Os Piratas
A Era dos Piratas - Capítulo 3
20/04/1668
As semanas se passavam devagar, mas Félix e Akira aproveitavam cada dia para treinar e reunir recursos, enquanto o porto fervilhava com as atividades cotidianas. O cheiro de peixe fresco se misturava ao das especiarias, e o ruído dos comerciantes e marinheiros ecoava pelas docas de madeira, desgastadas pelo tempo e pela maresia.
Félix estava sempre atento a tudo que pudesse ser útil: cordas esquecidas, barris vazios que podiam ser consertados, e até velas remendadas que ele pegava de navios que as abandonavam. Ele sabia que cada pequeno item poderia fazer a diferença quando finalmente partissem. Akira, por sua vez, parecia observar tudo com uma calma suspeita, sempre recostado em algum canto, mas com os olhos atentos e uma expressão entre o tédio e o desdém.
Uma noite no galpão, enquanto Félix analisava o mapa surrado que havia comprado, Akira se aproximou com um punhado de frutas que pegara no mercado:
✏️ Akira (jogando uma fruta para Félix):
— Sabe, a gente pode pegar quantos mapas a gente quiser, mas se não soubermos ler o céu, de nada vai adiantar. Os grandes piratas têm uma coisa em comum: eles sabem navegar pelas estrelas.
✏️ Félix (mordendo a fruta, intrigado):
— Tem razão. Talvez a gente deva aprender mais sobre navegação antes de qualquer coisa. Já que os mapas nem sempre vão estar certos, as estrelas não mentem.
✏️ Akira (fazendo uma expressão preguiçosa, mas interessada):
— Então, o que sugere? Vai virar astrônomo agora?
✏️ Félix (animado):
— Eu estava pensando em falar com o velho marinheiro da taverna. Dizem que ele já navegou por esses mares há muito tempo e sabe tudo sobre o céu.
Mais tarde naquela noite, foram até a taverna.
O lugar era escuro e o ar estava carregado de fumaça e cheiro de rum. Eles avistaram o velho marinheiro sentado em um canto, com uma garrafa na mão e um olhar distante, como se seus pensamentos ainda estivessem perdidos no mar.
Félix se aproximou devagar, tentando parecer mais confiante do que realmente estava, enquanto Akira seguia a uma distância segura, como se estivesse apenas acompanhando para ver onde aquilo daria.
✏️ Félix (tentando soar casual):
— Com licença, senhor. Ouvi dizer que você sabe muito sobre navegação. Será que poderia nos ensinar alguma coisa?
✏️ Velho Marinheiro (olhando para eles com um sorriso cínico):
— Dois moleques achando que vão sair por aí como grandes piratas, é? Sabem vocês que o mar não é lugar para brincadeira?
✏️ Akira (com seu tom característico, cruzando os braços):
— Estamos dispostos a aprender. E se tiver algo melhor para fazer, estamos abertos a sugestões.
O velho marinheiro riu, um som rouco e áspero, e fez sinal para que se sentassem. Com uma voz baixa e cheia de gravidade, ele começou a explicar sobre as constelações e como elas podiam guiar alguém pelo oceano. Falou das correntes, das marés, e dos ventos, que podiam tanto levar um homem à fortuna quanto arrastá-lo para a morte. Félix ouvia cada palavra com fascínio, enquanto Akira fingia desinteresse, embora, de vez em quando, fizesse uma ou outra pergunta afiada.
Mais tarde, de volta ao galpão, eles tentavam relembrar as instruções do velho marinheiro.
Akira, deitado em uma pilha de velas remendadas, olhava para o teto como se pudesse ver as estrelas por ali.
✏️ Akira:
— Sabe, esse velho pode estar completamente louco, mas o que ele disse sobre a estrela do norte faz sentido. Mesmo que a gente se perca, desde que ela esteja visível, podemos encontrar o caminho de volta.
✏️ Félix (concordando):
— E sobre as marés também. Precisamos estudar o comportamento delas, entender o mar. Só assim podemos dominá-lo.
✏️ Akira (com um sorriso cansado):
— "Dominar o mar"... Você é otimista, hein? Vamos começar por tentar não morrer afogados.
Com o tempo, Félix e Akira se tornaram figuras conhecidas no porto.
Não eram exatamente respeitados, mas a determinação de Félix e a pontaria de Akira começaram a ganhar a admiração dos comerciantes e marinheiros locais. De vez em quando, alguém até oferecia algumas moedas ou materiais que eles podiam usar em troca de pequenos serviços. Cada moeda que ganhavam era cuidadosamente guardada em uma caixa de madeira velha, que eles escondiam em um buraco sob o chão do galpão.
Certo dia, enquanto Félix estava no mercado, um homem de aparência suspeita se aproximou:
Ele usava um capuz que lhe cobria boa parte do rosto, mas sua voz era firme e carregada de uma certa frieza.
✏️ Homem Misterioso:
— Ouvi dizer que vocês dois estão buscando navegar por aí como piratas. Sabem vocês que não é qualquer um que sobrevive por essas águas.
✏️ Félix (tentando não demonstrar nervosismo):
— E quem é você para falar sobre isso?
✏️ Homem Misterioso (sorrindo de lado):
— Alguém que pode fornecer algumas... ferramentas, digamos assim. Se tiverem interesse, me procurem na taverna à meia-noite.
E, assim, o homem desapareceu na multidão. Félix sentiu uma ponta de excitação, mas também uma preocupação crescente. Ele sabia que a vida que estava escolhendo não era segura, mas era exatamente essa incerteza que fazia o sonho parecer ainda mais real.
De volta ao galpão, Félix contou a Akira sobre o encontro:
✏️ Akira (sorrindo de canto, com um olhar curioso):
— Ferramentas, é? Aposto que ele quer nos vender uns pedaços de madeira e uma faca cega. Mas... quem sabe ele não tenha algo realmente útil.
✏️ Félix (com os olhos brilhando):
— É arriscado, eu sei, mas acho que devemos ir. Esse pode ser o primeiro passo real para o que queremos.
✏️ Akira (dando de ombros):
— Se a gente morrer, pelo menos vai ser mais interessante do que ficar aqui empilhando barris.
E com isso, Félix e Akira decidiram arriscar mais um passo rumo ao desconhecido. A meia-noite se aproximava, e os dois jovens estavam prontos para encarar o que quer que aquele homem misterioso tivesse a oferecer. Talvez fosse apenas uma tentativa de golpe, ou talvez fosse uma chance de obter o que realmente precisavam. De qualquer forma, eles sabiam que não havia como voltar atrás.
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Atualizado até capítulo 31
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