Capítulo 3: O Dia da Diversão (ou Como Tudo Deu Errado)

A semana passou voando, e o tão aguardado Dia da Diversão finalmente chegou. Laura e suas amigas estavam com o entusiasmo nas alturas. Depois de muito planejamento (e várias horas de procrastinação), elas estavam prontas para transformar o Internato São Gabriel em um lugar de risadas e caos — exatamente como elas gostavam.

O sol brilhava intensamente, e os alunos começaram a se reunir no pátio. Laura havia preparado uma série de atividades que prometiam ser divertidas, como uma gincana, pintura de rosto, e até uma competição de danças engraçadas. Ela estava particularmente animada com a última, que a diretora Margareth não tinha nem sonhado que aconteceria.

— Meninas, isso vai ser épico! — Laura gritou enquanto observava o pátio se encher de alunos.

Camila estava com a cara pintada de pinguim, um visual que ela achava adorável e ninguém mais. Paula já estava ensaiando sua entrada triunfal para a competição de danças, enquanto Julia tentava organizar as equipes, lutando contra o seu instinto natural de ser a responsável.

— Agora, lembrem-se, não podemos exagerar! Temos que manter a ordem! — disse Julia, mas sua voz foi rapidamente abafada pelo barulho crescente da multidão.

— Ordem é o último item da nossa lista de prioridades! — gritou Laura, pegando um megafone que encontrou escondido em uma das salas de aula.

Com isso, ela começou a gritar instruções para todos os alunos.

— Atenção, atenção! Hoje é o Dia da Diversão! Todos aqui estão convidados a participar da Gincana do Caos! — A empolgação era palpável.

Mas Laura não era apenas uma líder; ela também era uma estrategista... meio louca.

— E para começar, precisamos de um pouco de animação! Vamos começar com a pintura de rosto! Quem quiser, pode se transformar no que quiser! — Laura piscou para Camila, que estava perto demais da mesa de tintas.

— Pintura de rosto? Isso não pode dar certo... — Julia murmurou, já prevendo a catástrofe.

Assim que as alunas começaram a se pintar, uma verdadeira guerra de tintas começou. Alguém gritou “Batalha de Pincéis!” e, em questão de segundos, o pátio se transformou em um campo de batalha colorido. Camila, que estava tentando se transformar em um pinguim, acabou parecendo mais um arco-íris descontrolado.

— Olhem! — gritou Paula, que se escondeu atrás de uma pilha de tintas e estava tentando fazer uma apresentação de dança com a ajuda de uma caixa de som que trouxera. — Hora do show!

Ela começou a dançar de forma exagerada, o que fez com que todos começassem a rir e se juntar a ela. Mas, em meio ao frenesi, alguém acidentalmente derrubou a caixa de som, fazendo com que um enorme estrondo ecoasse pelo pátio.

— O que foi isso? — gritou Julia, enquanto tentava manter a ordem em meio ao caos.

— Não se preocupe! É só um efeito especial! — Laura gritou, mas sua explicação mal foi ouvida. A música começou a tocar descontroladamente, e a atmosfera ficou elétrica.

Laura decidiu que era a hora perfeita para a competição de dança. Ela pegou o megafone novamente e anunciou:

— Competição de Danças Malucas! Quem não dançar ficará... bem, sem o direito de comer bolo na hora do lanche!

Isso fez com que todos entrassem no espírito da competição, e as danças começaram. Cada um estava fazendo o seu melhor (ou pior), mas, é claro, a verdadeira confusão começou quando os professores, alertados pelo barulho, apareceram.

Dona Margareth surgiu com a mesma expressão de quem está prestes a fazer uma inspeção de rotina e, ao ver a cena, quase teve um ataque do coração. O pátio estava uma verdadeira paleta de cores, alunos dançando como se suas vidas dependessem disso, e Paula estava no centro, executando um movimento tão dramático que quase fez um aluno desmaiar de tanto rir.

— O que está acontecendo aqui?! — Dona Margareth gritou, sua voz ecoando como um trovão. A multidão instantaneamente congelou, e todos ficaram em silêncio.

Laura, em um momento de pura adrenalina e talvez um pouco de insanidade, decidiu que não poderia deixar a diretora estragar a diversão.

— Diretora Margareth! — gritou, dando um passo à frente. — Estamos apenas celebrando a liberdade e a alegria de ser jovem! Venha dançar conosco!

Dona Margareth parecia prestes a ter um colapso, mas então, algo inusitado aconteceu. Um dos alunos, vestido como um panda (graças à pintura de rosto), fez um movimento engraçado e todos começaram a rir novamente. A tensão diminuiu um pouco.

— Isso é inaceitável! — a diretora gritou, mas havia um leve sorriso se formando em seu rosto. — Vocês estão fazendo... um espetáculo de circo!

Laura não perdeu tempo e puxou Margareth para o meio da pista de dança.

— Venha, diretora! Dance um pouco! Isso vai fazer bem para você!

Margareth hesitou, mas, para surpresa de todos, ela começou a balançar os quadris, e logo estava imersa na dança, embora ainda tentasse manter uma aparência de dignidade. Todos os alunos ficaram boquiabertos.

— Esse é o espírito! — gritou Laura, radiante, enquanto puxava suas amigas para dançar também. E, de repente, o que começou como uma grande confusão se transformou em uma celebração improvisada.

As risadas ecoavam pelo internato, e a festa continuou. Laura percebeu que, apesar do caos, havia algo mágico acontecendo ali. O internato, que normalmente era um lugar de regras rígidas e silêncios constrangedores, estava cheio de vida e alegria.

E assim, o Dia da Diversão se transformou em uma memória que todos guardariam para sempre, até mesmo Dona Margareth. Afinal, quem diria que uma simples competição de dança poderia unir estudantes e professores em meio ao caos mais absoluto?

E o melhor de tudo? Laura sabia que, apesar de todas as advertências, aquela seria apenas mais uma travessura para se lembrar no futuro — e com certeza, haveria mais confusões pela frente.

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