Capítulo 6

Após o almoço, Sam se levantou da mesa com um sorriso leve, mas os olhos cheios de gravidade. Ele sabia, assim como Isa, que aquela seria a última vez que pisaria naquele apartamento. A missão deles exigia sigilo absoluto, e ninguém podia sequer desconfiar que os dois tinham algum tipo de ligação. Quando chegou à porta, Sam se virou uma última vez, olhando para ela com um ar sério.

Sam: Cuide-se, Isa. A partir de agora, somos completos estranhos.

Isa assentiu, sentindo um aperto no peito. Sam era sua única conexão verdadeira no meio de toda aquela teia de mentiras e intrigas. Mas ela não podia se deixar abater, não agora. Ele saiu sem dizer mais nada, e assim que a porta se fechou, a realidade da situação caiu sobre ela como uma avalanche. Aproveitando o silêncio, Isa arrumou a mesa, lavou a louça e organizou o apartamento, como se a ordem física pudesse trazer algum controle à sua vida caótica.

Logo, cansada, ela se deitou na cama, o corpo exausto e a mente a mil. Seus dedos, quase sem perceber, foram até o colar que usava no pescoço. Era o único objeto que tinha de seus pais, uma pequena peça de prata que sempre carregava com ela. Fechando os olhos, as lembranças vieram à tona. Seus pais assassinados bem na sua frente. A dor daquele momento nunca a deixou, e talvez fosse isso que a movia até hoje, a busca por algum tipo de justiça ou vingança, mesmo que indireta.

Enquanto os pensamentos sombrios preenchiam sua mente, o som do celular vibrando quebrou o silêncio. Isa pegou o aparelho e viu uma mensagem do professor de dança do cassino, convocando-a para um ensaio. Respirando fundo, ela sabia que não poderia deixar sua fachada cair. Tinha que continuar, ser forte.

Levou pouco tempo para se arrumar, vestindo uma roupa que realçava seu corpo e lhe dava confiança. Ao chegar ao cassino, o ambiente estava mais agitado do que de costume. Assim que entrou, seus olhos captaram Adrian, Helena e Leonardo discutindo algo acaloradamente, cercados por capangas espalhados pelo salão. Havia uma tensão evidente no ar, e Isa soube que algo importante estava em jogo.

Ela passou por eles com uma postura confiante, seus saltos ecoando no chão do cassino. Ao cruzar o caminho deles, fez questão de cumprimentá-los com um tom suave.

Isa: Boa tarde.

Leonardo e Adrian se calaram por um momento, ambos desviando o olhar da discussão para observar Isa enquanto ela passava. O olhar deles era intenso, como se fossem dois predadores observando uma presa. Helena, percebendo a distração, estalou os dedos com impaciência.

Helena: Se concentrem, seus idiotas.

Adrian soltou uma risada sarcástica e fez uma piada.

Adrian: Difícil se concentrar com uma visão dessas, não acha, Leo?

Isa ouviu o comentário, mas ao invés de se ofender, sorriu de canto, consciente do poder que tinha sobre eles. Era uma provocação calculada, algo que ela poderia usar a seu favor mais tarde. Continuou caminhando em direção ao camarim sem olhar para trás, deixando que os dois lidassem com a própria distração.

No camarim, as outras dançarinas já estavam se preparando, assim como o professor, que parecia apressado. Não demorou muito para que todos fossem conduzidos ao palco, onde começariam o ensaio. O ambiente estava agitado, mas Isa manteve seu foco. Sabia que, em meio aos capangas, aos olhares dos irmãos Vargas e às manobras de Helena, ela precisaria ser mais esperta e calculista do que nunca.

Enquanto dançava, seus olhos captaram os de Leonardo e Adrian várias vezes. Eles a observavam com atenção, trocando olhares rápidos e carregados de desejo. Isa, sempre consciente de seu corpo, provocava-os mais ainda, movendo-se com graça e sensualidade, sabendo exatamente o efeito que causava. Cada gesto era uma provocação sutil, cada olhar uma promessa velada.

O ensaio seguia seu curso, mas Isa sabia que, além da dança, estava jogando um jogo muito mais perigoso ali.

Algumas horas depois, o ensaio finalmente chegou ao fim. As dançarinas, exaustas, se dirigiram ao camarim, os rostos ainda reluzentes pelo suor da prática intensa. Havia uma mistura de nervosismo e excitação no ar. O cheiro de perfumes caros e maquiagem dominava o pequeno espaço enquanto todas começavam a se preparar para a noite. Isa tomou seu banho, deixando a água quente aliviar seus músculos tensos, mas sua mente já estava se preparando para o que viria. O disfarce, o papel que tinha que desempenhar, tudo dependia de sua habilidade em manipular e seduzir sem nunca perder o controle.

Poucas horas depois, as portas do cassino se abriram, e a atmosfera mudou drasticamente. O salão, antes vazio e iluminado apenas pelos ensaios, agora estava preenchido com a elite do poder e do crime. Homens ricos e influentes, carregados de arrogância e cheios de desejos não tão bem escondidos, começaram a ocupar as mesas. O murmúrio dos negócios ilícitos e o tilintar das fichas de apostas começaram a preencher o espaço. Isa, junto com as outras dançarinas, observava de longe, cada uma esperando seu momento de entrar em ação.

