Capítulo 4

Os Piratas

A Era dos Piratas - Capítulo 4

23/04/1668

A meia-noite chegou, e o porto estava silencioso, exceto pelos rangidos das tábuas das docas e o som das ondas batendo contra os cascos dos navios. Félix e Akira seguiram em direção à taverna, onde o homem misterioso os aguardava. A entrada estava pouco iluminada, e o ar ali era espesso e pesado, carregado com o cheiro de rum e tabaco.

Quando finalmente entraram, encontraram o homem de capuz no canto, com uma expressão tranquila, como se já soubesse que eles viriam. Ele fez sinal para que se sentassem.

✏️ Homem Misterioso:

— Sabia que vocês apareceriam. A ambição é algo difícil de resistir.

✏️ Akira (olhando com desdém, apoiando-se na mesa):

— Vamos pular o discurso dramático. O que você quer nos oferecer, afinal?

✏️ Homem Misterioso (rindo):

— Direto ao ponto, gosto disso. Quero saber se vocês têm o que é preciso. Ouvi dizer que você, garoto, tem uma pontaria excelente.

✏️ Félix:

— E o que isso tem a ver com a nossa viagem?

✏️ Homem Misterioso:

— Digamos que tenho alguns… rivais. Preciso de alguém com uma mira impecável e sem escrúpulos para lidar com certos problemas.

Félix e Akira se entreolharam, sabendo que o homem estava testando-os. Ele se levantou, caminhou até a porta e fez sinal para que o seguissem. Do lado de fora, ele os levou até uma clareira atrás da taverna, onde uma dúzia de barris estavam empilhados em uma formação improvisada de alvo. Em cima de cada barril, pequenas garrafas de vidro reluziam à luz da lua.

✏️ Homem Misterioso (apontando para as garrafas):

— Vamos ver do que você é capaz, garoto. Acabe com esses alvos sem deixar um só intacto.

Akira sorriu, visivelmente despreocupado, enquanto ajustava a posição da sua atiradeira improvisada. Puxando uma pequena pedra do bolso, ele observou a distância e calculou o ângulo. Um toque de sarcasmo apareceu em seu sorriso quando olhou para o homem misterioso.

✏️ Akira (com um tom provocativo):

— Espero que você tenha trazido garrafas extras.

Com movimentos ágeis e precisos, Akira disparou a primeira pedra, quebrando a garrafa mais distante. O som do vidro estilhaçando ecoou pela clareira. Sem perder o ritmo, ele continuou, acertando uma a uma, com uma precisão assustadora. Em poucos segundos, todas as garrafas estavam em pedaços, o chão coberto de cacos de vidro brilhando à luz da lua.

O homem olhou com uma expressão de surpresa, embora tentasse disfarçar.

✏️ Homem Misterioso:

— Impressionante. Confesso que esperava ter que lhe dar algumas instruções, mas você tem um talento nato. Agora, vamos ver como se sai com algo mais... desafiador.

Ele deu um assobio baixo, e das sombras surgiram três homens, cada um armado com facas e um sorriso de desdém no rosto. Eles se espalharam ao redor de Akira e Félix, formando um círculo.

✏️ Homem Misterioso:

— Prove que vocês sabem se defender. Se vencerem, eu lhes darei uma oportunidade real de conseguir o que precisam para partir daqui.

Akira e Félix trocaram um rápido olhar. Félix apertou os punhos, sentindo o coração acelerar. Akira, por outro lado, parecia mais irritado do que nervoso, como se estivesse sendo tirado de um longo descanso.

O primeiro dos homens avançou, lançando-se em direção a Akira com uma faca na mão. Akira, rápido como um relâmpago, desviou, puxando uma pedra do bolso e atirando-a diretamente no rosto do atacante. A pedra acertou com precisão o nariz do homem, que cambaleou para trás, atordoado.

✏️ Akira (rindo enquanto recuava):

— Acham mesmo que três brutamontes vão dar conta? Estou começando a achar que subestimei minha própria reputação.

O segundo homem tentou acertar Félix, que se esquivou para o lado e, instintivamente, pegou um pedaço de madeira do chão, usando-o para bloquear o golpe seguinte. Félix ainda não era um lutador nato, mas sua determinação era clara em cada movimento que fazia para se defender.

