Capítulo 1: O Grande Plano (Que Deu Errado)

Era o primeiro dia do ano letivo no Internato São Gabriel, e o cenário não poderia ser mais tranquilo. As alunas caminhavam em fila pelos corredores, todas uniformizadas, comportadas, com um ar de seriedade quase ensaiado. A diretora Margareth, com sua postura de general, observava tudo do alto da escadaria central. Era como se o colégio fosse um relógio bem ajustado, onde cada engrenagem sabia seu lugar.

Mas, nos fundos da ala oeste, dentro de um armário de vassouras, quatro engrenagens não estavam funcionando muito bem.

— Eu te disse, Laura, isso não vai funcionar! — sussurrou Julia, abraçada aos seus livros como se fossem seu escudo contra o caos que estava prestes a acontecer.

— Relaxa, Julia! Confia em mim, tá tudo sob controle — respondeu Laura, com aquele sorriso malicioso que só ela conseguia dar, o tipo de sorriso que geralmente significava "caos iminente."

— Camila, para de sonhar! — Paula estalou os dedos na frente do rosto de Camila, que estava olhando para o teto, imaginando sabe-se lá o quê.

— O quê? Ah, desculpa, eu tava pensando em como seria se os armários tivessem asas... — murmurou Camila, voltando ao planeta Terra, ainda um pouco distraída.

— Foco, gente! — Laura se posicionou como uma líder de missão. — Nosso plano é simples. Subimos no telhado, colocamos o balde de água com corante verde bem em cima da porta da sala dos professores, e quando a diretora entrar... splash! Ela vira a Sra. Hulk!

— O problema é que a diretora nunca entra sozinha — lembrou Julia, nervosa. — E se pegar um professor inocente no processo? Ou pior... nós?

— Detalhes, detalhes. — Laura fez um gesto desdenhoso com a mão.

As meninas abriram a porta do armário com cautela e correram pelos corredores, evitando as câmeras e os olhares curiosos. O caminho até o telhado foi mais complicado do que esperavam, já que Paula insistia em fazer uma pose dramática toda vez que uma fresta de luz iluminava seu rosto.

— Paula, menos teatro, mais ação! — Laura sibilou, enquanto arrastava a amiga para o próximo lance de escadas.

Finalmente, chegaram ao telhado. O balde de água colorida estava pronto, estrategicamente posicionado acima da porta da sala dos professores, prestes a cumprir seu papel na trama maluca.

— Agora, só falta esperar... — Laura esfregou as mãos, animada.

De repente, o barulho de passos ecoou pelos corredores. Julia mordeu o lábio e começou a suar frio. Camila já tinha voltado a olhar para o céu, imaginando nuvens em formato de pôneis, enquanto Paula ajustava sua pose, preparando-se para uma entrada triunfal, caso necessário.

— Ela tá vindo! — sussurrou Paula, com os olhos arregalados.

Mas o som dos passos foi ficando mais alto... e mais pesado... e... bem mais numerosos.

— Laura... — Julia começou, o pânico evidente em sua voz. — Acho que tem algo errado...

E foi nesse exato momento que a porta da sala dos professores se abriu — mas não era só a diretora que estava entrando. Não, não, não. Era toda a equipe de professores, incluindo a diretora, e o reitor da escola, que estava fazendo uma visita especial.

SPLASH!

O balde de água verde desceu com uma precisão impressionante, cobrindo absolutamente todos eles. A diretora Margareth ficou congelada por um segundo, agora parecendo um pepino gigante, enquanto o reitor, que jamais esperaria uma recepção tão molhada, olhava com incredulidade para o caos à sua volta.

— Meu Deus... — Julia quase desmaiou.

— Isso é ainda melhor do que o esperado! — Laura sussurrou, tentando conter o riso, enquanto Paula limpava uma lágrima de emoção diante do espetáculo.

Mas o que veio a seguir foi um coro de gritos e reclamações, seguido de uma rápida busca por quem era o responsável. Em menos de cinco minutos, o som das vozes furiosas dos professores ecoava pelos corredores.

— Foge! — gritou Laura, puxando as amigas enquanto corriam pelo telhado em uma fuga desesperada.

Elas desceram as escadas tão rápido quanto subiram, mas o destino parecia não estar do lado delas naquele dia. Quando chegaram ao térreo e tentaram escapar pela porta dos fundos, adivinhem quem já estava esperando ali, coberta de água verde e com uma expressão que poderia derreter aço?

— Dona Margareth.

— Senhoritas... — começou a diretora, com a voz mais gelada que um inverno siberiano. — Gostariam de me explicar o que... exatamente... vocês acham que estão fazendo?

Silêncio.

Laura, sempre rápida no gatilho, olhou para as amigas e, depois, para a diretora.

— A gente estava... testando um novo experimento de química. Água com clorofila. Bom para a pele. Queríamos que a senhora fosse a primeira a testar...

A diretora arqueou a sobrancelha.

— Escritório. Agora.

E foi assim que começou o primeiro dia do ano letivo no Internato São Gabriel. As meninas não sabiam o que era pior: o castigo que estava por vir ou o fato de que o balde tinha funcionado perfeitamente — só não no alvo certo.

Laura, no entanto, não conseguia deixar de sorrir. Afinal, esse era só o começo das confusões.

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Comments

Fernanda Santos Navarro Escritora

Fernanda Santos Navarro Escritora

viajei longe agora, no colégio de freiras que minha filhas e sobrinha estudaram em Pola de Lena, Astúrias, Espanha. Elas, como boas brasileiras, tocavam o terror nas freiras. 🤣

2025-02-04

1

roseli rosa martins floriano

roseli rosa martins floriano

essa eu vi o Didi fazendo kkkk

2025-01-07

2

A criatividade e a imaginação nesse capítulo, é incrível. Parabéns autora

2025-01-07

2

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