O clima na delegacia estava pesado. Laura sentada na cadeira, com as pernas balançando nervosamente, olhava para suas amigas, que pareciam tão desconfortáveis quanto ela. Paula, com o cabelo bagunçado por causa da correria, olhava para o relógio, claramente preocupada com a quantidade de tempo que haviam passado ali. Camila, ao lado de Laura, parecia não acreditar no que estava acontecendo. Julia, por sua vez, estava com a expressão de quem só queria desaparecer.
— Laura, você realmente conseguiu fazer isso! — Camila murmurou, tentando rir da situação para aliviar a tensão.
— Não é a primeira vez que faço algo assim, — Laura disse, tentando manter o tom de brincadeira. Mas por dentro, ela sabia que estava em um grande problema. A diretora do internato, Dona Marta, era conhecida por ser rigorosa e não ter paciência para confusões. E se ela descobrisse que Laura estava envolvida nisso, as coisas ficariam ainda mais complicadas.
O policial que estava encarregado delas entrou na sala e, sem dizer uma palavra, fez um gesto para que elas seguissem até a saída.
— Vamos, meninas. A diretora de vocês já está a caminho. — Ele fez um sinal de mão, como se isso fosse um consolo. Mas, para Laura e suas amigas, não havia consolo algum. A bronca da Dona Marta estava prestes a ser muito pior do que qualquer multa ou repreensão da polícia.
O caminho até o carro da delegacia foi longo e silencioso. Mesmo as meninas, que normalmente estavam sempre em alta, agora estavam apreensivas. As risadas nervosas começaram a diminuir, e Laura sentiu um peso no peito. Ela nunca tinha se metido em uma encrenca tão grande — e o pior de tudo: a culpa de tudo isso poderia cair sobre o professor Pedro. Ele já estava com a imagem arranhada por causa da história antiga, e ela não queria que ele fosse mais uma vez envolvido em algo ruim por sua causa.
Quando chegaram ao internato, a última coisa que viram foi a expressão fechada de Dona Marta, que estava esperando na entrada, com os braços cruzados. O jeito como ela olhou para Laura, de cima a baixo, fez a garota engolir em seco.
— Você… — Dona Marta começou, com a voz firme e controlada, — tem a capacidade de causar um desastre até onde não há. O que foi que aconteceu, Laura?
Laura engoliu em seco e tentou engatar um sorriso, mas não havia como escapar daquela. Ela sabia que precisava dar uma explicação, mas qual?
— Dona Marta, eu… eu só estava investigando uma coisa. Tínhamos que fazer algumas perguntas sobre a ex-colega de um dos nossos professores. Não era nada sério, mas, bem... o café acabou sendo mais problemático do que o esperado.
Dona Marta manteve o olhar fixo nela, sem demonstrar nenhum sinal de que estava acreditando no que Laura dizia.
— Você e suas "investigações" — disse ela, com ironia. — Nunca uma coisa boa sai disso, Laura. E agora estamos aqui, na delegacia, por causa de você. O que eu devo fazer com você, hein?
As meninas se entreolharam, temerosas. Dona Marta era o tipo de pessoa que sabia exatamente como pressionar as pessoas com suas palavras. Mas Laura não estava disposta a desistir tão fácil. Se ela queria resolver o problema do professor Pedro, teria que sair dessa situação e voltar ao foco.
Ela respirou fundo e fez uma expressão sincera.
— Dona Marta, eu sei que fizemos uma enorme bagunça. Mas não era para chegar até aqui. Eu só queria descobrir a verdade sobre o que aconteceu com o professor Pedro. Ele foi acusado injustamente em uma escola antiga, e tudo o que fizemos foi tentar encontrar quem pudesse provar a inocência dele. Eu não queria que isso fosse parar na delegacia ou no internato.
As amigas, que até então estavam em silêncio, começaram a se mexer. Paula fez uma cara de quem sabia que Laura estava dizendo a verdade, e Julia olhou para Dona Marta com um pedido silencioso para que ela entendesse.
Dona Marta ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse ponderando as palavras de Laura. Ela então olhou para as quatro meninas com um olhar que não conseguia esconder a severidade, mas também uma ponta de compreensão.
— Então, você está me dizendo que não estava tentando causar um escândalo, mas que estava... investigando algo sobre o professor? E que esse "acidente" na cafeteria foi apenas um deslizamento da sua falta de atenção? — Dona Marta perguntou, com a sobrancelha levantada.
Laura assentiu com firmeza.
— Sim, Dona Marta. Foi tudo um acidente. Eu... eu não queria causar problemas, só queria fazer a coisa certa.
Dona Marta respirou fundo e, para surpresa de todas, soltou um suspiro exasperado.
— Você é impossível, Laura. Impossível. Mas, pelo menos, você tem um bom motivo para suas confusões. Não estou dizendo que aprovo essa bagunça toda, mas... ao menos, você está tentando ajudar.
Laura arregalou os olhos, não acreditando que estava ouvindo aquilo.
— Então... você não vai me suspender? — ela perguntou, com um leve sorriso de alívio.
Dona Marta olhou para ela com um olhar firme, mas um pouco mais amolecido.
— Não, mas vou te dar uma tarefa. Você e suas amigas vão organizar um evento beneficente para a escola, com direito a palestras, venda de produtos, e, claro, muita disciplina. Nada de bagunças. Isso será sua "pena". Se você tiver tempo para se meter em confusão, vai ter tempo para ajudar no que é importante.
As meninas trocaram olhares entre si, com expressões de quem não sabia se aquilo era um alívio ou uma outra forma de tortura. Mas, pelo menos, elas não seriam suspensas, e Laura, mais uma vez, sairia com vida dessa.
Laura olhou para Dona Marta com um sorriso sincero.
— Obrigada, Dona Marta. Eu vou cumprir tudo direitinho. E, prometo, nada de mais confusões. Mas eu juro, a história do professor Pedro é real. Ele não merecia tudo isso.
Dona Marta assentiu lentamente, como se estivesse tentando decidir se deveria continuar acreditando na versão de Laura. Ela fez um gesto com a mão.
— Vá para seu quarto. A partir de agora, vai começar a trabalhar. Vou ver se você tem realmente essa capacidade de fazer algo útil. E nada de mais investigações. Essa é sua última chance.
Laura, já aliviada, assentiu rapidamente e, junto com suas amigas, se retirou do escritório da diretora. As quatro estavam exaustas, mas Laura sabia que o problema não tinha acabado. Agora, o foco era limpar o nome do professor Pedro — sem mais aventuras inesperadas.
— Vamos dar um jeito de acabar com isso, meninas, — Laura disse, com determinação. — E, prometo, não mais confusões... por enquanto.
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Atualizado até capítulo 26
Comments
Tatah Oliveira
Laura, Laura...você não para nunca.
2025-02-03
1
Jaquerds
uma coisa que gostei bastante da Laura é que ela prometeu ajudar ou fazer algo pra uma pessoa, ela não para até cumprir, com agora a investigação do professo.
2025-02-04
0
Vicki Hungria
É Laura dessa vez deu ruim demais😐
2025-01-28
1