Após voltarem da caverna Léo e as meninas se reuniram junto com Rita e o Marrok na grande casa. O local era bem espaçoso repararam as meninas, o local era como uma casa comum, mas cada cômodo era enorme. Léo explicou que as casas dos lobos eram assim para que o lobo pudesse se transformar e ficar dentro do local sem quebrar nada e também para ter espaço para se locomover, pelo fato de que quando um lobisomem se transformava o seu lado lobo tem o tamanho de um cavalo.
Na casa estavam as viúvas esposa e noiva dos filhos de Rita com o Marrok, durante o jantar Rita explicou tudo a elas, Léo pode explicar melhor sobre o ocorrido e pediu perdão pelo que tinha feito. As duas entenderam e desculparam Léo, elas também pediram perdão por terem o ferido e Léo aceitou suas desculpas.
Após o jantar Léo resolveu andar um pouco pelo local, ao sair da casa ele percebeu que um rio passava atrás da casa e se dirigiu até ele. Ao chegar no rio Léo pode perceber uma infinidade de flores em volta do rio e os animais noturnos tomavam conta do local.
- Aqui é um lugar bem agradável, não é? – Disse uma voz assustando Léo. Era o Marrok ele havia se aproximado e Léo nem percebeu sua chegada. – Desculpe meu jovem não queria te assustar.
- Não tudo eu que...eu normalmente não sou...
- Pego de surpresa?
- É isso mesmo.
- Eu te entendo, eu sempre passo unguento especial criado por minha esposa, eu e toda alcateia o usamos que inibi os sentidos dos lobos.
- É por isso que eu não percebi os lobos se aproximando da primeira vez?
- Isso mesmo. – O Marrok sentou na beira do rio e Léo seguiu o seu exemplo, quando o jovem lobo se sentou o Alfa voltou a falar. – O sentindo principal de um lobo é o olfato, se ele for de alguma maneira inutilizado os demais sentidos também ficam, é por isso que você não pode sentir o meu cheiro, ou me ouvir ou sentir que eu me aproximava.
- Agora que falou...eu não consigo captar o seu cheiro nem de qualquer outro lobo daqui, sinto o cheiro que lembra a mofo, mas eu agora sei que é o mata lobo.
- O mata lobo tem um cheiro que lembra a mofo, quando algo está mofado é porque está estragado, na verdade o mata lobo está aos poucos danificando o seu olfato. Desde que salvou Rita estou fazendo de tudo para afastar o cheiro do mata-lo de perto de você, mas isso levara um tempo e lhe garanto que não lhe fará nenhum dando permanente.
- Obrigado...- Disse Léo mostrando estar aliviado.
- Sabe...fiquei surpreso quando soube que você era sobrinho de Rita.
- Somos dois eu ainda estou...surpreso com a revelação.
- Então você é filho de Madalena? Quem diria.
- Também conheceu a minha mãe?
- Sim, ela veio no nosso casamento, somente ela o seu pai não era autorizado a vir.
- Sim entendo porque ele era um lobo urbano.
- Isso mesmo. Poderia me contar tudo que você sabe?
- Sobre a minha mãe?
- Sim e sobre você e sua vinda para cá.
- Tem certeza? A história é grande!
- Tenho certeza e não resuma nada conte tudo por favor!
- Ok então. – Léo contou tudo que sabia ao Marrok, de início ele contou o conhecimento que tinha, que nasceu na cidade de Lincaon, que praticamente todos na cidade eram lobisomens. O Marrok completou informando que sabia da cidade por causa da mãe de Léo. O jovem contou de sua mãe, que ela morreu ao dar à luz a ele, que o seu pai lhe contou pouca coisa, que ela era uma bruxa e protegia a alcateia com os seus poderes. Contou de seu irmão Jonathan que nunca teve um bom relacionamento com ele, que o irmão o culpava pela morte de sua mãe e que tentou mata-lo. Contou que foi enviado a outra cidade pela alcateia, que uma vez por mês o seu pai ia visita-lo e sempre o ligava. Contou que quando soube da notícia do massacre dos caçadores voltou imediatamente para sua cidade, contou sobre Rebeka, a ordem de morar com ela, sua nova vida na cidade, os lobos que lá vivem, o ataque de Casemiro, a ideia de passar as férias nas montanhas, e finalizou com o encontro com os lobos. – E foi isso tudo que aconteceu.
O Marrok ficou uns minutos em silencio. Léo pode perceber que o lobo estava refletindo sobre tudo o que ele havia lhe contado, ao chegar a uma conclusão o lobo respirou fundo e começou a falar.
- Você passou mesmo por muita coisa meu jovem. – Disse o lobo com sinceridade. – Mas lhe confesso que eu estou triste.
- Triste?
- Sim.
- Mas porquê?
- Rita.
- O que a minha tia tem?
- Ela está triste, muito triste e vê-la assim me deixa triste também afinal eu a amo.
- Posso te entender um pouco...eu nunca amei ninguém dessa maneira, nem eu e nem o meu lobo.
