O Começo do Fim

A sala estava silenciosa após a saída de Lucca. Anna permaneceu de pé, ainda sentindo o toque suave do beijo que ele lhe deu. A presença de Sofia ao seu lado era reconfortante, mas o vazio deixado pela partida de Lucca era evidente. Ela sentiu o medo roendo suas entranhas, mas ao mesmo tempo, uma força interna começava a surgir. Precisava manter a cabeça erguida.

Sofia, que também parecia refletir sobre a situação, finalmente quebrou o silêncio. "Ele é bom nisso, sabe?" Ela se moveu lentamente para o sofá e fez sinal para Anna se juntar a ela.

Anna, relutante, sentou-se ao lado dela. "Bom em quê?"

"Em cuidar de tudo e de todos," disse Sofia, suspirando enquanto olhava para o teto, pensativa. "Lucca sempre teve esse instinto de proteger aqueles que ama, mesmo que isso signifique sacrificar algo importante para ele."

"Eu sei... mas é tão difícil ficar de fora e não poder fazer nada," admitiu Anna, olhando para as mãos no colo, apertando-as levemente. "Parece que ele carrega todo o peso nas costas, e eu... estou apenas aqui, esperando."

Sofia olhou diretamente para Anna, seu olhar firme, mas gentil. "Você faz mais por ele do que imagina. Lucca já enfrentou tantas coisas sozinho, e você é a primeira pessoa que realmente o faz se sentir vulnerável — de um jeito bom. Ele pode ter medo de perder você, mas ao mesmo tempo, você dá a ele um motivo para lutar mais forte."

Anna ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre as palavras de Sofia. Nunca tinha pensado dessa forma. Para ela, Lucca era sempre tão forte, inabalável, mas agora começava a perceber que havia camadas embaixo daquela fachada.

"Ele tem medo de se machucar, não é?" Anna perguntou suavemente, seus olhos encontrando os de Sofia.

Sofia assentiu. "Sim. O Lucca perdeu muita gente no passado. Nossa família... nossa mãe. Ele sempre sentiu que era responsabilidade dele manter a todos em segurança. E, agora, com você na vida dele, isso só aumentou. Ele não vai medir esforços para proteger você."

Anna respirou fundo, sentindo um peso no peito. "Eu também quero protegê-lo, de alguma forma. Não sei se estou preparada para tudo isso... esse mundo que ele vive. Mas sei que não posso imaginar minha vida sem ele agora."

Sofia sorriu gentilmente, segurando a mão de Anna. "Você vai se adaptar. Já está se adaptando. E acredite, você é mais forte do que pensa."

Anna sorriu de volta, embora seus pensamentos ainda estivessem com Lucca, lá fora, enfrentando o perigo iminente. "Obrigada, Sofia. Eu não sei o que faria sem você aqui."

"Eu acho que estamos todas no mesmo barco," Sofia brincou levemente, embora houvesse uma ponta de preocupação em seus olhos. "Mas vamos nos manter firmes. O Lucca vai voltar. Ele sempre volta."

Anna assentiu, tentando absorver aquela confiança que Sofia parecia transmitir. No entanto, seu coração ainda estava apertado com a incerteza do que aconteceria nas próximas horas.

---

Enquanto isso, nas docas, a tensão no ar era palpável. A brisa noturna soprava do mar, carregando consigo o cheiro de sal e ferrugem. Os galpões abandonados e os contêineres empilhados criavam um labirinto de sombras, perfeito para encontros discretos como aquele. Lucca estava ali com seus homens, posicionados estrategicamente ao longo das docas. Enzo estava ao seu lado, atento a qualquer movimento.

"Chefe, já temos olhos nos Bianchi," murmurou Enzo, os olhos fixos em um grupo de homens a cerca de cinquenta metros de distância, iluminados apenas por fracas lâmpadas de rua. "Eles estão ali, esperando."

Lucca observava com atenção. Seu rosto estava calmo, mas seus olhos verdes cristalinos brilhavam com intensidade. "E Salvatore?"

"Até agora, nenhum sinal dele," respondeu Enzo, sua voz carregada de cautela. "Mas ele não vai faltar. Ele precisa desse acordo mais do que nunca."

Lucca assentiu. "Mantenha os homens prontos. Assim que Salvatore aparecer, quero agir rápido."

Enzo fez um sinal para os homens espalhados pelas docas. Eles estavam prontos, todos esperando a ordem de Lucca para agir. Os minutos pareciam se arrastar enquanto a expectativa crescia. Cada ruído, cada movimento nas sombras, fazia com que os sentidos de todos ficassem em alerta máximo.

"Chefe," disse um dos homens de Lucca no rádio, sua voz baixa e urgente. "Temos movimento na entrada oeste. Pode ser ele."

Lucca apertou os lábios, olhando para Enzo. "Vamos. Discretamente."

Com movimentos silenciosos, Lucca e Enzo seguiram em direção à entrada oeste, onde Salvatore provavelmente faria sua chegada triunfal. A noite escura escondia suas figuras, e os dois se moviam com precisão, como caçadores atrás de sua presa.

Ao chegarem mais perto, puderam ouvir o som de motores de carros se aproximando. Vários veículos pretos, com vidros escuros, pararam próximo ao grupo dos Bianchi. As portas se abriram, e de um dos carros saiu uma figura que Lucca reconheceria em qualquer lugar: Salvatore.

"Ele está aqui," murmurou Enzo, apertando o ombro de Lucca.

Lucca observou o homem com uma calma fria. Salvatore parecia confiante, sua postura arrogante, como se tivesse certeza de que já havia vencido. "Espere. Vamos ver o que ele faz antes de agir."

Salvatore caminhou até o grupo dos Bianchi, cumprimentando um dos líderes da família com um aperto de mão exagerado. Eles começaram a conversar, as palavras sendo trocadas em um tom baixo, mas que Lucca sabia ser perigoso. A aliança estava prestes a ser selada.

"Chefe," Enzo sussurrou. "Precisamos agir agora, antes que seja tarde demais."

Lucca estreitou os olhos, observando os movimentos ao longe. Ele sentiu o peso da decisão em seus ombros. Sabia que cada segundo era crucial. "Ainda não. Só mais um momento."

O silêncio parecia se estender infinitamente, até que finalmente, Lucca ergueu a mão e disse apenas uma palavra.

"Agora."

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***