Helena, percebendo o aumento da tensão na sala, ergueu a mão de maneira firme, encerrando a conversa antes que ela fosse longe demais.
Helena: Eu vou cuidar de tudo. Não se preocupem. Não há necessidade de especulações precipitadas.
Sua voz era decisiva, e todos obedeceram sem questionar. Adrian e Brenda foram os primeiros a sair do quarto, enquanto Helena se aproximou de Isabella, dando-lhe um olhar reconfortante antes de sair também. Isabella ficou para trás, os olhos cheios de lágrimas verdadeiras, apesar de tudo que estava acontecendo. Ela olhou para Leonardo, que ainda estava deitado na cama, com uma expressão indecifrável.
Isabella: Eu... eu esperava mais de você, Leonardo. Eu realmente esperava.
A voz dela estava quebrada, mas havia uma sinceridade palpável que ecoava nas palavras. Apesar de seu papel, a dor que sentia naquele momento era real. Leonardo não disse nada, apenas a observou enquanto ela saía do quarto, as lágrimas ainda presentes em seus olhos. Ele estava dividido, sem saber se deveria confiar nela ou se suas suspeitas eram válidas. Mas uma parte de si, uma pequena e teimosa parte, sentiu um leve arrependimento.
Isabella seguiu Helena até o lado de fora da mansão, onde a tarde caía lentamente, tingindo o céu de laranja e roxo. De longe, ela avistou o jardineiro trabalhando no jardim. Helena também o observava, os olhos dela frios e calculistas.
Isabella: Você acha que pode ter sido ele?
Helena demorou a responder, seus olhos fixos no homem que aparava as plantas com cuidado. Finalmente, ela suspirou, com uma expressão que misturava incerteza e raiva contida.
Helena: Não sei... mas se for, ele vai se arrepender amargamente.
A ameaça de Helena era tão sutil quanto mortal. Isabella sabia que Helena estava disposta a fazer qualquer coisa para proteger sua família, e essa lealdade cega poderia ser perigosa para qualquer um que cruzasse o caminho dela. Isabella continuou ao lado de Helena pelo resto da tarde, tentando sugerir maneiras de encontrar o espião, mas suas ideias pareciam não surtir efeito. Não havia pistas concretas, apenas uma névoa de suspeitas que pairava sobre todos.
Com o passar das horas, a noite chegou, e Helena, determinada a fazer Leonardo se arrepender de sua desconfiança para com Isabella, a chamou de lado.
Helena: Quero que leve o jantar dele até o quarto. Talvez isso o faça perceber o erro que cometeu com você.
Isabella hesitou por um momento, mas sabia que não tinha escolha. Ela pegou a bandeja com o jantar de Leonardo e subiu até o quarto dele. Desta vez, bateu na porta, esperando pelo sinal para entrar.
Leonardo: Pode entrar.
A voz dele estava calma, quase indiferente. Isabella entrou em silêncio, mantendo o rosto fechado, como se quisesse deixar claro que não estava disposta a conversar. Leonardo, percebendo seu humor, tentou brincar.
Leonardo: Não acredito... você bateu na porta dessa vez. Quem diria?
Mas Isabella não sorriu. Não disse nada. Caminhou até a cômoda e colocou a bandeja ali com um movimento rápido e mecânico.
Isabella: Está tudo aqui. Vou embora.
Leonardo observou enquanto ela se preparava para sair. Parte dele queria pedir para que ela ficasse, queria dizer algo que aliviasse a tensão entre os dois. Mas outra parte, a parte desconfiada, o fez permanecer em silêncio. Ele ainda não tinha certeza se podia confiar nela.
Isabella se virou sem esperar resposta e deixou o quarto, a porta fechando suavemente atrás dela. Desceu até a sala, onde Helena a esperava.
Helena: Vai voltar para casa?
Isabella assentiu, cansada.
Isabella: Sim, acho melhor. Preciso de um tempo para pensar.
Helena sorriu levemente, apreciando a determinação de Isabella.
Helena: Entendo. Aqui... pegue isso.
Helena estendeu uma quantia generosa de dinheiro, mas Isabella hesitou, sentindo-se desconfortável.
Isabella: Não, eu... eu não posso aceitar.
Helena insistiu, colocando o dinheiro nas mãos dela com um olhar firme.