Enquanto isso, o terceiro homem atacava Akira. Desta vez, Akira estava preparado. Ele usou a mesma técnica, lançando uma pedra diretamente nos olhos do oponente. O homem gritou de dor, recuando enquanto levava as mãos ao rosto.

Akira avançou, rápido e preciso, golpeando o terceiro homem com um chute, que o derrubou no chão. Restando apenas um, Akira voltou sua atenção para o primeiro homem, que agora hesitava. Com uma expressão cansada, ele suspirou.

✏️ Akira:

— Acho que você já percebeu, mas nunca fui fã de prolongar esse tipo de coisa. Melhor você sair daqui antes que fique feio pro teu lado também.

O homem, percebendo que não tinha chance, deu alguns passos para trás e fugiu na escuridão, enquanto os outros dois lutadores caídos tentavam se levantar, ainda atordoados.

✏️ Homem Misterioso (batendo palmas devagar):

— Parabéns, rapazes. Parece que têm potencial. E, pela performance, acredito que vocês realmente estão prontos para um trabalho.

✏️ Félix (respirando fundo, mas com um sorriso satisfeito):

— Então, o que você tem em mente?

✏️ Homem Misterioso:

— Tenho uma carga especial que precisa ser escoltada até o porto. Uma boa oportunidade de mostrar o que valem e ganhar o suficiente para começarem sua jornada. Além disso, se forem espertos, podem aprender mais sobre como os piratas realmente se movem por essas águas.

Os olhos de Félix brilharam com entusiasmo. Ele sentia que, finalmente, estava mais perto de seu sonho, e Akira parecia levemente mais interessado, embora escondesse qualquer traço de emoção sob sua habitual expressão de tédio.

Eles sabiam que esse trabalho seria apenas o começo. Havia muito a aprender e muitas batalhas pela frente, mas pela primeira vez, Félix sentia que o mar estava chamando por eles. E com Akira ao seu lado, o horizonte parecia menos assustador e muito mais desafiador.

 

O sol estava nascendo quando Félix e Akira chegaram ao cais para encontrar o homem misterioso novamente. O porto, ainda envolto em névoa matinal, parecia mais tranquilo, mas os dois jovens sabiam que estavam prestes a embarcar em algo muito maior. O homem os aguardava ao lado de um pequeno barco de carga, onde dois marinheiros, sérios e com cicatrizes visíveis, ajeitavam barris e caixas.

✏️ Homem Misterioso (com uma expressão impassível):

— Esse é o barco. Vocês vão ajudar a escoltar a carga para o Porto do Lobo. Ouçam bem as instruções dos marinheiros, e fiquem atentos. Essas águas andam perigosas.

Akira suspirou, ajustando o peso da atiradeira presa à cintura.

✏️ Akira (debochado):

— Perigosas pra quem não sabe se cuidar, talvez.

✏️ Félix (animado, mas mantendo o tom respeitoso):

— Não se preocupe, senhor, faremos nosso trabalho direito.

Os dois subiram a bordo, enquanto o barco se afastava do cais, cortando a água calma. Félix, incapaz de esconder a empolgação, observava cada detalhe ao redor, como o movimento das velas e os marinheiros ajustando as cordas. Ele não poderia imaginar um início melhor para sua jornada.

Logo, as margens da cidade começaram a desaparecer, e o pequeno barco avançou em direção ao vasto oceano. Félix sentia o vento no rosto, e um sorriso se espalhava enquanto ele finalmente experimentava o que sempre sonhara: a sensação de liberdade que só o mar podia proporcionar. Akira, por outro lado, parecia levemente entediado, mas sua atenção estava afiada, como se soubesse que a calmaria não duraria muito.

Horas depois, já em mar aberto, o marinheiro mais velho, chamado Raul, se aproximou dos dois.

✏️ Raul (com um tom grave):

— Há uma rota por essas águas que os piratas costumam atacar. Vamos passar por ela logo mais. Não se distraiam, e mantenham-se alertas.

Félix assentiu, colocando a mão na espada improvisada que carregava na cintura. Akira apenas resmungou, ajustando a atiradeira e verificando se tinha pedras suficientes no bolso.

De repente, o silêncio foi quebrado pelo grito de um dos marinheiros no mastro de observação.

✏️ Marinheiro:

— Veleiros a bombordo! Seis barcos pequenos, e têm bandeiras negras!

Félix sentiu um frio na espinha. Era sua primeira vez em combate no mar, e ele sabia que aqueles não eram simples barcos. Eram piratas. Akira, por outro lado, parecia animado, um leve sorriso sarcástico surgindo no rosto.

