Capítulo 10: Uma Confusão Digna de Delegacia

Tudo parecia estar indo perfeitamente bem. Laura e suas amigas tinham conseguido o depoimento de João, e agora só faltava um detalhe para o plano estar completo: encontrar mais testemunhas e preparar o grande momento de expor a verdade. Mas, como de costume, quando se tratava de Laura, as coisas nem sempre saíam como planejado.

Era uma tarde de sexta-feira, e Laura teve a brilhante ideia de encontrar uma das antigas colegas da aluna que havia armado para o professor Pedro. Segundo João, essa garota tinha se mudado para uma cidade não muito longe dali. Sem perder tempo, Laura convenceu suas amigas Paula, Camila e Julia a embarcarem na nova aventura.

— Vamos só até a cidade vizinha, dar uma olhada rápida e ver se conseguimos mais informações — Laura disse com o mesmo entusiasmo de quem estava prestes a fazer uma excursão para o shopping.

— Você tem certeza de que isso é uma boa ideia? — perguntou Paula, sempre a mais prudente. — Não podemos simplesmente mandar uma mensagem?

— Ah, qual é, Paula! — Laura rebateu. — Você acha que alguém vai confessar algo assim por mensagem? Precisamos de um contato mais direto.

E assim, com a habitual confiança de Laura, as quatro embarcaram em uma missão "simples". No entanto, "simples" não existia no dicionário de Laura.

Elas pegaram o ônibus para a cidade vizinha, uma viagem que durou cerca de uma hora. Chegando lá, começaram a seguir o plano: encontrar o endereço da ex-colega da garota problemática. Laura havia feito uma pesquisa rápida online, e parecia que a tal pessoa trabalhava em uma cafeteria local.

Ao chegarem à cafeteria, as coisas começaram a desandar. Laura, querendo ser discreta, insistiu que todas usassem óculos escuros e chapéus — um disfarce que, na prática, as fazia parecer espiãs desajeitadas em um filme de comédia. Elas entraram no café, tentando agir naturalmente, mas tudo o que conseguiram foi atrair mais olhares curiosos do que o esperado.

— Acho que estamos chamando muita atenção, — sussurrou Camila, tentando parecer calma, enquanto ajustava seus óculos escuros.

— Fiquem tranquilas, está tudo sob controle, — Laura garantiu, embora claramente estivesse adorando a ideia de parecer uma agente secreta.

As quatro se sentaram em uma mesa perto do balcão, e logo avistaram a funcionária em questão, que parecia estar muito ocupada atendendo clientes. Era a chance de Laura tentar algo mais direto.

— Vamos fazer assim, — disse Laura, inclinando-se para as amigas. — Eu vou até ela, compro um café e puxo assunto. Quando eu tiver certeza de que é ela, vocês entram em ação.

— Que ação? — Julia perguntou, confusa.

— Eu ainda estou pensando, mas vai ser algo espetacular, — Laura respondeu com um sorriso travesso.

No entanto, antes que Laura pudesse sequer chegar ao balcão, a confusão começou. Um dos clientes da cafeteria, ao se levantar apressadamente, derrubou uma bandeja cheia de bebidas no chão. O som alto da bandeja caindo fez todo mundo olhar na direção do acidente. E, no meio do tumulto, Laura tropeçou e caiu em cima de uma mesa, derrubando xícaras, pratos e tudo o que havia em cima.

— Ai, meu Deus! — gritou Paula, enquanto tentava segurar Laura.

Mas o desastre já estava feito. A mesa tombou, o café se espalhou por todos os lados, e a tal funcionária, a quem elas queriam interrogar discretamente, estava olhando diretamente para elas com uma expressão de puro espanto.

— O que está acontecendo aqui?! — gritou o gerente da cafeteria, surgindo de repente.

As meninas tentaram se levantar rapidamente, mas antes que pudessem se explicar, um cliente nervoso já estava reclamando sobre a bagunça, e o gerente, claramente irritado, começou a chamá-las de "delinquentes". As coisas foram de mal a pior, e logo um policial local, que estava de folga e tomando um café no local, se aproximou.

— Vocês precisam vir comigo, — disse o policial, depois de uma rápida troca de palavras com o gerente.

— O quê? A gente não fez nada! — protestou Laura, enquanto o policial mantinha um semblante sério.

— Vocês causaram uma confusão aqui e precisam ir até a delegacia local para esclarecer tudo, — o policial afirmou, já chamando reforços para garantir que a situação não escapasse do controle.

E foi assim que Laura, Paula, Camila e Julia se encontraram em um camburão, indo direto para a delegacia local. A missão para desmascarar a verdade sobre o professor Pedro tinha dado uma guinada inesperada.

Chegando à delegacia, elas foram levadas para uma pequena sala de espera, onde tiveram que explicar o que estavam fazendo na cidade. Laura, sempre a líder do grupo, tentou justificar tudo com o maior tom de normalidade possível.

— A gente só veio aqui investigar uma antiga colega de escola... — começou Laura.

— Investigar? — interrompeu o policial, levantando uma sobrancelha. — Vocês são estudantes, não detetives.

— Mas é uma longa história, e eu juro que tudo o que aconteceu na cafeteria foi um acidente, — completou Laura.

Paula, tentando salvar a situação, acrescentou:

— A gente só queria tomar um café, mas... sabe como é, a Laura se empolga às vezes.

As meninas sabiam que estavam em apuros, e explicar aquela bagunça para a diretora do internato seria uma tarefa ainda mais complicada. O policial parecia estar dividido entre dar uma bronca nelas ou achar tudo aquilo engraçado.

— Tudo bem, garotas, — disse ele, suspirando. — Vamos fazer o seguinte: vou ligar para a diretora de vocês, e ela vai decidir o que fazer.

O sorriso de Laura desapareceu.

— O quê?! A diretora não! — exclamou ela, olhando desesperada para as amigas.

— Tem outra opção? — perguntou o policial, cruzando os braços.

As meninas se entreolharam, sabendo que estavam prestes a enfrentar uma bela bronca no internato, e dessa vez nem Laura poderia improvisar uma saída rápida.

A confusão tinha chegado a outro nível, e agora, com a diretora envolvida, sair dessa enrascada seria muito mais complicado.

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