Capítulo 18

Isabella saiu do escritório de Dante com uma sensação de frustração crescente. Aquele clima de espera, a necessidade de paciência, tudo isso a irritava. Ela queria resultados, ações concretas, mas Dante a mandava ter calma, algo que, naquele momento, ela mal conseguia suportar. Ao sair do rancho e pegar a estrada de volta, seus pensamentos estavam confusos. Quando chegou em casa, o vazio a consumiu ainda mais. Sem planos definidos, sem saber o que fazer a seguir, ela passou o resto do dia vagando pela casa, perdida em reflexões sobre o futuro.

Ao meio-dia, Isabella decidiu fazer o almoço. Cozinhou mecanicamente, sem prestar muita atenção, apenas para ter algo para ocupar a mente. A cozinha cheirava a temperos suaves e, enquanto comia sozinha, o silêncio da casa parecia mais pesado do que nunca. O almoço não trouxe o conforto que ela esperava, então, depois de arrumar tudo, ela foi para o quarto, tentando descansar. A exaustão física e emocional a consumia, mas, antes que pudesse fechar os olhos, seu celular tocou.

Um número desconhecido.

Com um frio na espinha, ela hesitou, mas decidiu atender. Uma voz suave e segura do outro lado da linha: Helena.

Helena: Isabella, querida. Gostaria que você me acompanhasse em uma visita. Quero que conheça alguém em quem confio muito.

Isabella sentiu um calafrio. O que Helena queria com ela? Mas sem muitas opções, decidiu aceitar o convite. Helena informou que a buscaria no apartamento em breve. Isabella, ainda um pouco hesitante, levantou-se e rapidamente começou a se arrumar. Sua mente girava em torno da pergunta que não queria calar: para onde Helena a levaria?

Pouco tempo depois, Isabella desceu as escadas do prédio e encontrou Helena esperando-a em um carro elegante, com seu motorista particular ao volante. O sorriso acolhedor de Helena era amigável, mas Isabella não conseguia evitar a sensação de que algo estava fora do lugar. Entrando no carro, ela tentou fazer perguntas discretas.

Isabella: Para onde estamos indo?

Helena, com um sorriso enigmático, apenas respondeu que iriam visitar uma amiga de confiança. Isso não aliviou a tensão que Isabella sentia, mas ela decidiu seguir em frente, sabendo que não tinha muitas escolhas.

O carro avançou pelas ruas da cidade, deixando para trás a agitação urbana. Alguns minutos depois, elas pararam em frente a uma casa simples, mas cercada de uma aura mística. Lá dentro, uma mulher de cabelos grisalhos e olhos penetrantes usava colares que brilhavam à luz de várias velas espalhadas pela casa. Incensos queimavam suavemente, enchendo o ambiente com um cheiro intenso, e pedras e cristais decoravam as prateleiras.

Isabella não demorou a perceber o que aquela mulher era: uma taróloga.

A mulher, cujo nome era **Madame Solange**, as recebeu com um sorriso sereno. Seus olhos, no entanto, logo se fixaram em Isabella de uma forma desconcertante, como se estivessem enxergando além do que era visível. Ela convidou ambas a se sentarem em cadeiras estofadas e pegou seu baralho de tarô, começando a embaralhá-lo com uma calma quase ritualística.

Enquanto embaralhava as cartas, Helena se virou para Isabella.

Helena: Eu confio completamente em Solange. Ela já me ajudou em muitos momentos difíceis. Tudo o que ela diz tem sempre um fundo de verdade.

Solange olhava para Isabella de forma quase hipnotizante, como se já soubesse mais do que deveria sobre ela. Isabella desviou o olhar, desconfortável, enquanto sentia o peso da presença da taróloga.

Solange terminou de embaralhar o baralho e o estendeu para Helena, pedindo que ela escolhesse uma carta. Helena puxou uma e entregou a Solange, que virou a carta revelando uma imagem que fez Helena prender a respiração. Era uma carta que Helena já conhecia bem: a carta da traição e dos segredos ocultos. Helena, que entendia um pouco sobre o tarô, começou a se sentir tensa.

Helena: Isso... significa que alguém próximo está traindo?

Solange, no entanto, deu um sorriso misterioso.

Solange: Não, querida. Essa carta não significa traição para você hoje. Para você, ela representa luz. Luz em tempos de incerteza.

Os olhos de Solange se voltaram diretamente para Isabella. O desconforto de Isabella aumentou, e ela desviou o olhar novamente. Helena, ainda com o sorriso sereno, comentou:

Helena: Faz sentido. Isabella tem sido uma luz na minha vida, e na vida dos meus filhos.

Isabella tentou sorrir, mas algo naquelas palavras parecia pesado demais para ela. Então, Helena sugeriu:

Helena: Agora é sua vez, Isabella. Escolha uma carta.

Isabella recusou rapidamente, sentindo-se cada vez mais nervosa com a ideia de se envolver com aquele ritual.

Isabella: Eu realmente não gosto dessas coisas, Helena. Prefiro não escolher.

Mas Helena insistiu com um sorriso amigável, incentivando-a a aproveitar a experiência. Antes que Isabella pudesse dizer mais, o celular de Helena tocou.

Helena: Preciso atender. Isabella, aproveite o momento com Solange.

Helena saiu da sala, deixando Isabella sozinha com a taróloga. O ar parecia mais pesado. O silêncio entre as duas mulheres era sufocante, até que Solange se aproximou, seus olhos fixos em Isabella.

Solange: Você esconde algo, Isabella. As cartas falam. Elas dizem que você é uma traidora.

O sangue de Isabella gelou. Ela tentou manter a compostura, mas a intensidade do olhar de Solange a desarmou.

Isabella: Isso não é verdade. Eu não sou uma traidora.

Solange inclinou-se levemente para frente, sua voz baixa, mas cheia de certeza.

Solange: As cartas nunca mentem, menina. Você pode enganar os outros, mas a verdade sempre se revela.

Isabella sentiu um medo profundo tomar conta de si, mas antes que pudesse responder, Helena voltou à sala, interrompendo o momento tenso.

Helena: Precisamos ir, Isabella. Temos outras coisas para resolver.

Ela agradeceu a Solange e entregou uma quantia generosa em dinheiro antes de se virar para sair. Isabella, ainda abalada pela troca com a taróloga, seguiu Helena para fora da casa. Enquanto o carro as levava de volta, Isabella não conseguia parar de pensar nas palavras de Solange. Será que ela sabia de tudo?

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