Quando chegou a hora, Isa e as outras dançarinas se dirigiram ao palco. Ela vestia uma roupa extremamente sensual, com calcinha fio-dental que mal cobria o necessário. Seu corpo brilhava sob as luzes, cada curva enfatizada pela escolha provocante do figurino. Assim que a música começou, seus movimentos se tornaram uma dança quase hipnótica, cada passo calculado para atrair olhares e, acima de tudo, distrair. Enquanto dançava, de longe, seus olhos captaram Adrian, Leonardo e Brenda sentados em uma mesa. Adrian e Leonardo estavam totalmente focados no palco, os olhares famintos seguindo cada movimento dela. Brenda, por outro lado, parecia irritada.

Brenda: Para de olhar pra elas desse jeito, Adrian. Isso é ridículo.

Adrian riu, seu tom despreocupado, enquanto seus olhos permaneciam fixos em Isa.

Adrian: Relaxa, Brenda. É só diversão.

Isa percebeu a interação e, com um sorriso malicioso, fez questão de intensificar sua dança, lançando olhares provocantes na direção deles, o que só aumentou a irritação de Brenda. Ela estava jogando um jogo perigoso, e sabia disso. Mas cada detalhe contava, cada provocação era uma arma.

Quando a música finalmente terminou, as dançarinas desceram do palco, se dispersando pelo salão, cada uma com seu papel definido. Isa começou a se misturar entre os homens, usando sua beleza e simpatia para encorajá-los a apostar mais e mais, exatamente como planejava. Enquanto conversava com alguns dos jogadores, seus olhos atentos registraram a entrada de Helena, acompanhada por um cliente. A postura altiva de Helena e o modo como ela guiava o homem para a mesa de Adrian, Leonardo e Brenda indicavam que aquele cliente era a razão da discussão de mais cedo.

Isa, agora compreendendo a situação, continuou jogando seu charme, sua missão ficando mais clara a cada movimento. Ela sabia que precisava estar sempre um passo à frente. Com passos calculados, passou perto da mesa onde estavam os irmãos Vargas, deixando sua presença ser notada. O jogo de sedução era constante, mas sempre mantinha o controle. No entanto, no momento em que passou pela mesa deles, o cliente que estava com Helena estendeu a mão e a puxou com firmeza, enlaçando o braço ao redor de sua cintura.

Cliente: Hoje é noite de comemorar, não acha?

Isa sentiu a tensão no ar e, entendendo rapidamente a intenção, decidiu entrar no jogo. Sem perder o sorriso, ela inclinou-se para o lado e deu um beijo leve na bochecha dele, o gesto carregado de charme, mas estrategicamente inocente. Quando ergueu os olhos, procurou as reações de Adrian e Leonardo. Os olhos de Adrian estavam carregados de desejo; ela podia sentir a tensão palpável no ar, como se ele a estivesse devorando com o olhar. Mas foi ao olhar para Leonardo que ela viu algo mais intenso: fúria e ciúmes. Ele parecia a ponto de explodir, o maxilar trincado e os punhos cerrados sob a mesa.

Helena, sempre controlada, percebeu a dinâmica e, como para dissipar o clima, abriu uma garrafa de champanhe, começando a servir todos ao redor da mesa. No entanto, quando foi servir o cliente, ele tomou a garrafa da mão dela com um gesto brusco e, em um movimento provocativo, virou o conteúdo diretamente em sua boca, sem cerimônia. A mesa inteira ficou tensa por um momento, mas Isa, sempre pronta para aumentar a provocação, agiu.

Ela pegou a garrafa da mão do cliente, com um sorriso sedutor, e despejou o champanhe sobre seus próprios seios, deixando o líquido escorrer por sua pele brilhante. O cliente, em êxtase, imediatamente se inclinou para lamber o líquido, sua língua quente tocando a pele de Isa. A surpresa de Helena foi evidente, seus olhos se arregalando por um breve momento. Brenda, ao lado de Adrian, virou o rosto com uma expressão de puro nojo, cruzando os braços e murmurando algo indignada.

Isa, satisfeita com o caos que havia criado, se afastou com a mesma confiança de antes, deixando a cena para trás. Ela sabia que tinha feito o suficiente por aquela noite, tanto para avançar seu plano quanto para semear a discórdia entre os irmãos Vargas. Ao sair do salão e se dirigir ao camarim, sentia o coração acelerar. Ela havia conseguido manipular a situação a seu favor, mas sabia que cada movimento a colocava em um perigo ainda maior.

No fundo, porém, uma parte dela gostava da adrenalina, do controle que tinha sobre todos ao seu redor.

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Comments

Andressa Silva

Andressa Silva

isa arrasa na sexualidade, tá deixando os irmãos desnorteados kkkkkkkkk

2024-10-17

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