Entre a Incerteza e o Amor

Ao retornar para a casa, Lucca entrou pela porta da frente, seus passos firmes ecoando no silêncio da mansão. A tensão da noite ainda estava em seu corpo, mas havia uma urgência em seu coração. Ele precisava ver Anna. Sentir sua presença ao lado dele novamente.

Ao atravessar o hall, Sofia apareceu no topo da escadaria, aliviada ao ver o irmão.

"Graças a Deus, Lucca. Como foi?" Ela desceu rapidamente os degraus e correu para abraçá-lo, seu olhar ansioso buscando alguma pista sobre o que havia acontecido.

Lucca a abraçou de volta, mas seus olhos já procuravam por Anna. "Está tudo resolvido... por agora," ele disse, sua voz baixa e carregada de cansaço. "Onde ela está?"

"Anna está no quarto dela. Está preocupada com você. Não quis descansar até que você voltasse," respondeu Sofia, soltando-o do abraço. "Ela tem estado tensa, Lucca. Acho que essa situação toda está afetando ela mais do que percebemos."

Lucca franziu a testa levemente, e seus olhos suavizaram ao ouvir isso. Ele sabia que tudo aquilo era demais para Anna. O mundo que ele vivia, as ameaças constantes, o perigo que os cercava... Ela não merecia estar no meio de nada disso.

"Eu vou falar com ela," ele disse, subindo rapidamente as escadas.

Quando chegou à porta do quarto de Anna, ele parou por um momento. A madeira escura à sua frente parecia uma barreira simbólica entre os dois mundos que eles habitavam — o dele, feito de sombras e violência, e o dela, de simplicidade e inocência. Com um suspiro profundo, ele bateu levemente.

"Anna?" Sua voz era suave, quase hesitante.

Do outro lado da porta, houve um silêncio curto, seguido pelo som de passos leves se aproximando. Quando a porta se abriu, Anna estava lá, os olhos azuis claros iluminados pela suave luz do quarto. Ela parecia aliviada, mas também havia um traço de preocupação em seu rosto.

"Lucca!" Ela sussurrou, avançando para ele sem hesitar. Seu corpo pequeno envolveu o dele, e ela apertou o rosto contra seu peito. "Eu estava tão preocupada..."

Lucca fechou os olhos por um momento, absorvendo o calor do abraço dela, o cheiro suave de seus cabelos longos. "Eu estou aqui agora," ele disse baixinho, segurando-a com firmeza. "Está tudo bem."

Ela se afastou levemente, olhando-o nos olhos. "Está mesmo? Eu... Eu fiquei pensando... E se algo tivesse acontecido com você? E se você não voltasse?"

Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, os dedos roçando delicadamente suas bochechas. "Eu disse que sempre voltaria para você, e eu cumpro minhas promessas, Anna. Eu nunca vou deixar nada te acontecer."

Anna assentiu lentamente, mas havia lágrimas se formando em seus olhos. "Mas e se não for o suficiente, Lucca? Esse mundo que você vive... é tão perigoso. Eu tenho medo, não por mim, mas por você. Toda vez que você sai, eu fico com o coração apertado, sem saber se vai voltar inteiro."

Ele a puxou para mais perto, encostando sua testa na dela, os olhos cristalinos encontrando os dela, cheios de emoção. "Eu não posso te prometer que vai ser fácil. O que eu faço, as escolhas que fiz... tudo isso vem com riscos. Mas eu posso te prometer que vou lutar com tudo que tenho para te manter segura. Eu nunca vou deixar nada ou ninguém te machucar, Anna. Você é o que eu tenho de mais importante."

Ela se inclinou para ele, os lábios se encontrando em um beijo terno e prolongado. Não havia urgência ali, apenas a necessidade de estarem juntos, de sentirem o conforto e a segurança um do outro. Quando o beijo terminou, Anna suspirou contra os lábios dele.

"Eu acredito em você," ela sussurrou, sua voz trêmula, mas cheia de determinação. "Mas eu também quero ajudar. Eu não quero ser apenas uma pessoa que você tem que proteger o tempo todo. Eu quero estar ao seu lado, não apenas à sua sombra."

Lucca franziu a testa, preocupado. "Anna, esse não é o tipo de vida que você merece. Eu não quero que você tenha que lidar com isso."

"Eu já estou lidando," ela retrucou suavemente, mas com firmeza. "Desde o momento em que entrei na sua vida, Lucca. Eu sei que não sou uma lutadora como você, mas eu posso ser forte à minha maneira. Você disse que somos um time, certo?"

Lucca sorriu, embora um pouco relutante. "Você tem uma coragem que eu não esperava encontrar em alguém como você. Mas isso é o que mais me assusta."

"Por quê?" Ela perguntou, os olhos buscando os dele.

"Porque eu tenho medo de te perder," ele confessou, sua voz falhando pela primeira vez desde que a conhecera. "Eu não suporto a ideia de você se machucar por minha causa."

Anna se aproximou, segurando as mãos dele com delicadeza. "E eu não suporto a ideia de ver você enfrentando tudo isso sozinho. Então, por favor, deixe-me estar ao seu lado. Não importa o que aconteça, eu quero ser a pessoa que você pode contar. Porque, Lucca, eu já estou completamente envolvida nisso."

Os dois ficaram em silêncio por um momento, apenas respirando juntos. Lucca, finalmente, assentiu lentamente. "Tudo bem. Mas me prometa que você vai ser cuidadosa. Se eu pedir para você ficar em segurança, você vai confiar em mim."

Anna sorriu levemente. "Prometo. Mas você também tem que me prometer que vai voltar para mim todas as vezes."

"Essa é uma promessa que eu sempre vou cumprir," disse ele, puxando-a para mais um abraço.

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Mais tarde, naquela noite, enquanto o casal finalmente se aconchegava na cama, Sofia apareceu à porta, batendo suavemente.

"Eu não queria interromper," ela disse com um sorriso tímido, "mas só queria dizer que estou feliz que você voltou, Lucca. E mais feliz ainda que vocês dois finalmente se entenderam."

Lucca riu baixinho, seus braços ainda ao redor de Anna. "Sim, parece que estamos aprendendo a lidar com isso juntos."

Sofia assentiu e piscou para Anna. "Eu sabia que você o faria ver as coisas do jeito certo, Anna."

Anna deu de ombros com um sorriso, e Lucca revirou os olhos, mas havia uma leveza em seu rosto que não estava ali antes.

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