Ayana acordou de seu sono profundo com o coração disparado. Suas mãos tremiam e, pela primeira vez em muito tempo, lágrimas escorriam por seu rosto. O sonho que tivera, embora desconexo, parecia tão real. Ela havia visto vislumbres de uma vida passada, uma existência em que ela e Kael estavam ligados de maneira profunda e inexplicável. As imagens de ambos como deuses, ela como a deusa da luz e da escuridão, e ele como o deus do caos e dos lobos, a perseguiam mesmo depois de despertar.
Ela se sentou rapidamente, respirando com dificuldade, e antes que pudesse processar o que estava acontecendo, chamou por Kael em um tom desesperado.
Kael, que estava em alerta nas proximidades, correu até ela assim que ouviu seu nome. Seus instintos de lobo o fizeram se mover rápido, e ele a encontrou em prantos, algo que nunca havia presenciado antes. Ayana, sempre forte e teimosa, nunca deixava suas emoções transparecerem, mas agora estava vulnerável, como se algo dentro dela tivesse se partido.
— Ayana, o que aconteceu? — perguntou Kael, sua voz carregada de preocupação, enquanto se aproximava e se ajoelhava ao lado dela. Ele estendeu a mão para tocá-la, mas hesitou, temendo que algo mais profundo estivesse acontecendo.
Ayana não disse nada por um momento. Ela apenas olhou para Kael, seus olhos ainda cheios de lágrimas, mas também de uma emoção que ela ainda não compreendia completamente. Ela sentia uma dor indescritível no peito, como se algo precioso lhe tivesse sido tirado, como se tivesse perdido algo que nunca soubera que tinha.
Sem pensar, ela se atirou nos braços de Kael, abraçando-o com toda a sua força, como se ele fosse sua única âncora na realidade. Ele, surpreso, hesitou por um segundo, mas logo retribuiu o abraço, envolvendo-a com seus braços firmes, protegendo-a como sempre fazia.
— Eu... eu sonhei... — começou Ayana, sua voz entrecortada pelas lágrimas. — Foi tão real, Kael. Nós... éramos... conectados, em outra vida. Eu vi nós dois, como se fôssemos deuses. Eu era a deusa da luz e da escuridão, e você... você era o deus do caos e dos lobos. Nós estávamos juntos, mas algo aconteceu... algo que nos separou.
Kael a ouviu atentamente, mantendo-a próxima. Sua expressão, embora calma, revelava que ele também estava sendo afetado por aquelas palavras. Embora não tivesse tido esses sonhos, algo dentro dele reagiu ao que ela dizia, como se uma parte esquecida de sua alma também reconhecesse essa verdade.
— Ayana... — começou ele, com a voz baixa e profunda. — Eu... eu sinto isso também. Desde o momento em que nos encontramos, houve algo entre nós que não conseguíamos entender. Uma conexão, algo antigo e poderoso. Mas eu nunca soube o que era... até agora.
Ayana olhou para ele, ainda envolvida em seus braços, tentando encontrar sentido no que havia visto. O sonho não havia sido apenas uma ilusão, mas um fragmento de algo que ela começava a compreender. Ela se lembrou das emoções no sonho — o amor profundo que sentia por Kael, a união de suas almas, e a dor da separação.
— Eu não entendo... — disse ela, ainda segurando Kael com força. — Por que eu sinto que te perdi, quando você está bem aqui?
Kael afagou suavemente os cabelos de Ayana, tentando acalmá-la. Seus próprios pensamentos estavam confusos, mas ele sabia que precisava ser o apoio dela naquele momento.
— Talvez... talvez não tenhamos perdido um ao outro — disse ele, sua voz cheia de uma calma suave. — Talvez nos tenhamos reencontrado. O que quer que tenha acontecido no passado, o que quer que tenha nos separado, estamos juntos agora. E eu não deixarei que nada nos separe de novo.
As palavras de Kael tocaram Ayana profundamente. Ela sentiu uma onda de conforto e segurança envolver seu coração, algo que ela nunca havia experimentado antes. O medo de perdê-lo lentamente começou a se dissipar, substituído por uma sensação de pertencimento, como se, apesar de tudo, eles estivessem exatamente onde deveriam estar.
Ela se afastou um pouco para olhar nos olhos de Kael. Havia uma intensidade nos olhos vermelhos dele, algo que a fazia acreditar que tudo o que haviam vivido até aquele momento era real, e que o destino deles estava entrelaçado desde tempos imemoriais.
