Capítulo 13: A Verdade se Espalha e as Consequências Chegam

O evento beneficente foi um sucesso absoluto. Não só pela quantidade de pessoas que apareceram, mas pela maneira como Laura e suas amigas conseguiram transformar uma confusão em algo produtivo. A palestra de Pedro sobre literatura foi a cereja do bolo, mas o que realmente ganhou a atenção foi a história dele — e as pessoas começaram a ver o professor de uma forma completamente nova.

Nos dias seguintes, Pedro foi mais respeitado pelos alunos e, até mesmo, alguns dos professores começaram a se aproximar dele, oferecendo apoio. As fofocas que antes o perseguiram estavam finalmente começando a desaparecer, e a ideia de que ele era um educador responsável e honesto estava se espalhando rapidamente pelo internato.

Mas, claro, nada acontece sem um preço. Laura, que estava acostumada a transformar situações caóticas em algo positivo, não sabia o quanto essa vitória iria custar.

Na manhã seguinte ao evento, Laura e suas amigas estavam se preparando para o café da manhã. O refeitório estava lotado, e todas estavam ainda vibrando com o sucesso do evento. No entanto, uma figura conhecida apareceu na porta do refeitório, com uma expressão tão séria que fez todo mundo silenciar: Dona Marta.

Ela entrou, sem fazer barulho, e foi direto até a mesa de Laura, onde as meninas estavam sentadas. A diretora parecia ainda mais imponente com seu uniforme perfeitamente alinhado, e todos os olhos estavam voltados para ela. Quando ela se aproximou de Laura, a menina engoliu em seco.

— Laura, — disse Dona Marta, sem rodeios, — quero que venha comigo. Agora.

O coração de Laura disparou. Ela sabia o que isso significava. Sabia que a diretora estava prestes a dar um ultimato. As meninas ao redor de Laura ficaram em silêncio, trocando olhares curiosos.

— O que aconteceu agora, Dona Marta? — Laura perguntou, tentando manter a calma. Mas ela sabia que havia algo de muito sério por trás daquelas palavras.

Dona Marta olhou para ela com um olhar que misturava desaprovação e um toque de curiosidade. Sem dizer mais nada, ela fez um gesto para que Laura a seguisse até seu escritório.

O caminho até o escritório da diretora foi silencioso, e o coração de Laura batia acelerado. Ela sabia que Dona Marta não era fã de confusões, mas não podia deixar de se perguntar se o que tinha acontecido no evento, embora tenha sido um sucesso, poderia ter consequências. E ela estava certa.

Quando entrou no escritório da diretora, Laura foi imediatamente confrontada com uma pilha de papéis e documentos espalhados pela mesa. Dona Marta olhou para ela com os braços cruzados.

— Eu recebi um relatório de algumas pessoas importantes da cidade, — começou Dona Marta, sem rodeios. — Eles estavam no evento beneficente ontem e acharam tudo muito... interessante. De certa forma, você ajudou a limpar o nome do professor Pedro, o que é louvável. Mas, Laura, você esqueceu de uma coisa muito importante.

Laura tentou disfarçar a ansiedade, mas sabia que a diretora estava prestes a mencionar algo que ela não esperava.

— O que você não fez, Laura, foi pedir permissão para organizar tudo isso. — Dona Marta apontou para o relatório. — Você usou a escola, o tempo dos professores e a boa vontade de todos sem sequer consultar a administração. O que, convenhamos, não é algo que se faz, não é?

Laura mordeu o lábio, tentando encontrar as palavras certas. Mas, antes que pudesse falar, Dona Marta continuou.

— Não me entenda mal. A ação foi nobre. Mas você não pode simplesmente sair por aí tentando resolver problemas como se fosse uma espécie de detetive. As regras da escola existem por um motivo, Laura. E, por mais que você tenha bons instintos, eu não posso deixar que você faça isso de novo sem passar pela administração.

Laura suspirou, mas sabia que a diretora tinha razão. Ela tinha agido por impulso, como sempre fazia. No entanto, ela também sabia que as coisas estavam começando a se ajeitar, e isso a fazia se sentir um pouco mais aliviada.

— Eu sei, Dona Marta, — Laura disse, com sinceridade. — Eu só queria ajudar o professor Pedro. Eu não queria causar mais problemas. Mas, se eu fiz algo errado, vou assumir a responsabilidade.

Dona Marta permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse ponderando a resposta. Então, ela finalmente falou:

— Não vou te punir por isso, Laura. O evento foi um sucesso e o professor Pedro está mais tranquilo agora. Mas eu quero que você se lembre de uma coisa: a boa intenção não basta. Às vezes, é preciso um pouco de organização e de respeito pelas regras para que as coisas realmente funcionem. E, por favor, da próxima vez, me avise antes. Eu não sou contra a sua energia, só quero garantir que não perca o foco.

Laura assentiu rapidamente, sentindo o peso da conversa.

— Sim, senhora. Eu vou ser mais cuidadosa da próxima vez, eu prometo. E vou garantir que o Pedro não precise mais se preocupar com isso. Pode contar comigo.

Dona Marta olhou para ela por mais alguns segundos, depois suspirou.

— Espero que sim, Laura. Agora vá. O café da manhã já deve ter terminado e você tem um evento a organizar para amanhã. Não vai ser fácil, mas talvez seja hora de você aprender a equilibrar as coisas.

Laura saiu do escritório da diretora com uma sensação mista de alívio e um toque de responsabilidade. Ela sabia que ainda tinha um longo caminho a percorrer para corrigir suas atitudes impulsivas, mas, ao menos, ela estava fazendo a coisa certa por agora. E o professor Pedro, finalmente, estava vendo a luz no fim do túnel.

Naquele mesmo dia, Laura se reuniu com suas amigas para fazer um balanço do evento e começar a pensar nas próximas etapas. O professor Pedro parecia mais calmo e confiante, e isso, para ela, já era uma grande vitória.

Mas algo dentro dela sabia que essa história estava longe de terminar. Uma nova missão estava à vista, e, mais uma vez, Laura estaria no centro de tudo — talvez com menos confusão, mas com certeza não sem um pouco de caos. Afinal, isso era Laura. Ela não conseguia viver sem um pouco de aventura.

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