixote de verdade! Eu nunca imaginei que você fosse tão bom ator.

Pedro riu, tirando a capa de "cavaleiro" e colocando-a sobre o ombro.

— Pois é, Laura... Eu sou uma surpresa, não? Na verdade, esse evento me ajudou a me sentir mais à vontade. Eu realmente aprecio o que você fez por mim. Às vezes, a melhor forma de lutar contra os boatos é rir de si mesmo.

Laura, com um sorriso meio malicioso, cruzou os braços.

— Eu sempre soube que você tinha um lado divertido, só precisava deixar esse professor sério de lado e aparecer mais, né?

Pedro olhou para ela, com um olhar mais suave.

— Talvez você tenha razão. Eu passei tanto tempo tentando ser o professor ideal, que acabei esquecendo de ser humano. Esse internato... bom, esse lugar é especial. Você me fez ver isso de um jeito diferente.

Laura ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre o que Pedro dizia. Ela sabia que ele tinha se isolado por tanto tempo e, de certa forma, o ambiente descontraído e acolhedor daquela festa estava trazendo à tona uma versão de Pedro que ela nunca imaginou que veria. Ele realmente estava se soltando, e isso era bom para todos.

Mas, então, algo inesperado aconteceu. No meio da festa, enquanto todos se divertiam e a música tocava ao fundo, a porta do refeitório se abriu de repente. Todos os olhos se viraram, e uma figura solitária entrou, com um olhar sombrio.

Era a aluna que havia causado todo o escândalo no passado, a mesma que havia feito a acusação contra Pedro. Ela estava de cabeça baixa, com uma expressão de arrependimento, e seus passos eram hesitantes. Ela olhou ao redor, percebeu que todos estavam olhando para ela e, sem coragem para falar, foi até a mesa onde Pedro estava conversando com Laura.

Laura, que a reconheceu imediatamente, olhou para Pedro e, com uma expressão compreensiva, se afastou um pouco para dar espaço àquela situação.

Pedro a observou, e, com uma calma impressionante, levantou-se.

— Você veio... — ele disse suavemente, mas sem raiva, sem rancor. — Eu imaginava que um dia você voltaria. Não precisa pedir desculpas agora, mas quero que saiba que você tem todo o tempo para isso.

A aluna olhou para ele, com os olhos marejados, e finalmente falou:

— Eu... eu só queria dizer que... estou arrependida. Eu sei que fiz a coisa errada, que fiz você sofrer, e... hoje, eu percebi o quanto a mentira que contei afetou sua vida. Eu nunca soube o que você realmente passou por causa disso. Eu fui muito egoísta e não pensei nas consequências.

O ambiente ficou tenso. Todos estavam observando a cena, esperando uma reação de Pedro. Mas ele, com sua postura calma e serena, se aproximou dela e, com um sorriso triste, disse:

— Você não precisa mais se preocupar com o passado. O que aconteceu, aconteceu. O importante é que você entenda o que a verdade pode fazer pela sua vida daqui em diante.

A jovem, com um olhar de alívio, finalmente deixou escapar uma lágrima.

— Obrigada, Pedro. Eu sei que não posso mudar o que fiz, mas... espero que, um dia, você me perdoe.

Laura, observando toda aquela cena, sentiu uma onda de emoção. Ela sabia que aquele momento era um marco para todos os envolvidos. A verdade tinha se mostrado mais forte do que qualquer mentira ou boato, e, embora o caminho para o perdão fosse longo, havia, finalmente, a possibilidade de um novo começo.

A festa continuou, mas agora com uma atmosfera diferente. Todos estavam mais unidos, mais conscientes do poder da verdade e da importância de não julgar rapidamente os outros.

Enquanto a noite avançava, Laura olhou para suas amigas e, com um sorriso satisfeito, disse:

— Acho que conseguimos. Agora, só falta esperar o que vem por aí.

Mas, sabendo de seu jeito irreverente, Laura não duvidava que a próxima confusão estivesse logo à espreita.

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Comments

Bela Black

Bela Black

Eu achei um pouco suspeito, admito. É que parece que tem mais nessa história toda.

2025-04-08

0

Kelly Ramos

Kelly Ramos

Laura as vezes também é responsável, só as vezes 😂😂😂

2025-04-07

1

Jhay_Focas

Jhay_Focas

Se não caíram para trás pela risada, caíram agora pela surpresa kkkk

2025-04-08

0

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