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Saí frustrado da casa de banho, Ohm estava sentado á secretária dele com o portátil ligado.

- Ainda vais trabalhar?

- Estou só a ver uns e-mails urgentes. A firma não pára só porque fui ao casamento do meu irmão.

- Okay. Por falar nisso\, amanhã é sexta\, a noite mais movimentada da discoteca onde o Mark trabalha\, preciso de o ir ajudar. Vou lá sempre que posso\, e tu estás sempre a trabalhar\, por isso devo lá ir.

- Voltas a que horas?

- Só devo voltar sábado de manhã. Normalmente se o trabalho for muito fico a dormir em casa dele.

- Não. Eu vou-te buscar quando terminares de o ajudar.

- Eu fico em casa dele\, não há problema.

Ohm virou-se para mim com um ar sério.

- Há sim\, és casado comigo\, não vais dormir em casa de outro homem! Imagina se alguém sabe! Tenho uma imagem a manter!

- Não pensaste nisso antes de me fazeres teu refém\, pois não?!- exclamei frustrado.

- Não és meu refém!

- Não?! Vais dizer que se eu sair daquela porta não vais logo entregar á polícia as provas que tens contra mim?!

- Que bem ia fazer isso?!- ele gritou levantando-se da cadeira olhando para mim com as mãos na cintura - Não te estou a dizer para não ires\, apenas para não dormires lá!

- Tu não confias em mim...- constatei com um aperto no peito - Temos um acordo\, achas que o ia quebrar?

- Não sei. - ele respondeu. Não mostrei a ele que por dentro estava furioso\, não lhe ia dar esse gozo\, ele não merecia isso.

- Obrigado pela resposta. Vou para o quarto de hóspedes. - disse-lhe saindo fechando a porta com um estrondo.

Entrei no quarto de hóspedes com a cabeça a mil: eu estava ali a fazer o quê? Ele não confiava em mim, nem nunca ia confiar. Mas havia uma parte de mim que entendia Ohm: eu tinha crescido a manipular pessoas, enganava-as para conseguir sobreviver e ás vezes até o fazia só para me divertir. Era essa a parte que Ohm via em mim, era isso que eu tinha de entender.

Deitei a cabeça na almofada e adormeci rapidamente, tive sonhos muito estranhos com Ohm. Parecia que eu estava a casar novamente, mas desta vez toda a família estava presente, eu estava de calções de ganga e com uma tshirt manga cava branca e com o meu colete de ganga, nos pés tinha umas havaianas, Ohm estava de fato branco, lindo, parecia um Deus grego, mas aquilo não era um sonho bom, era um pesadelo. Anya gritava que eu estava mal vestido, Emille criticava para quem quisesse ouvir a nossa relação e até Kai e Nora riam-se de mim. Aquilo era um aviso? Acordei a meio da noite com Ohm a deitar-se devagar ao pé de mim para não me acordar.

- Que fazes aqui?- perguntei ainda a esfregar os olhos.

- Não conseguia dormir...- ele disse ajeitando a almofada\, estava com um ar cansado\, por isso não quis dar parte fraca quando na realidade estava feliz por o ter ali. Virei-lhe costas e antes que pudesse reclamar de alguma coisa ele abraçou-se a mim.

- Odeio dormir em conchinha. - resmunguei.

- Passas a gostar\, cala-te! - ele disse-me\, mas com uma voz tão cansada que eu deixei-o estar. Ele tinha razão\, talvez eu fosse capaz de começar a gostar.

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