O Inimigo à Espreita

Nos dias seguintes, a mansão Moretti foi tomada por uma atmosfera de tensão crescente. Homens armados patrulhavam os terrenos, e cada movimento era observado de perto. Anna, agora oficialmente sob a proteção de Lucca, passava a maior parte do tempo em sua companhia ou na de Sofia. Apesar do perigo iminente, ela não podia ignorar o fato de que seus sentimentos por Lucca estavam se intensificando.

Certa manhã, enquanto Lucca revisava alguns documentos em seu escritório, Anna entrou sem bater. Ele levantou os olhos imediatamente, e um sorriso discreto se formou em seus lábios.

"Anna," ele disse, colocando a caneta de lado. "Entre. Estava pensando em você."

Ela hesitou na porta, mas logo se aproximou. "Queria falar com você. Sobre... tudo o que está acontecendo."

Ele gesticulou para que ela se sentasse na cadeira à frente de sua mesa. "Eu sabia que você viria", disse ele, com um tom de leveza que a fez relaxar um pouco. "O que está passando pela sua cabeça?"

Anna tomou um momento para encontrar as palavras certas. "Estou tentando entender como tudo isso se encaixa na minha vida. Um mês atrás, eu era apenas uma balconista. Agora, estou no meio de uma guerra que nem sabia que existia."

Lucca observou-a atentamente, como se pesasse cada palavra antes de responder. "Eu sei que é muito para processar. E se pudesse, eu te pouparia de tudo isso. Mas agora, estamos juntos nisso, e eu não vou permitir que nada te aconteça."

Ela olhou para ele, tentando decifrar o que havia por trás daquela fachada de força. "E o inimigo? Quem é ele realmente? Por que ele quer te destruir?"

Lucca suspirou e se inclinou para frente, descansando os cotovelos na mesa. "O homem por trás de tudo isso é Salvatore Ricci. Ele tem uma rixa antiga com a minha família, algo que remonta à geração do meu avô. Quando meu pai estava no comando, Salvatore tentou assumir o controle, mas não conseguiu. Agora, ele vê em mim uma ameaça maior, alguém que pode finalmente destruir os planos dele."

"Mas por que ele acha que pode te atingir através de mim?", perguntou Anna, genuinamente confusa. "Eu não sou ninguém nesse mundo."

"Exatamente por isso," respondeu Lucca, com uma expressão séria. "Ele pensa que, se conseguir te atingir, pode me desestabilizar. Salvatore sempre foi um homem que explora as fraquezas dos outros. E agora, você é o que ele vê como minha maior fraqueza."

Anna sentiu um frio na espinha ao ouvir aquilo, mas ao mesmo tempo, um estranho sentimento de pertencimento surgiu. "Eu não quero ser sua fraqueza, Lucca. Quero ser sua força."

Lucca olhou para ela, claramente surpreso pelas palavras dela, mas também com uma admiração crescente. "Você já é, Anna," ele disse, a voz baixa e carregada de sinceridade. "Desde que você entrou na minha vida, eu me sinto mais determinado do que nunca."

Ela não conseguiu evitar o sorriso que se formou em seus lábios. "Então, vamos enfrentá-lo juntos. O que precisamos fazer?"

Lucca ficou em silêncio por um momento, como se estivesse ponderando as palavras dela. Finalmente, ele se levantou e caminhou até a janela, olhando para os jardins da mansão. "Salvatore é perigoso, mas não invencível. Ele usa o medo para controlar os outros, e é assim que ele cresceu. Mas se o enfrentarmos diretamente, desafiando essa tática, ele pode vacilar."

"Você tem um plano?", perguntou Anna, levantando-se para ficar ao lado dele.

"Tenho," respondeu Lucca, voltando-se para ela. "Mas preciso que você confie em mim. As coisas vão ficar mais perigosas antes de melhorarem. E eu vou precisar que você seja forte."

Anna assentiu, determinada. "Eu confio em você, Lucca. E estou pronta para o que vier."

Ele a observou por um longo momento, depois, sem dizer uma palavra, tomou sua mão e a puxou para perto. O contato entre eles era eletrizante, e Anna sentiu o coração acelerar. "Você não tem ideia de quanto isso significa para mim, Anna."

Ela sorriu, acariciando a mão dele. "Acho que tenho uma ideia."

Antes que pudessem continuar, a porta do escritório se abriu abruptamente, revelando um dos capangas de Lucca, visivelmente agitado. "Senhor Moretti, precisamos de você lá fora. Temos uma situação."

Lucca soltou a mão de Anna com relutância, e seu olhar imediatamente endureceu. "Estou indo. Anna, fique aqui com Sofia. Eu volto em breve."

Anna queria protestar, mas sabia que não adiantaria. Ela assentiu, observando enquanto Lucca saía do escritório com um passo decidido, seu porte firme como sempre.

Assim que ele saiu, Sofia apareceu, tendo ouvido a comoção. "Anna, o que houve?"

"Não sei," respondeu Anna, ainda sentindo o calor da mão de Lucca na sua. "Mas acho que o inimigo está se movendo mais rápido do que esperávamos."

Sofia assentiu, e a seriedade em seu rosto confirmou as suspeitas de Anna. "Precisamos confiar em Lucca e nos manter seguras. Ele vai nos proteger."

Anna respirou fundo e olhou para a porta por onde Lucca havia saído. "Eu sei, Sofia. Eu só espero que ele também esteja seguro."

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