✏️ Akira (calmamente):

— Bem, finalmente alguma emoção.

Os barcos piratas começaram a cercar o pequeno cargueiro, e os homens a bordo deles gritavam, armados com espadas e arcos. Eles estavam determinados a abordar. Félix sentiu o coração bater mais rápido enquanto desembainhava a espada. Ele olhou para Akira, que já estava pronto, mirando a atiradeira.

O primeiro dos piratas se aproximou, pulando do barco inimigo para o convés do cargueiro. Félix avançou, instintivamente, bloqueando o golpe com sua espada improvisada. O choque do impacto quase o fez perder o equilíbrio, mas ele conseguiu recuar a tempo.

✏️ Félix (ofegante):

— Akira! Acho que vamos precisar de toda a sua precisão aqui!

Akira apenas revirou os olhos, como se o pedido de Félix fosse óbvio demais. Sem pressa, ele mirou e lançou uma pedra, atingindo o pirata que estava prestes a atacar Félix diretamente na testa. O pirata caiu, atordoado, e Félix aproveitou o momento para golpeá-lo.

Enquanto isso, outros piratas subiam a bordo. Raul e os marinheiros restantes lutavam ferozmente, mas estavam em desvantagem. Akira, calmamente, mirava em cada pirata que se aproximava, suas pedras atingindo alvos com uma precisão brutal. Ele parecia mais à vontade do que jamais estivera, como se aquele caos o revigorasse.

Um dos piratas, maior e mais robusto, avançou diretamente contra Akira, balançando uma pesada clava. Akira não hesitou, mirando rapidamente e atirando duas pedras seguidas, uma nos olhos e outra na mão. O pirata gritou de dor, soltando a clava e cambaleando para trás.

✏️ Akira (sarcástico, enquanto recuava):

— Que coisa, vocês não são mais intimidadores de perto.

Com a luta em pleno andamento, Félix se viu em combate com um segundo pirata, que o pressionava com golpes rápidos. Ele se esforçava para manter o ritmo, e embora ainda fosse inexperiente, Félix conseguiu bloquear alguns golpes e até mesmo acertar o pirata em um braço. Porém, a tensão era evidente; ele suava e respirava com dificuldade.

Akira percebeu que Félix estava em apuros e rapidamente lançou outra pedra, acertando o pirata na nuca. O homem vacilou, dando a Félix a abertura necessária para golpeá-lo e derrubá-lo.

✏️ Félix (grato, mas cansado):

— Valeu, Akira! Não sei se teria conseguido sozinho.

✏️ Akira (rindo):

— Se for pra eu ficar salvando sua pele, melhor você se garantir mais, hein?

Os piratas começaram a perceber que o pequeno cargueiro não era um alvo fácil. Aqueles que ainda estavam em condições de lutar hesitaram, percebendo que perderiam mais homens do que haviam imaginado. Após um breve momento de hesitação, os piratas restantes recuaram para seus barcos, soltando gritos de frustração enquanto se afastavam.

Raul se aproximou, visivelmente impressionado, e deu um tapinha no ombro de Félix.

✏️ Raul:

— Vocês dois deram conta de boa parte dos invasores. Nada mal para garotos.

Félix, exausto, conseguiu apenas sorrir. Akira, por sua vez, já estava encostado na amurada, parecendo entediado novamente.

✏️ Akira:

— Espero que o pagamento valha a pena. Lutar contra esses caras está começando a ficar... previsível.

O homem misterioso, que assistira a tudo de uma posição segura no convés, aproximou-se lentamente.

✏️ Homem Misterioso (com um leve sorriso):

— Vocês passaram no teste. Tenho mais trabalhos desse tipo, e recompensas melhores para quem sabe se provar. Estão interessados?

Félix e Akira se entreolharam. Eles sabiam que essa era apenas a primeira de muitas batalhas, e que o mar sempre teria perigos à espreita. Mas o gosto da aventura e a promessa de liberdade eram irresistíveis.

✏️ Félix:

— Estamos dentro.

Com isso, eles se prepararam para o próximo desafio, prontos para encarar os perigos e o desconhecido que o vasto oceano ainda reservava.

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Comments

Akira Christian ( AkCh )

Akira Christian ( AkCh )

ué, esse cara não tinha ficado no porto?

2024-10-22

0

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