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Fiquei o quarto durante mais algum tempo, não consigo dizer quanto mais tempo foi, só sei que passado algum tempo bateram à porta do quarto. Na altura pensei que era ele, mas depois ouvi a voz de Nei. Levantei-me do chão e abri-lhe a porta. Ela vinha com uma bandeja com uma fatia de bolo e um copo de leite.

- Não comeu nada.- ela disse entrando com a bandeja.- Deixo aqui e depois amanhã de manhã recolho, não se preocupe.

- Eu não me ia preocupar. - respondi com o ar mais arrogante que consegui. Ela limitou-se a sorrir para mim.

- Tenha paciência menino, vai ver que nem tudo é mau.

- Onde é que ele está?- perguntei para desviar o assunto.

- No quarto de hóspedes. Ele disse que era melhor deixar o menino sozinho. Eu sei que ele foi um bocado frio consigo lá em baixo, mas vocês chocam imenso...Isso só acontecia com o outro...

- O ex dele. - concluí.

- Sim, o ex dele. Mas o menino só se compara nessa parte, no resto não penso que seja assim.- ela apressou-se a explicar.

- Nei, pode contar-me mais sobre o ex dele? O Mike diz que não pode contar nada.

- Estamos proibidos de contar o que quer que seja sobre essa pessoa, o patrão quer esquecer que ele existe.

- E para isso está a usar-me...- constatei começando a ficar irritado com aquilo.

- Se quer saber mais vale perguntar ao patrão. Ele com certeza vai explicar-lhe o que se passou.

- Não é preciso. Ele faz parte do passado. Não quero saber do passado dele.

Nei despedou-se de mim e saiu do quarto deixando-me sozinho. Peguei na bandeja e comecei a comer o bolo: era de morango e chantily, o meu favorito. Será que ele o tinha pedido,porque sabia que era o meu favorito?

De certeza que não era isso, devia ser apenas uma coincidência.

Ele estava no quarto de hóspedes na nossa primeira noite como casal, fiquei a pensar naquilo um bocado, mas depois dei uma chapada a mim mesmo.

- Fah acorda, ele não te é nada, só mesmo no papel!- repreendi-me a mim mesmo frustrado. Peguei na bandeja e decidi ir deixar na cozinha para dar menos trabalho a Nei. Desci as escadas o mais silencioso possível e quando estava a sair da cozinha vi que a luz do escritório de Ohm estava acesa, decidi ir espreitar o que ele estava a fazer.

Ele estava vestido com uma tshirt preta e umas calças de fato de treino cinzentas, estava de óculos e examinava alguns documentos.

Decidi bater à porta e entrar.

- Pensei que estavas no quarto.- disse-lhe encostado à ombreira da porta de braços cruzados. Ele pousou os documentos na mesa e tirou os óculos.

- Amanhã temos o jantar de ensaio, não vou ter tempo para nada preciso de adiantar trabalho hoje.

- Pelo que vejo nunca páras...

- Normalmente venho a casa para dormir. Mas há alturas em que se for um caso complexo eu que fico no escritório.

- Obrigado por avisares, assim nesses dias não espero por ti.

Okay, eu não tinha acabado de dizer aquilo! Com sorte ele não tinha ouvido.

- Quando for assim eu aviso sempre. Não quero que te preocupes comigo.- ele disse esboçando um sorriso, o primeiro que eu tinha visto e me deixava derretido.

- Vou subir.- disse-lhe meio que a gaguejar. Ele levantou-se da cadeira.

- Espera. Já é tarde, subo contigo.- ele disse aproximando-se de mim. A minha respiração começou a ficar acelerada nem ele tinha ainda chegado ao pé de mim. O que raio se passava comigo?! Fiquei parado à porta do escritório feito uma estátua e ele reparou nisso.

- Vais sair da frente,ou queres alguma coisa?- ele perguntou quase já colado a mim. O meu corpo estava já a reagir a ele e eu estava a ficar com uma vontade enorme de o beijar, parece que os lábios dele me estavam a chamar. Ele percebeu e suavemente puxou-me para dentro do escritório fechando a porta atrás dele trancando logo de seguida.

- Esqueci-me que hoje é a nossa noite de núpcias...- ele disse com um olhar bastante sugestivo. Pensei em várias rotas de fuga, eu sabia que estava a ser usado por ele, mas no fim das contas bastava ele querer e eu estava ali pronto para ele. Era como se ele fosse um veneno para mim, um veneno que me ia acabar por matar se eu não tivesse cuidado.

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