Helena: Insisto. Você merece. E além disso, me ajudou muito hoje. Considere um presente.
Relutante, Isabella acabou aceitando. Agradeceu com um aceno de cabeça antes de sair. Enquanto caminhava em direção ao carro que a esperava, seus pensamentos estavam uma tempestade de emoções. Sabia que estava jogando com fogo ao se infiltrar na vida dos Vargas, mas naquele momento, mais do que nunca, se sentia presa entre suas obrigações para com Dante e os laços que, contra sua vontade, começavam a se formar com aquela família.
Isabella entrou no carro, o ar frio do final de tarde entrando pelas janelas abertas. Suas mãos tremiam levemente enquanto ligava o motor, e seus pensamentos estavam a mil. Sentia o peso de tudo que acontecera naquela casa, das desconfianças de Leonardo, da constante pressão de Helena e, acima de tudo, da sensação sufocante de estar cercada por inimigos em potencial. Ela precisava desabafar, precisava falar com alguém que entendesse a complexidade da sua situação.
Pegando o celular, ela ligou para Sam. Ele atendeu na terceira chamada, com sua voz rouca e familiar que sempre lhe trazia uma sensação de segurança.
Sam: Isabella, o que houve?
Isabella: Sam... estou num beco sem saída.
Ela começou a contar tudo, do momento em que foi ao cassino com Helena até o instante em que Leonardo demonstrou desconfiança aberta. Explicou como Helena e Adrian começaram a procurar um possível espião, e como, por um instante, ela pensou que sua missão estava arruinada. Enquanto falava, sentiu uma onda de exaustão tomando conta dela, como se o simples ato de contar a história estivesse drenando suas últimas energias.
Sam, sempre calmo, ouviu atentamente até o fim.
Sam: Escuta, Isabella, você sabia que esse jogo não seria fácil. Mas você é inteligente. E ainda não está encurralada. Eles não têm provas. E essa coisa com Leonardo... você vai ter que manter a cabeça fria. Ele desconfia, mas não pode provar nada. Use isso a seu favor.
Isabella: Eu sei, Sam. Mas está ficando difícil. Helena confia em mim, mas por quanto tempo? E Leonardo... Ele está cada vez mais frio.
Sam: Você precisa continuar jogando o jogo. Não se deixe abalar. Vai chegar o momento certo para sair disso, e quando ele chegar, você vai estar pronta.
Isabella: Espero que sim...
Eles se despediram, e Isabella continuou dirigindo pelas ruas cada vez mais vazias. O caminho até sua casa parecia interminável, e seus pensamentos não lhe davam trégua. Estava presa numa armadilha, e por mais que tentasse, não conseguia ver uma saída clara. Assim que chegou em casa, trancou a porta atrás de si e soltou um suspiro longo, como se todo o peso do dia tivesse desabado de uma vez.
Sem pressa, Isabella caminhou até o banheiro e ligou o chuveiro, deixando a água quente cair sobre seu corpo. Ficou ali por longos minutos, tentando lavar a tensão e o medo que a acompanhavam desde o momento em que entrou na casa dos Vargas. Seus pensamentos giravam em torno das mesmas questões: como manter a confiança de Helena, como lidar com a frieza de Leonardo e, mais importante, como sair dessa situação com vida.
Nenhuma solução clara parecia surgir, e a sensação de impotência só crescia.
Depois do banho, vestiu um pijama confortável e foi até a cozinha. Preparou algo rápido para comer, mas mal sentiu o gosto da comida. Sua mente estava presa nos problemas que a cercavam. Ao terminar, jogou os pratos na pia, prometendo a si mesma que cuidaria deles no dia seguinte.
Exausta, foi para o quarto e se jogou na cama. O colchão macio parecia acolhê-la, mas sua mente não parava de correr, insistente. Ela precisava de uma solução, algo que a livrasse daquela teia de mentiras e desconfianças.
Mas naquela noite, o sono veio antes da resposta.
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Atualizado até capítulo 56
Comments
Mara Frazao
ela deveria tentar desabafar com o Leonardo talvez ele entenda e ajude ela.
2025-01-19
1
Isa
Ele foi bastante escroto agora🥺
2024-10-19
1
Andressa Silva
vai ficar cada vez mais difícil pra isa
2024-10-19
1