- A minha triste não é só por que ela está triste, mas porque eu por um lado a matei!
- Você por um a lado a matou?
- Sim.
- Mas como fez isso?
- Quando eu proibi ela e sua mãe de se verem.
- Você fez isso? – Léo o olhou surpreso e o Marrok com uma expressão triste no rosto assentiu. – Mas...porque fez isso?
- Ordens.
- Ordens?
- Sim, do Marrok Supremo.
- O lobo que mora na Itália, minha tia contou sobre ele.
- Sim ele mesmo Caio Marcus V, ele é o meu alfa.
- Então ele ordenou que você impedisse a minha tia de se falar com a irmã dela é isso?
- Não exatamente nessa ordem, ele não me deu essa ordem porque ele sabia sobre elas, mas foi uma ordem geral para toda as alcateias de lobo de florestas do mundo!
- E porque ele fez isso?
- A Autoridade Lupina.
- Ele fez isso por ordens da autoridade?
- Não jamais, jamais ele iria aceitar ordens da autoridade, quando essa ordem foi dada a autoridade havia acabado de ser criada. Eles contaram sobre os anjos e tudo, mas Caio não aceitou mesmo assim, pensou que fosse um pretexto para que os lobos urbanos tentassem nos comandar e então ele deu essa ordem e você sabe quando um alfa dá uma ordem.
- Tem que ser obedecida sim eu sei.
- Por isso eu impedi que as duas se encontrassem novamente, a ordem era para cortar qualquer ligação com os Lobos Urbanos, sua mãe poderia ser uma bruxa, mas ela tinha ligação com eles, no caso o seu pai e a alcateia dele então tive que fazer isso.
- Mas a minha tia me contou que os anjos também visitaram os lobos de floresta.
- Sim eles fizeram isso, eles visitaram as alcateias dos Marrok em todos os países, na época eu ainda era um beta e vi o meu alfa discutir com o anjo que visitou.
- O Arcanjo Miguel?
- Não o seu irmão o Arcanjo Gabriel, o Arcanjo Miguel eu soube que foi diretamente falar com o alfa supremo e os seus irmãos e outros anjos vieram para as demais alcateias. Os lobos de floresta aceitaram os termos dos anjos, mas eles deixaram claro que não iriam se misturar com os lobos urbanos. Então foi decretado que a autoridade seria neutra e somente ela poderia agir nas alcateias dos lobos de floresta e somente após a aprovação de Caio.
- Agora eu entendo tudo.
- E mesmo após isso essa ordem de afastar as duas ainda continuou e agora e...e...
- Está mal por saber que a irmã de sua amada morreu.
- E ela não estava presente, ela ama as irmãs como ama cada lobo dessa alcateia.
Lágrimas começaram a escorrer pela face do Marrok, Léo ficou surpreso ao ver aquela cena um alfa mostrando suas lágrimas, mostrando estar triste, essa não era atitude de um alfa, mas Léo não o julgava afinal o amor da vida dele estava triste e então era normal ele estar triste também.
- Não se culpe meu amor. – Disse uma voz que surpreendeu os lobos. Rita estava parada atrás deles e junto com elas estava Rebeka e as meninas. – Ela estavam preocupadas com você Léo, você sumiu faz horas e viemos te procurar, senti o seu cheiro até aqui e...
- O quanto...você ouviu? – Perguntou o Marrok enxugando suas lágrimas.
- Tudo na verdade...e não é sua culpa meu amor...
- Sim é minha culpa sim você está...- Antes de concluir sua frase o Marrok ele e Léo foram surpreendidos novamente. Rita estava agora na frente do marido, erguendo os braços ela tocou com cuidado na face do amado e continuava o olhando nos olhos. – Augusto.
Léo percebeu algo que o deixou curioso, após sua tia ter chamado o Marrok pelo nome o lobo se acalmou e ficou a olhando atentamente, como se estivesse sendo hipnotizado pela loba.
- Augusto meu amor não foi a sua culpa, estou triste porque por um lado eu também sou culpada.
- Você culpada? Mas como meu amor? Por favor não diga nada para que eu...
- Se sinta bem?
- Sim.
- Não estou fazendo isso para que se sinta bem e sim porque é a verdade. Eu também me esqueci de algo importante além da aparição do arcanjo.
- E o que seria?
- O meu clã. Mesmo eu sendo uma loba eu não deixei de ser bruxa, e então as regras do meu clã me impedem de deixar a família de lado mesmo após eu me tornar uma loba. Eu esqueci dessas regras e por isso...estou sofrendo agora...estou ganhando o que eu mereço.
- Me dói ver você triste.
- Assim como me dói ver você triste também meu amor.
Léo olhou para as meninas e observou que todas elas olhavam atentamente para a cena.
Rita e Augusto ficaram conversando por mais algum tempo, quando todos perceberam o sol já estava começando a nascer. Surpresos de início todos ficaram no mesmo local e presenciaram um dos maiores e perfeitos fenômenos do mundo o nascer do sol.
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