— Eu não sei o que o futuro nos reserva — disse Ayana, enxugando as lágrimas, mas com uma nova determinação em sua voz. — Mas sei que não quero passar por isso sozinha. Se estivermos juntos, acho que podemos enfrentar qualquer coisa.
Kael assentiu, um sorriso leve surgindo em seus lábios.
— Sempre estarei ao seu lado, Ayana. Lobo, homem, deus... o que quer que eu seja, você nunca estará sozinha.
Eles ficaram assim, abraçados por mais alguns minutos, permitindo que aquele momento de vulnerabilidade os unisse ainda mais. O vento suave da floresta balançava as árvores ao redor, criando um cenário de tranquilidade, mas ambos sabiam que a paz não duraria para sempre.
Ayana, agora com o coração mais firme, sabia que sua jornada não seria fácil. Havia algo maior em jogo, forças antigas e misteriosas que queriam separá-los de novo. Mas agora ela tinha mais do que determinação: tinha um aliado poderoso ao seu lado, alguém com quem compartilhava uma conexão que transcendia o tempo.
E com Kael ao seu lado, ela sabia que estavam prontos para enfrentar as sombras que ainda viriam.
Capítulo 6: O Despertar dos Antigos
Com o amanhecer, a floresta parecia respirar com uma nova energia. O céu clareava lentamente, e as sombras da noite recuavam, dando lugar à luz do dia. Ayana e Kael se levantaram, conscientes de que a paz temporária havia terminado e que novas ameaças estavam por vir.
— Precisamos seguir — disse Ayana, sua voz agora firme e resoluta. — Temos que encontrar respostas para o que aconteceu no passado e nos prepararmos para o que está por vir.
Kael concordou, sua expressão séria. — Concordo. E eu sinto que estamos perto de descobrir algo importante. Nossa conexão com o passado pode ser a chave para derrotar as forças que tentam nos separar.
Eles avançaram pela floresta, mais atentos e cautelosos do que nunca. O terreno estava mais irregular e as árvores, mais espessas, como se a própria floresta estivesse se fechando ao redor deles. O caminho se tornava cada vez mais sinuoso e desafiador, mas ambos estavam determinados a seguir em frente.
De repente, o som de gritos e rugidos ecoou pela floresta. Ayana e Kael se entreolharam, reconhecendo que algo grande e perigoso estava se aproximando. Eles aceleraram o passo, movendo-se com agilidade e precisão.
Ao chegarem a uma clareira aberta, encontraram uma cena de caos. Criaturas gigantescas, com corpos cobertos por escamas escuras e olhos brilhantes de uma cor vermelha sinistra, estavam atacando tudo ao redor. Eram as Feras da Escuridão, monstros antigos que se alimentavam da essência da vida e do medo.
— Essas criaturas são ainda mais poderosas do que os espectros — disse Kael, sua voz carregada de tensão. — Precisamos ser rápidos e estratégicos.
Ayana respirou fundo, sua magia pulsando com uma nova força. Ela ergueu as mãos, criando uma barreira de luz para proteger os dois enquanto Kael se preparava para a batalha. As Feras da Escuridão avançaram, suas garras afiadas cortando o ar em direção a eles.
Kael lutava com habilidade e ferocidade, sua forma humana e lobo se alternando para enfrentar as feras. Ayana usava sua magia para lançar feitiços de luz que atordoavam e enfraqueciam as criaturas. A luta era feroz e desgastante, mas eles trabalhavam juntos com uma sincronia impressionante.
Durante a batalha, fragmentos de memórias passadas continuavam a surgir. Ayana viu cenas de guerras antigas, onde ela e Kael estavam lado a lado, enfrentando inimigos e protegendo reinos. Kael também teve visões de Ayana, como uma deusa iluminando os campos de batalha com sua presença, e ele, como um deus do caos, lutando para manter o equilíbrio.
Essas memórias não eram apenas visões; eram emoções e experiências que pareciam aumentar a força deles durante a luta. Cada golpe de Kael, cada feitiço de Ayana parecia carregado com uma energia ancestral que os conectava ainda mais.
Finalmente, com um último esforço combinado, Ayana e Kael derrotaram as Feras da Escuridão. As criaturas, enfraquecidas e derrotadas, se dissolveram em uma nuvem de sombras, deixando a clareira em um estado de desolação silenciosa.
Exaustos, eles se aproximaram um do outro, suas respirações pesadas, mas seus olhares cheios de uma nova compreensão.
— As memórias do passado... — disse Ayana, tentando recuperar o fôlego. — Elas
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Atualizado até capítulo 29
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