Capítulo 19

O carro percorreu a estrada em alta velocidade, deixando para trás a casa da taróloga. Isabella estava em silêncio, seu coração acelerado depois da conversa perturbadora com Solange. A mente dela estava uma confusão. As palavras da taróloga ecoavam em seus pensamentos, cada vez mais pesadas: "Você é uma traidora." Será que Helena tinha notado algo? E Leonardo... ele sempre havia sido imprevisível, mas agora parecia haver uma sombra de dúvida crescendo em seus olhos. No entanto, Isabella manteve a calma, lutando para esconder suas emoções.

Minutos depois, o carro parou em frente ao cassino dos Vargas. Assim que saíram, Isabella notou algo estranho. As portas do cassino estavam sendo fechadas, e uma equipe de funcionários, que claramente não pertenciam ao local, moviam-se rapidamente, carregando documentos e pastas para fora do prédio. Isabella arregalou os olhos e, subitamente, tudo ficou claro. Era por isso que Dante queria as plantas do cassino.

Helena, ao lado dela, parecia congelada no lugar, sua expressão passando rapidamente de surpresa para raiva. Seus olhos faiscavam com uma fúria contida enquanto ela observava o responsável pela equipe se aproximar. O homem, com uma postura rígida e confiante, carregava uma pilha de documentos nas mãos, como se estivesse prestes a selar o destino do lugar.

Helena: O que está acontecendo aqui?

A voz de Helena era cortante, quase venenosa, mas o homem não pareceu se abalar. Ele olhou diretamente para ela, estendendo os documentos com uma expressão séria.

Homem: Estamos fechando o cassino, senhora Vargas. Há acusações de atividades ilícitas e...

Antes que ele pudesse continuar, Helena arrancou os papéis de sua mão, sem nem ao menos ler o conteúdo, e os rasgou em pedaços. O som do papel sendo destruído foi quase tão alto quanto a explosão de raiva que emanava de Helena. Isabella observava tudo em silêncio, ciente de que estava no meio de algo muito maior do que poderia controlar.

Helena: Eu não aceito isso! Quem deu essa ordem? Quem ousa desafiar os Vargas?

O homem hesitou, claramente surpreso com a reação explosiva de Helena, mas manteve a calma.

Homem: As evidências são claras, e...

Helena deu meia-volta, sem se dignar a escutar mais nada. Com um gesto impaciente, ela indicou que Isabella a seguisse, e as duas voltaram para o carro. Assim que entraram, Helena bateu a porta com força, o que fez Isabella se encolher levemente no assento. A raiva de Helena estava quase tangível, como se o ar ao redor dela tivesse mudado de temperatura.

Helena: Leve-nos de volta à mansão. Agora!

O motorista, percebendo a seriedade da situação, partiu sem dizer uma palavra. O caminho de volta foi silencioso, mas carregado de tensão. Isabella tentava processar tudo o que havia acabado de acontecer. As suspeitas que se formavam no ar, a atmosfera de traição que começava a cercar todos ao redor dos Vargas. Isabella sabia que precisava ser cuidadosa, mas o peso das circunstâncias parecia aumentar a cada momento.

Quando chegaram à mansão, Helena não perdeu tempo. Ela chamou Adrian e Brenda para uma reunião urgente no quarto de Leonardo, que ainda estava dormindo. Isabella os seguiu relutantemente, sabendo que algo grande estava para ser discutido. A tensão no ar era palpável enquanto todos se reuniam ao redor da cama de Leonardo, que despertou ao perceber a movimentação.

Helena: Leonardo, precisamos falar. Algo muito grave aconteceu.

Leonardo, ainda sonolento, olhou para a mãe e depois para os outros presentes na sala. Adrian e Brenda estavam de pé ao lado da cama, seus rostos refletindo preocupação, enquanto Helena começou a contar o que havia acontecido no cassino. Ela relatou com precisão como o lugar estava sendo fechado e como rasgara os documentos que continham acusações contra a família Vargas. Brenda, que sempre havia ficado à margem dos negócios escusos da família, olhou para Helena com uma expressão de alarme.

Brenda: Isso é muito estranho. Como alguém conseguiu obter essas informações tão rapidamente? Alguém deve estar espionando a família.

A sugestão de Brenda fez Isabella gelar. Um espião na família? Ela tentou não demonstrar nervosismo, mas seu corpo inteiro ficou tenso. Adrian, sempre pragmático, assentiu com a cabeça.

Adrian: Isso faz sentido. Mas quem poderia ser?

Nesse momento, Leonardo, que estava em silêncio até então, levantou o olhar diretamente para Isabella. Seu olhar era intenso, quase acusador, o que fez o estômago dela dar um nó.

Leonardo: Talvez devêssemos começar desconfiando daqueles que chegaram recentemente à nossa casa... e ao cassino.

Brenda: Isabella é uma delas!

Adrian: Calma, não vamos acusar sem saber!

Helena, percebendo o rumo que a conversa estava tomando, levantou a mão rapidamente.

Helena: Isabella não tem nada a ver com isso, Leonardo. Ela está aqui para me ajudar, e tenho total confiança nela. Mas o jardineiro, por outro lado, começou a trabalhar recentemente.

Leonardo, no entanto, não tirava os olhos de Isabella, seu rosto carregado de desconfiança.

Leonardo: E quem disse isso a senhora, mãe?! a sua bruxinha? não está na hora da senhora para com essas coisas? aquela velha só está roubando seu dinheiro.

Isabella sentiu o choque atravessá-la. Ela não esperava que Leonardo a confrontasse diretamente, e agora era evidente que ele estava desconfiado dela. Sua mente correu, tentando encontrar uma resposta rápida e convincente. Não podia vacilar agora.

Isabella: Como pode duvidar de mim depois de tudo o que eu fiz, Leonardo, se não fosse eu, você poderia estar morto.

Helena: Não leve a sério o que meu filho fala, Isabella. Ele só pode… está delirando.

Leonardo: A senhora mesmo disse que quando encontrou Isabella, ela estava perto do escritório.

Isabella: Eu estava assustada e me escondi no primeiro lugar que achei.

Leonardo continuou olhando fixamente para ela, como se estivesse analisando cada palavra que saía de sua boca. Isabella sabia que ele era perigoso, e que qualquer deslize poderia ser fatal.

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